Edital de concurso da Alego divulgado sob tortura repercute nas redes sociais
Léo Carvalho
Publicado em 1 de setembro de 2025 às 17:17 | Atualizado há 3 minutos
No último domingo (31), o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), publicou em sua rede social um vídeo simulando tortura para anunciar a banca do concurso público da Casa de Leis. Embora o objetivo declarado fosse apenas promover o certame de maneira criativa, o episódio evidencia a necessidade urgente de responsabilidade na comunicação institucional, especialmente em temas sensíveis.
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Nas redes sociais, internautas se manifestaram duramente, dividindo-se entre críticas e apoio à divulgação do vídeo. Um usuário questionou: “Não tem assessoria para alertar o que é brincadeira ou o que é sério????”. Outro comentou: “Cassação por incitação à tortura. Inadmissível isso ser o presidente da Alego.”
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Por outro lado, houve quem elogiasse a iniciativa. “Deputado está muito criativo para dar informação!!! Continue assim.” Outro internauta acrescentou: “[Aplausos] Deputado [Bruno Peixoto] pela abertura do concurso público. Esse concurso será o melhor e ficará na história da Alego.”
No entanto, a escolha de um tema como a tortura, mesmo em tom humorístico, pode ser vista como uma banalização de um sofrimento real que marcou profundamente a história brasileira, desconsiderando vítimas e familiares de casos de violência extrema. Além disso, o vídeo gerou ampla repercussão midiática negativa, evidenciando que abordagens sensacionalistas em comunicação institucional podem comprometer seriamente a imagem e a credibilidade da organização.
Referências
Segundo Gaudêncio Torquato, um dos pioneiros da comunicação empresarial no Brasil e autor do livro Comunicação Empresarial/Comunicação Institucional: Conceitos, Estratégias, Sistemas, Estrutura, Planejamento e Técnicas (2004), a comunicação institucional deve ser planejada com base em valores éticos, visando a construção de uma imagem positiva e respeitosa da organização. Torquato alerta que ações de comunicação sem planejamento e sensibilidade podem comprometer seriamente a credibilidade e a reputação de uma instituição.
De forma complementar, James E. Grunig, referência em comunicação organizacional, desenvolveu a teoria da comunicação bidirecional simétrica, na qual defende que instituições devem se comunicar de maneira ética, transparente e respeitosa, sempre considerando o impacto de suas mensagens sobre o público. Para Grunig, a comunicação institucional não pode ser unilateral ou puramente persuasiva, mas deve buscar diálogo e responsabilidade social.
O caso do vídeo do presidente da Alego ilustra justamente os riscos de ignorar esses princípios na tentativa de criar um conteúdo impactante para divulgar o concurso, resultando em repercussão negativa, comprometendo a imagem da instituição e evidenciando a importância de planejamento, ética e sensibilidade na comunicação pública.
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