CEI da Câmara aponta dificuldades na saúde no Estado e no município
Diário da Manhã
Publicado em 19 de maio de 2018 às 02:15 | Atualizado há 4 meses
A CEI–Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal que investigava denúncias de irregularidades na saúde em Goiânia chegou ao fim. Foram sete meses de trabalho a partir da instalação da comissão em outubro de 2017. No relatório final, aprovado na manhã de ontem, os vereadores apontaram vários problemas que dizem respeito à forma como Estado e prefeitura gerem os serviços de saúde na Capital. A pesquisa Grupom/ Diário da Manhã, publicada nesta semana, mostrou que para 75% dos 861 entrevistados em 41 municípios goianos, a saúde é o principal problema do Estado.
Em relação ao governo do Estado, os vereadores goianienses apontaram problemas nos contratos de gestão entre o Estado e as Organizações Sociais (OS) que administram o Hospital Materno Infantil (HMI) e no Hospital Geral de Goiânia (HGG). Um dos pontos mais criticados é relativo às vagas em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em hospitais geridos por OSs .
Relator da CEI, o vereador Elias Vaz (PSB) aponta que o Estado de Goiás paga 28 leitos de UTIs às O.S.s, mas eles não são oferecidos aos doentes. “Apesar de ter 40 vagas de UTI no Cadastro Nacional, o Estado admite eu 10 leitos foram transformados em cuidados paliativos que custam menos, mas o pagamento não foi revogado”, frisa.
Foi pedido indiciamento por homicídio culposo dos donos de 11 hospitais credenciados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) que comprovam seleção de pacientes para os leitos de UTI, leitos subutilizados e ociosos. O vereador Paulo Daher, que também é médico salienta que os hospitais não foram ouvidos, mas tanto o presidente da CEI, vereador Clécio Alves (MDB), quanto o relator, Elias Vaz responderam que todos foram contatados e alguns não responderam. Outros não conseguiram justificar-se e comprovaram as irregularidades. Os hospitais indiciados são Hospital Santa Bárbara; Jacob Facuri; Santa Rosa; Cidade Jardim; Ortopédico de Goiânia; Goiânia Leste; Santa Genoveva; São Francisco; Infantil de Campinas; da Criança e Instituto Goiano de Pediatria.
INDICIAMENTO
Foi pedido o indiciamento da secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué. A relação da secretária com uma parte dos vereadores vem sofrendo desgaste desde que Mrué denunciou a dita “máfia do chequinho”, e fez mudanças na maneira como eram autorizados exames e cirurgias na rede municipal de saúde. O vereador Paulo Daher (DEM) foi o único a votar contra o indiciamento. Segundo ele, o Estado aplica em Goiânia menos o que está determinado nas constituições Federal e Estadual, e é desta falta de recursos que se originam os principais problemas no atendimento de saúde na Capital.
A gestão de Mrué foi questionada no relatório que aponta superfaturamento na manutenção da frota da Secretaria Municipal de Saúde, considerando lesiva à administração o contrato feito com a empresa responsável pela frota. A veredora Cristina Lopes (PSDB) apontou problemas no atendimento odontológico prestado pela SMS e prejuízos na terceirização dos serviços de raio-X. O relatório também acusa favorecimento à Clínica de Atendimento Médico Especializado (Cliame), também questiona a proposta de compra de software de gestão de saúde sem licitação, cujo serviço ainda não foi pago pela administração. Foi também apontado problemas em relação ao armazenamento de produtos e equipamentos no almoxarifado da SMS.
NOMES RETIRADOS
Foram retirados do relatório final os nomes do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), do prefeito Iris Rezende (MDB) e do secretário de Estado da Saúde, Leonardo Vilela (PSDB). A inclusão de seus nomes no relatório foi motivo de debate entre os membros da comissão, mas prevaleceu o voto de Minerva do presidente Clécio Alves, desempatando em favor do não indiciamento destes.
O pedido de indiciamento de Leonardo Vilela, foi pedido devido as irregularidades apontadas na gestão dos servios de alta complexidade feitos pelas O.S. relativas às UTI dos hospitais Materno Infantil e Alberto Rassi (HGG). “Apesar de ter 40 vagas de UTI no Cadastro Nacional, o Estado admite que 10 leitos foram transformados em cuidados paliativos que custam menos, mas o pagamento não foi revogado”, anotou o relator diz Elias Vaz.
A retirada dos nomes do prefeito IrisRezendeedoex-governadorMarconi Perillo dividiram os membros da comissão. Votaram pela retirada de Iris, Anderson Sales, Carlin Café, Paulo Daher e o presidente Clécio Alves desempatou. Votaram contra: Jorge Kajuru, Dra Cristina e Elias Vaz.
Foi pedido o indiciamento de Fernando Machado, ex-secretário de Saúde de Goiânia, segundo o relatório por omissão na fiscalização da ocupação dos leitos, do ex-vereador Luiz Teófilo, por suposto favorecimento na contratação da empresa Neo Soluções e Márcia Ribeiro de Souza, gerente de de internação da Secretaria Municipal de Saúde, por não ter feito denúncia formal aos superiores sobre a relação de pacientes para leitos de UTI.
A CEI da Saúde é presidente Clécio Alves (MDB), vice-presidente, Paulo Daher (DEM); relator, Elias Vaz (PSB), Jorge Kajuru (PRP); Dra Cristina (PSDB); Carlin Café (PPS) e Anderson Sales (Bokão) (PSDC). De acordo com Clécio Alves, o relatório final será encaminhado para Ministério Público de Goiás (MP-GO), Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) e a Polícia Civil, e os tribunais de contas do Município, Estado e União. Ele informa ainda que na sessão plenária da próxima terça-feira (22/5), um requerimento será apresentado no plenário da Câmara Municipal para que a comissão fique ativa até 31 de dezembro para acompanhar a saúde municipal.