Delegado Waldir: “Caiado vai encontrar uma bomba-relógio”
Diário da Manhã
Publicado em 16 de outubro de 2018 às 23:56 | Atualizado há 7 anos
Eleito pela segunda vez consecutiva o deputado federal mais votado de Goiás, o delegado Waldir Soares (PSL) vê com preocupação a transição estadual. “Penso que o governador Ronaldo Caiado vai encontrar uma bomba-relógio. A questão das OS, a questão dos carros locados na segurança pública, a folha de pagamento que está atrasando. Creio que alguém da área econômica vai trazer um retrato de uma tsunami. Ontem (durante reunião do governador eleito com os deputados de sua base) no olhar eu vi o semblante do senador Ronaldo Caiado extremamente preocupado”, relata.
O delegado Waldir Soares foi o entrevistado de ontem do programa Manhã Sagres, da Rádio Sagres 730 AM. Na conversa com os jornalistas Rubens Salomão e Cileide Alves, o parlamentar sustenta que muitos recursos foram gastos na tentativa de manter no poder o grupo que há 20 anos governava Goiás. “O Goiás na Frente consumiu o dinheiro da venda da Celg. Penso que o senador Ronaldo Caiado terá que avançar na privatização das empresas que ainda tem, pois o Estado não pode ser cabide de emprego. Os deputados estaduais, Ministério Público, o Judiciário e os servidores terão que fazer grandes sacrifícios para manter a folha de pagamento em dia”, acredita.
TRANSPARÊNCIA
Segundo o deputado, a equipe de transição do governador eleito já conta com cerca de 60 auxiliares que devem entregar em breve um retrato fiel da situação financeira do Estado. Ele revela que durante almoço com os 18 deputados estaduais e oito federais eleitos na sua base política, Ronaldo Caiado falou da necessidade de união de todos para superar a grave crise que está sendo deixada pelo governo que finda o seu mandato no dia 31 de dezembro. “São 20 anos de um mesmo governo e é o momento de lavar a roupa suja, mostrar o que tem e o que não tem. O senador (Ronaldo Caiado) não pode assumir o desgaste de 20 anos de administração e temos que mostrar o retrato da administração na saúde, na segurança, no sistema prisional, na educação, nas centenas de obras inacabadas. Este é um balanço que o cidadão faz questão de saber”, aposta.
LAVA JATO
Para Waldir Soares, Goiás vai ter, a partir de janeiro, grandes revelações. “Há muito tempo tenho falado na Câmara Federal que a Lava Jato iria chegar em Goiás, e a partir de janeiro vocês terão grandes surpresas em Goiás: muita podridão, muita lama. A situação de Goiás não é nada diferente da lama encontrada no Rio de Janeiro. A mesma lama encontrada no Rio de Janeiro não é muito diferente da lama que será encontrada aqui em Goiás”, profetiza.
GOVERNABILIDADE
Na opinião de Waldir Soares, o governador Ronaldo Caiado terá êxito na relação com a Assembleia Legislativa. Ele acredita que o próximo presidente do Legislativo será alguém da base política do governador eleito. “O vice-governador eleito Lincoln Tejota está fazendo esta articulação para fazer a maioria e acredito que (o governo) não terá dificuldade.
Waldir Soares alerta no entanto que os tempos são outros. Avalia que o eleitor não vai mais tolerar o toma-la-dá-cá que prevaleceu até o governo do presidente Michel Temer, e que as bases de sustentação nos governos estadual e federal devem estar atentas ao recado que foi dado pelo eleitor nas urnas. “O presidente, os governadores, os deputados e senadores têm que se ater aos tempos pós-Lava Jato, e cada um vai fazer as suas escolhas. O cofre da União não vai estar escancarado para consertar a bandidagem feita nos Estados nos últimos anos. Bolsonaro vai ser muito rígido nesta questão fiscal, prevê.
SEGURANÇA PÚBLICA
O próximo secretário de Segurança Pública deve ser um técnico. Esta é a opinião do delegado Waldir. “Se fosse consultado diria para o governador: escolha um técnico, não escolha um político. Nos últimos 20 anos a segurança virou um caos, seriam necessários 30 mil policiais e nós temos hoje 10 mil policiais. Diria coloque um técnico e que não se permita interferência política (na secretaria)”, sugere.