Em depoimento no STF, Bolsonaro nega trama golpista, afirma que “agiu dentro das quatro linhas” e que “entubou as eleições”

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10/06), o ex-presidente Jair Bolsonaro buscou dissociar seu nome da articulação golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República. Com um exemplar da Carta Magna, afirmou ter respeitado a Constituição “o tempo todo” e negou qualquer ação contra a democracia.

“Agi dentro das quatro linhas”, declarou. “Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito”, pontuou. Em outro trecho, admitiu o desconforto com o resultado eleitoral: “Tivemos que entubar as eleições”.

Ao abordar a ausência na cerimônia de posse de Lula, Bolsonaro não escondeu o impacto pessoal da derrota. “Não iria me submeter à maior humilhação do Brasil”, declarou. A fala revelou o tom emocional que marcou o depoimento.

Durante sua fala, Bolsonaro alegou que a desconfiança sobre as urnas eletrônicas não partia apenas dele. Citou falas de figuras da esquerda, como Flávio Dino e Carlos Lupi, para sustentar que críticas ao sistema de votação já haviam sido feitas anteriormente. Ele reafirmou que questiona o modelo desde 2012.

Para a Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro é o líder de uma articulação que visava impedir a posse do presidente eleito. O órgão aponta encontros com militares, elaboração de minutas golpistas e tentativa de deslegitimar as urnas eletrônicas como parte do plano para anular as eleições de 2022.

Pela primeira vez, Bolsonaro enfrentou perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal no STF. O magistrado, alvo frequente dos ataques do ex-presidente, agora é responsável pelo processo que pode levá-lo à condenação. A audiência integra a série de depoimentos com réus ligados ao núcleo central da trama golpista.

Foto: Reprodução/TV Justiça