Fake news e Temer encolheram PSDB, MDB, PTB e PP em 2018
Redação DM
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 03:32 | Atualizado há 7 anos
O ataque de notícias falsas e a reprovação ao governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) estão entre as explicações para o encolhimento das bancadas do PSDB, MDB, PP e PTB no Congresso Nacional. Em entrevista a Folha de S. Paulo, o cientista político Claudio Couto explicou que a ascensão fulminante dos partidos que apoiam Bolsonaro (PSL e PRTB) se deu com a divulgação em massa de notícias falsas, as chamadas “fake news”, que atingiram os principais adversários do ex-capitão e os seus respectivos partidos. Foram veiculadas no wathssap, por exemplo, imagens de mamadeiras com formatos eróticos dizendo que este “kit” era distribuído pelo PT nas creches, fotos adulteradas também mostravam a candidata a vice-presidente, Manuela D´Avila (PCdoB) supostamente usando uma camiseta com os dizeres: “Jesus é travesti”.
ASSESSOR DE TRUMP
Claudio Couto compara a campanha do candidato do PSL à do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Essa nova direita é uma nova direita que se alimenta muito disso. Não é à toa que o Stevie Bannon, que foi o assessor do Trump na campanha presidencial dos Estados Unidos na divulgação de fake news e de criação de pânico moral na sociedade, está agora assessorando a campanha de Jair Bolsonaro”, frisa.
De acordo com o jornalista do UOL, Maurício Stycer, levantamento feito pela Agência Lupa revela que das dez notícias falsas mais compartilhadas nas redes sociais (facebook, watsspa, instagram), nove beneficiaram a candidatura de Bolsonaro. O colunista político do UOL, Josias de Sousa, observa que até agora Bolsonaro se comunicou com os eleitores através dos “memes” (imagens, fotomontagens disparados no watssap), mas a partir do segundo turno, terá que utilizar o tempo de televisão de cinco minutos para falar o que pensa ao eleitor. Para Claudio Couto, o tempo igual de televisão pode tornar a campanha mais transparente, pois cada candidato terá que fazer o seu compromisso com o eleitor.
GOIÁS
Em Goiás, além das questões nacionais, que afetaram também o voto do eleitor goiano, pesou também o cansaço do eleitorado com um modelo que perdu
rou durante 20 anos: a polarização entre PSDB e MDB. O resultado é que o PSDB, que chegou a ter 21 deputados estaduais e seis federais, ficou reduzido a apenas seis na Assembleia Legislativa e somente um na Câmara Federal. O mesmo aconteceu com o PMDB, que de cinco deputados estaduais elegeu três e nenhum federal.
A Assembleia Legislativa foi renovada em mais de 50%; dos 41 deputados, 20 foram reeleitos, e na Câmara Federal foi de quase 60%, sendo que dos 17 deputados apenas oito se reelegeram.
Se em 2014 eram 15 partidos representados no Legislativo Estadual, agora são 21 e no Congresso Nacional de o numero pulou de 10 para 14. Não há mais bancadas hegemônicas. A oposição (em tese) tem 15 deputados divididos em cinco legendas: PSDB (6), MDB (3), PTB (1), PT (2), PSD (2), PPS (1). A tendência, no entanto, e este número ser reduzido a no máximo dez deputados.
ENCOLHIMENTO
O apoio ao governo do presidente Michel Temer (MDB-SP), considerado o mais impopular da história do Brasil, e a ampla campanha de desconstrução feita nas redes sociais pela campanha do ex-capitão Jair Bolsonaro (PSL) provocaram o encolhimento dos principais partidos da base governista federal. A bancada tucana que em 2014 elegeu 54 deputados, perdeu quase metade (25) e foi reduzida a 29. O PMDB(MDB) que elegeu 65 deputados em 2014, perdeu 31 caindo a 34 deputados, o PTB, despencou de 25 para 10 deputados e o PP de 38 para 37.
São Paulo foi o Estado com maior número de renovação: 21 deputados não foram reeleitos; o Rio de Janeiro vem a seguir, com 20; em Minas Gerais foram 14 não reeleitos, no Ceará, 11, Goiás e Paraná, 10 cada. Os partidos que menos reelegeram seus deputados foram o PSDB, o MDB e o PP, respectivamente com 22, 20 e 16 candidatos não reeleitos. O PT teve um bom desempenho, com uma taxa de sucesso de 78,4%. Dos 40 deputados petistas que tentaram se reeleger, apenas 11 não conseguiram.
NOVO PARLAMENTO
O novo Parlamento deixa de fora lideranças políticas tradicionais como os senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), deputados como Roberto Freire (PPS-SP), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e dá lugar ao ator pornô Alexandre Frota (PSL-SP), ao líder do MBL, Kim Kataguiri (DEM-SP) e o príncipe Dom Luiz Philippe Orleans e Bragança (PSL-SP). A chamada “bancada da bala” e a bancada evangélica, majoritariamente alinhadas à campanha de Bolsonaro, ampliaram a presença no Congresso Nacional em substituição a políticos tradicionais.
Essa nova direita é uma nova direita que se alimenta muito disso. Não é à toa que o Stevie Bannon, que foi o assessor do Trump na campanha presidencial dos Estados Unidos na divulgação de fake news e de criação de pânico moral na sociedade, está agora assessorando a campanha de Jair Bolsonaro”Claudio Couto
De acordo com o jornalista do UOL, Maurício Stycer, levantamento feito pela Agência Lupa revela que das dez notícias falsas mais compartilhadas nas redes sociais (facebook, watsspa, instagram), nove beneficiaram a candidatura de Bolsonaro