Política

“Brasil deve desprivatizar Estado”

Redação DM

Publicado em 26 de março de 2017 às 02:14 | Atualizado há 8 anos

  • Grupos econômicos controlariam, hoje, fundos públicos, como na Petrobras, denuncia Vilmar Rocha 
  • Liberal defende terceirizações, concessões, privatizações, desoneração da folha e combate à corrupção 
  • Presidente do PSD diz que País suportaria, sim, a cassação de Michel Temer pelo TSE: instituições são sólidas 
  • Pré-candidato ao governo ou Senado vê mudanças na base aliada e dialogará com todos partidos, sem vetos 

 

– É preciso desprivatizar o Estado!

Liberal, Vilmar Rocha diz que grupos econômicos controlariam o Estado Nacional e que é necessário diminuir o tamanho do mamute Estatal para que sobrem recursos financeiros para serem investidos na sociedade brasileira. A Petrobras, por exemplo, como mostra a Operação Lava Jato, havia sido capturada por empreiteiras e empresas de exploração petrolífera, denuncia. Com a Operação Carne Fraca faltou a fiscalização, a regulação do Estado, aponta.

– As reformas, liberais, são necessárias. Inchado, o Estado é grande e pesado à sociedade. O Brasil possui uma das mais altas cargas tributárias da economia mundial.

O titular da Secretaria de Estado das Cidades e do Meio Ambiente [Secima] defende a terceirização dos serviços. A flexibilização das relações entre capital e trabalho, com a criação de acordos coletivos e a desoneração dos encargos da folha, irá gerar milhões de postos novos de trabalho, acredita. O que poderá permitir ainda a ampliação do nível dos salários, crê. Não podemos, de forma alguma, ter medo das reformas no Brasil, explica, animado, o gestor público.

– O FGTS, criado à época da ditadura civil e militar, revelou-se, ao longo do tempo, uma garantia para os trabalhadores.

O presidente do PSD, em Goiás, propõe, além do processo de terceirização, um pacote de concessões, privatizações e de transferência de gestão de unidades do setor público para o mercado, à sociedade, como as Organizações Sociais [OSs]. Quem produz riqueza é a sociedade, o mercado, explica. Contemporâneo da modernidade, ele afirma que o papel do Estado deve ser o da regulação, da fiscalização para garantir a qualidade dos serviços, frisa.

– Entra aí o papel estratégico das agências reguladoras.

Reforma da Previdência

Pragmático, Vilmar Rocha admite a necessidade de mudanças na Previdência Social, no Brasil. Apesar disso, o secretário de Estado quer que ela seja executada de forma progressiva. O atual Projeto de Emenda Constitucional, no seu formato original, não será aprovado no Congresso Nacional, dispara. A tendência, hoje, é que ele seja modificado, registra. Em 2019, uma nova proposta de Reforma da Previdência Social deverá ser negociada com a sociedade civil, sugere

– Já a Reforma Política é urgente…

Fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais já para o pleito de 2018. É o que quer o social-liberal. Ele recomenda também instituir a denominada Cláusula de Barreira. Para reduzir o elevado número de partidos políticos existentes, hoje, no País. A medida pode diminuir em até 50% as legendas em funcionamento. O aliado de Gilberto Kassab [SP] insiste na aprovação do fim das coligações proporcionais. Fará bem para a democracia, resume.

– Sou contra o voto em lista fechada!

Cassação de Temer

Com a sinalização do TSE de que Michel Temer possa ser cassado, em ação original do PSDB contra Dilma Rousseff, em virtude da indivisibilidade de fraudes nas contas da campanha eleitoral de 2014, Vilmar Rocha é taxativo. Institucionalmente, o Brasil suporta, sim, eventual cassação do presidente da República, Michel Temer, avalia. As instituições e regras constitucionais são sólidas, afirma. Não há riscos de ruptura e de golpe de Estado, analisa.

– Caberá ao Congresso Nacional eleger, em um prazo determinado, portanto pela via-indireta, o novo presidente da República.

O ex-deputado federal, que teria votado duas vezes em Michel Temer na eleição à presidência da Mesa Diretora da Câmara Federal, insiste, no entanto, que a sua cassação seria ruim para a economia e para a estabilidade política e institucional. Michel Temer possui ampla e refinada capacidade de formar, de construir maiorias, pontua. O inquilino do Palácio do Planalto que perde a maioria no Congresso Nacional, na História Republicana, sempre cai, sublinha.

– Exemplos: Jânio da Silva Quadros, Fernando Collor de Mello, Dilma Vana Rousseff…

A projeção do PIB [Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas pelo País] para o ano de 2017, revisada para 0,5%, é medíocre, metralha o auxiliar do governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo [PSDB]. Análise realizada por Vilmar Rocha da economia do Brasil de 1901 a 2016 aponta que apenas em 1930 e 1931 e em 2015 e 2016 o País teve PIB negativo. Conclusão do liberal: um excesso de intervenção do Estado na Economia.

– Além de um nível exacerbado de ‘populismo’! O que levou a um desequilíbrio fiscal… Um País de dimensões continentais, com ampla variedade de riquezas naturais e commodities e a capacidade de trabalho dos brasileiros, possuir um PIB de 3% já é inaceitável, imagine 0,5%?

Populismos múltiplos

Crítico do populismo, Vilmar Rocha conceitua-o como uma patologia, uma doença, da democracia. Trata-se de uma estratégia para chegar ao poder e garantir a sua manutenção, destaca. Com um apelo de curto prazo, define. Há, hoje, uma onda populista na Europa, como na França e espasmos na Holanda, apesar da derrota da extrema-direita, registra. Donald Trump possui uma estratégia que mistura nacionalismo e medo, apelo circunstancial, diz.

– Não é sustentável a médio e longo prazos…

A Torre Eiffel, em Paris, é um centro turístico, observa. A Estátua da Liberdade, nos EUA, é um símbolo, explica. Os Estados Unidos aceitaram pessoas dos cinco continentes para a construção do País, multicultural, adianta. Um ícone universal, destaca. Donald Trump ao querer fechar as portas do seu País é um anacronismo com a história americana, desfia. Um homem desprovido de visão universal e humanista, ataca o ideólogo do liberalismo.

– Inaceitável!

O que alimenta a narrativa do republicano Donald Trump é a retórica contra a imigração, sob o impacto do medo, da insegurança e do desemprego, frisa. O discurso é antiuniversal, antihumanista, metralha. O Brexit expressou isso, fuzila. O pesquisador dos múltiplos populismos, de esquerda e de direita, confidencia que fará uma palestra, em Cascais, Portugal, de 29 a 31 de maio de 2017, ao lado de Baltasar Garzón, Oliver Stone e o juiz Sérgio Moro.

– É a Quinta Edição do Fórum Global ‘Populism and Democracy’.

Agenda de 2018

O PSD participará, em 2018, na esfera nacional, de uma aliança de centro-direita para disputar as eleições à presidência da República, relata. Existe o risco de uma saída populista, o que seria ruim para a política, a estabilidade e a economia, analisa. A estratégia nacional da legenda é eleger 50 deputados federais e 10 senadores da República, frisa. Vilmar Rocha afirma que será candidato a governador do Estado de Goiás ou ao Senado. Não há outra possibilidade, atira.

– O PSD é da base política do atual governo estadual e permanecerá ao seu lado até o dia 31 de dezembro de 2018.

Não estou na base apenas, ajudei a construí-la nos últimos 20 anos, reafirma. Em 2018, porém, novas alianças podem ser celebradas, acredita. Para disputar as eleições majoritárias e proporcionais e governar Goiás a partir de 2019, sublinha. Essa nova aliança política, eleitoral e institucional ainda está em aberto, pontua. Mudanças na atual base aliada poderão ocorrer, crê. O PSD irá dialogar com todos os partidos políticos, sem preconceitos ou vetos, dispara.

– A discussão enriquece o processo político. Decisão, porém, somente em 2018.



 

 

Farei uma palestra, em Cascais, Portugal, de 29 a 31 de maio de 2017, ao lado de Baltasar Garzón, Oliver Stone e Sérgio Moro”

As reformas liberais são necessárias. Inchado, o Estado é grande e pesado à sociedade”

Em 2018, porém, novas alianças devem ser celebradas. Mudanças na atual base aliada poderão ocorrer”


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