Brasil deve investir em políticas públicas para os mais pobres
Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2018 às 01:44 | Atualizado há 4 meses
A Comissão de Educação discutiu os indicadores referentes aos três anos de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE). Especialistas avaliaram que para o Brasil atingir as metas do PNE, deverá voltar as atenções educacionais para a população mais carente, abolir as desigualdades, investir em educação de qualidade e incluiras2,5 milhões de crianças que estão foradas salas de aula. “Os avanços na educação são fundamentais para reduzir o cruel desnível de oportunidades que persiste no País”, disse Lúcia Vânia.
Lúcia Vânia também destacou o cumprimento tardio das metas do PNE, que segundo levantamento realizado pela Fundação Abrinq e pelo movimento Todos pela Educação, apenas em 2042 o Brasil vai conseguir cumprir a meta e oferecer creches para 50% das crianças de zero a três anos. Segundo o plano, essa meta deveria ser atingida em 2024. “Os números referentes à educação sugerem o quanto precisamos avançar no investimento necessário para desenvolver nossas crianças de maneira digna”, avalia Lúcia Vânia.
Segundo Lúcia Vânia, a avaliação do PNE pelo colegiado é importante para que o Senado Federal possa acompanhar a evolução, identificar as falhas e avaliar o que precisa ser melhorado.
Dados do movimento Todos pela Educação apontam que o Brasil deve buscaraequidadeentrericosepobres. Hoje, o total de crianças fora da escola na educação infantil é quatro vezes maior entre os mais pobres. Há tambémumabismononúmerodecrianças com acesso a creches em comparaçãocomasclassessociais: enquanto 53% dos bebês entre 0 a 3 anos das famíliascommelhorcondiçãosocioeconômicaestãoemcreches, apenas21% das famílias mais pobres têm acesso a elas. O percentual de jovens fora das salas de aula no ensino médio é de 50% entre os adolescentes mais pobres. “Não podemos aceitar a escola do pobre e a do rico. Deve haver uma só escola e de qualidade”, Lúcia Vânia.
Não podemos aceitar a escola do pobre e a do rico. Deve haver uma só escola e de qualidade”Senadora Lúcia Vânia
Valorização de profissionais da educação é destaque na Comissão
O Senado realizou a 10ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz. A edição deste ano debateu a formação e a capacitação de profissionais que cuidam de crianças. O evento contou com a participação de especialistas do Brasil e da França. “O investimento em educação configura um elemento indutor de acesso a oportunidades. Ao não priorizarmos a primeira infância, impomos ao País uma dificuldade a mais em seu desenvolvimento”, disse a parlamentar goiana.
Lúcia Vânia também citou dadosdaOrganizaçãoparaaCooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) queatestamumgastoanual do Brasil com creches de US$ 3.800, enquanto o ideal seriam US$ 8.900. Ela considera que o país tem um caminho longo a percorrer.
“Precisamos priorizar a base da educação construída nas creches. E priorizar a educação como fazemos com o combate à inflação. Até os dois anos a criança tem formadas suasligaçõescognitivas, queserãoas bases do aprendizado utilizadas em toda a vida” argumentou a senadora.
“O investimento no professor é um dos caminhos mais seguros para a mudança que queremos na educação. Em cada sala de aula, em cada escola deste país, precisamos de profissionais comprometidos com a constante revisão da eficiência do processo ensino-aprendizagem bem formados e bem remunerados”, disse a presidente da CE, senadora Lúcia Vânia.
O investimento no professor é um dos caminhos mais seguros para a mudança que queremos na educação”
Senadora Lúcia Vânia
Combate ao trabalho infantil
Em 2017, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) foi palco do lançamento de uma iniciativa global contra o trabalho infantil e a exclusão escolar. A campanha “Cem milhões por cem milhões” trouxe ao Senado o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2014, o indiano Kailash Satyarthi. A campanha foi lançada no dia 13 de junho, um dia depois do “Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil”. “Há uma relação triangular entre pobreza, analfabetismo e trabalho infantil”, disse Kailash.
“A presença de Kailash foi muito enriquecedora. Jamais podemos permitir que a exploração da mão de obra de crianças tome lugar do lápis e do papel. Criei o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Peti, e, enquanto parlamentar e cidadã, sempre lutarei por esta causa”, disse a senadora.
Em outra ocasião, a senadora Lúcia Vânia informou que irá propor um lançamento efetivo de combate ao trabalho infantil no Senado Federal. “Considero a sua iniciativa extremamente importante. Ninguém melhor aqui do que a senhora, pelo seu trabalho no Peti, que foi um marco na luta brasileira contra o trabalho infantil, para tomar essa iniciativa”, disse o senador Cristovam Buarque (PPS-DF).
A senadora Lúcia Vânia demonstrou preocupação com o Peti, que hoje está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social, mudança que, segundo a parlamentar, desvirtuou o programa dos seus princípios. “Eu acho que resgatar o trabalho infantil para a educação seria o grande desafio que nós teríamos que propor”, disse a presidente da CE
Há uma relação triangular entre pobreza, analfabetismo e trabalho infantil”,
Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel
Lúcia Vânia impede corte de R$ 102,4 milhões da Educação
Recursos seriam destinados para emissão de passaportes
Apesar do teto dos gastos públicos, a presidente da Comissão, senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), se mobilizou para reforçar o orçamento das áreas de cultura, esporte e educação, especialmente da educação básica e dos institutos federais. Ela conseguiu, inclusive, evitar o remanejamento de R$ 102,4 milhões da Educação para a Polícia Federal. O dinheiro seria usado na emissão de passaportes, que estava suspensa por falta de recursos.
O governo federal havia enviado um projeto de lei para votação à Comissão de Orçamento, cuja a fonte de recursos era da educação. Posteriormente, Lúcia Vânia pediu que presidente da Comissão de Orçamento, senador Dário Berger, solicitasse ao governo a alteração da fonte do projeto de lei. Com as solicitações feitas pela senadora, o governo acatou o pedido da Comissão de Orçamento, evitando o corte no orçamento da educação básica.
O QUE É A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR?
Homologada em dezembro, é um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem ao longo da educação básica, tendo a função de nortear os currículos, indicando conhecimentos e competências. A base servirá para a reforma do ensino médio.
COMO ACOMPANHAR OS TRABALHOS DA COMISSÃO
Pelo site www.senado.leg.br, pela TV Senado e pelas redes sociais da Casa. Além dos veículos de mídia, as audiências públicas realizadas pela Comissão contam com canais interativos para a população. É possível enviar perguntas pelo portal E-Cidadania e pelo Alô Senado 0800 612211
Reuniões 11h às terças-feiras
E-mail: [email protected]
Reforma do Ensino Médio
O Senado Federal aprovou neste ano a chamada Medida Provisória do Novo Ensino Médio com segmentaçãodedisciplinassegundo áreasdo conhecimentoeimplementaçãodoensinointegral. Com a mudança, a carga horária passa das atuais 800 horas anuais para 1.000horasedivideocurrículoentreconteúdocomumeassuntosespecíficos de uma das áreas que o alunodeverá escolher(linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica). Português, Matemática, Inglês, Educação Física, Artes, FilosofiaeSociologiacontinuamsendo disciplinas obrigatórias.
“Não há razão para insistirmos em um currículo único, com 13 disciplinas fixas, exploradas de forma superficial, sem oferecer ao aluno a oportunidade de escolher e aprofundar o itinerário formativo que mais lhe convenha”, disse a senadora durante a discussão da MP no Senado.