Força-tarefa investiga formalmente se Lula ganhou vantagens indevidas
Júlio Nasser
Publicado em 1 de março de 2016 às 01:08 | Atualizado há 9 anos
A força-tarefa da Lava jato informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga formalmente se o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva recebeu vantagens indevidas durante o exercício de seu segundo mandato.
A Procuradoria Geral da República suspeita que Lula teria recebido vantagens por empreiteiras envolvidas na Lava jato.
Os representantes do Ministério Público Federal investigam várias suspeitas, dentre elas a de que o sítio de Itatibaia e o triplex do Guarujá (condomínio Solaris) seriam presentes para usufruto de Lula e família.
Esta é a primeira vez que formalmente a PGR cita Lula como suspeito do crime de lavagem de dinheiro.
São alvos da força-tarefa – além de Lula, esposa e integrantes de sua família -, o empresário José Carlos Bumlai e executivos da Odebrecht e da OAS.
As informações referentes à suposta aproximação de Lula com o grupo criminoso foram enviadas para a ministra Rosa Weber, do STF.
Ela é a relatora do pedido realizado por Lula para tentar impedir as investigações da força-tarefa e do Ministério Público Estadual de São Paulo.
Lula pediu formalmente que não seja investigado, apesar do Instituto Lula afirmar que ele seja inocente.
Ao STF, os advogados questionam o fato de Lula ser investigado em dois processos, o que seria, na visão dos defensores, incorreto.
Os procuradores que assinam o documento enviado para Rosa Weber seguem orientações de Rodrigo Janot edo procurador da República Deltan Dallagnol,coordenador da força-tarefa.
Outros dez integrantes do grupo investigam as relações de Lula com os empreiteiros.
Os procuradores querem que ocorram duas investigações (a do MP-SP e a realizada pelos procuradores federais), pois as operações seguem linhas diferentes e devem correr normalmente sem interferências de Lula.
O documento fala explicitamente em vantagens indevidas recebidas por Lula: “O procedimento de investigação criminal possui específica finalidade de apurar as supostas vantagens indevidas recebidas pelo suscitante (Lula) de construtoras investigadas na Operação Lava Jato materializadas dentre outros imóveis em Atibaia e em Guarujá”.
“O PIC conduzido pelo MPF as provas em cognição sumária são no sentido de que, os fatos sob apuração, além de reproduzirem tipologia criminosa de lavagem de capitais já denunciada no âmbito da operação lava jato envolvem José Carlos Bumbai, executivos da construtora Odebrecht e executivos da construtora OAS todos investigados e muitos dos quais já denunciados no esquema de corrupção que assolou a Petrobras”, completou o texto.
Os procuradores sustentam que é preciso considerar “ainda que parte das vantagens que constituem o objeto da investigação foram supostamente auferidas pelo suscitante durante mandato presidencial, o que justifica, por si só, a competência federal”.
REAÇÃO
No mesmo dia em que os procuradores responderam às dúvidas da ministra do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com habeas corpus preventivo nesta segunda-feira (29) no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
Motivo: evitar que o ex-presidente seja conduzido coercitivamente ao Ministério Público.