Daniel e Caiado disputam o PMDB
Diário da Manhã
Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 01:29 | Atualizado há 4 meses
As relações do senador Ronaldo Caiado (DEM) com o PMDB não estão nos melhores dias. Na tribuna do Senado, Caiado, diz sim, dia não, ataca o governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP). Em dezembro o senador goiano sugeriu que Temer renunciasse, de maneira a permitir que o Brasil tivesse eleições diretas ainda em 2016. Neste ano, voltou a carga criticando a indicação de Temer para que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes seja empossado no Supremo Tribunal Federal na vaga do finado ministro Teori Zavascki.
Após anunciar a desistência de seu projeto de ser candidato a presidência a República e revelar o seu sonho de ser governador de Goiás, o senador Ronaldo Caiado passou a enfrentar críticas do PMDB do Estado. Nesta semana o deputado federal Daniel Vilela reagiu as pretensões do senador, salientando que historicamente o PMDB sempre tem candidato próprio ao governo do Estado, e em 2018 não será diferente.
Daniel e Caiado estão em polos opostos quando o assunto é o PMDB. O deputado disputou a presidência do diretório estadual do partido contra o candidato lançado pelo prefeito Iris Rezende. Caiado foi eleito senador com o apoio de Iris, que foi decisivo para que pudesse vencer a disputa contra o deputado federal Vilmar Rocha (PSD).
Em 2018 Iris será novamente o fiel da balança no PMDB. Seu apoio a um candidato fortalecerá sua posição perante o partido e o seu eleitorado. Mas o próprio Iris também é fiel à tradição peemedebista de lançar o candidato a governador em todas as eleições.
Quem também reivindica a prerrogativa do candidato ao governo ser dos quadros do PMDB é o ex-governador Maguito Vilela. Em declarações à imprensa Maguito sustenta que se o senador Ronaldo Caiado quiser ter a chance de receber o apoio do partido teria que se filiar ao PMDB. “Mas, sem garantia nenhuma, porque temos vários bons nomes para a disputa”, aponta.
O senador Ronaldo Caiado, entretanto, não parece disposto a deixar o DEM. Em resposta a esta pergunta, foi enfático: “De maneira alguma. Tenho muito orgulho do DEM e isso jamais passou pela minha cabeça. Não tem sentido eu sair”, assevera.
Disputas
No PMDB as escolhas para a chapa majoritária são sempre acompanhadas de grandes debates. Em 1982, Iris Rezende disputou com o senador Henrique Santillo a primazia de ser o candidato. Venceu após um embate que durou um ano, e num acordo de cavalheiros, Iris foi candidato em 1982 e Santillo em 1986.
Em 1990, Iris disputou a convenção contra o candidato do govenador Santillo, o médico Antônio Faleiros. Em 1994, Iris lançou o vice-governador Maguito Vilela como seu sucessor, mas a convenção teve disputa apertada com o deputado Naphtali Alves. Em 1998, Maguito Vilela era o candidato natural, mas recuou e Iris foi candidato, sem sucesso. Em 2002 Maguito era outra vez o candidato natural, mas teve que bater chapa com o prefeito de Catalão Adib Elias.
Nas eleições de 2006 Maguito foi novamente candidato, mas perdeu a queda de braço na convenção que vetou o acordo com o PT para que o partido indicasse o candidato a vice. Este fato reverteu-se contra o candidato, que seria derrotado naquele pleito. Em 2010, tudo sinalizava para a candidatura do financista Henrique Meirelles, mas ao final Iris foi o candidato. Em 2014 o empresário Júnior Friboi ensaiou candidatura, mas ao final o partido lançou outra vez a candidatura de Iris Rezende.
Daniel Vilela tem o controle do diretório estadual, e, em tese, o controle dos votos dos convencionais. Estaria assim garantida a sua candidatura ao governo do Estado? Se tem uma coisa que a história do PMDB mostra é que nada está definido enquanto a ata da convenção não for registrada na Justiça Eleitoral.