Gestão pública brasileira em debate nos EUA
Diário da Manhã
Publicado em 29 de novembro de 2017 às 02:41 | Atualizado há 4 meses
Máquina pública inchada, ineficiência e descumprimento de prazos, isolamento burocrático, distância da população e dificuldade de se obter informações públicas. Esses são alguns problemas há muito tempo conhecidos e criticados pela população. Para o professor de Administração Pública Sérgio de Castro, porém, o pior é a falta de reconhecimento da população como cliente.
“O serviço público atualmente é excelente na teoria, com as divisões de tarefas, funções e ligações com os poderes oligárquicos. Porém o servidor público em sua grande maioria esquece o significado da palavra, afinal ele existe em função de servir o público. Infelizmente, na maior parte das vezes eles se servem do público”, pontua o professor.
Castro critica o grande número de comissionados no País e no Estado de Goiás, lembrando que a maneira correta e isonômica de se entrar no serviço público é via concurso. Ele critica que muitos servidores comissionados não atendem critérios básicos de competência, conhecimento das funções a serem exercidas e acima de tudo disponibilidade para servir a população.
Também sobre cargos comissionados, o engenheiro mestre em Políticas Públicas José Lyra Netto conta que, historicamente, esses cargos foram preenchidos por indicação política. Mas atualmente, ele explica, alguns países e até Estados brasileiros querem tornar essa escolha mais profissional, principalmente porque muitos desses comissionados estão em funções-chave de alto escalão. Ele cita como bons exemplos o Chile, o Peru, a Austrália e a Bélgica.
Experiências internacionais de administração pública foram debatidas em um evento na semana passada, o Encontro de Altas Autoridades – Brazil Rising, com o tema “Uma nova Gestão Pública para um Novo Brasil”. Estiveram presentes 30 autoridades brasileiras, dentre elas o deputado federal Thiago Peixoto (PSD-GO). O tema do congresso deixa implícita uma realidade: a eficácia ou não da administração pública dita o desenvolvimento do País.
“O Brasil tem muitos servidores públicos nas três esferas (federal, estadual e municipal), alguns locais com eficiência e outros não. O Brasil vem profissionalizando sua gestão pública ao longo do tempo, mas isso não é feito de maneira muito uniforme”, avalia José Netto, que foi cofundador do Vetor Brasil. Ele acredita que o fator de mudança para a gestão pública são pessoas talentosas e bem preparadas para trabalhar nesse setor.
O Vetor Brasil é uma organização sem fins lucrativos e suprapartidária que atua em parceria com governos estaduais e municipais. Ele mapeia vagas e seleciona profissionais para ocuparem cargos comissionados ou de contratos temporários. Depois de contratados, o Vetor continua avaliando e desenvolvendo esses gestores públicos. No Estado de Goiás, o Vetor Brasil direcionou profissionais para a Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (Segplan) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED) em 2015 e 2016, afirmou a diretora executiva Joice Toyota.