Goiás forte com Temer
Redação DM
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 02:29 | Atualizado há 4 meses- Economista de Anápolis, Henrique Meirelles ocupa o Ministério da Fazenda,depois de ter sido presidente do Banco Central e do BankBoston
O economista Henrique Meirelles, goiano de Anápolis, ocupa a principal pasta da Esplanada dos Ministérios, em Brasília: a da Fazenda. A missão dada a ele pelo presidente Michel Temer: ajudar a colocar a atividade das finanças nos eixos e recuperar a confiança de agentes econômicos, o que permitirá ao País voltar a crescer.
Essencialmente conservador quando o assunto é economia, Meirelles assumiu a pasta da Fazenda com amplo apoio do mercado e do universo político e empresarial, com perspectivas positivas dos setores internacionais.
O primeiro partido ao qual Meirelles se filiou foi o PSDB, legenda pela qual elegeu-se deputado federal por Goiás em 2002. Mas foi seduzido pelo desafio de assumir o Banco Central em 2003, num momento em que os mercados financeiros reagiam muito mal ao fato de o petista Luiz Inácio Lula da Silva ter vencido a eleição presidencial.
Meirelles abriu mão de assumir sua cadeira na Câmara e, claro, deixou de ser tucano.
Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob seu comando, em janeiro de 2003, elevou a taxa básica de juro Selic em 0,5 ponto percentual, para 25,50% e, nas seguintes, a levou a 26,50% – teto da taxa básica de juros em seu mandato que durou oito anos e o tornou o presidente do BC mais longevo da história brasileira.
A ortodoxia na condução da política monetária sempre rendeu duras críticas de muitos petistas. Não era raro ir a audiências públicas no Congresso e ser bombardeado por parlamentares da base governista e elogiado pela oposição.
Nos primeiros anos à frente do BC, contou com a blindagem política do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Após a saída de Palocci no início de 2006, e tendo como pano de fundo a inflação mais controlada e a economia em expansão, Meirelles conseguiu se aproximar mais de Lula.
Mas recebeu de presente a oposição de Guido Mantega, escolhido para substituir Palocci na Fazenda, e com quem trocou críticas pelos anos seguintes.
Neto e sobrinho de políticos goianos, Meirelles nasceu em Anápolis (GO) em 31 de agosto de 1945, formou-se em engenharia e estudou administração na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Passou muitos anos no mundo corporativo, entrando na década de 1970 no BankBoston, onde construiu uma carreira bem-sucedida nos EUA, chegando a presidente mundial do banco. Mas só no início dos anos 2000 decidiu entrar de fato na vida política brasileira, filiando-se ao PSDB.
Para não dizer que sua imagem nunca foi arranhada diante de investidores, no fim do segundo mandato do presidente Lula, Meirelles filiou-se ao PMDB, não antes de namorar bastante com o PP. Diziam, nos bastidores, que sua meta pessoal era mudar seu endereço de trabalho para o Palácio do Planalto, como vice-presidente da então candidata Dilma Rousseff. Nesse período, travou uma disputa surda no partido com Temer, que acabou escolhido para compor a chapa nas duas eleições de Dilma.
Meirelles chegou a sonhar com uma candidatura ao governo de Goiás, em 2010, filiou-se ao PMDB, mas foi atropelado por Iris Rezende, que acabou sendo o candidato.
Chateado, Meirelles transferiu novamente o domicílio eleitoral para a cidade de São Paulo, filiou-se ao PSD de Gilberto Kassab e agora tem seu nome novamente lembrado para a presidência da República.
Com o acirramento da crise econômica nos últimos dois anos do governo Dilma, sobretudo no campo fiscal, Meirelles negociou também com Lula para voltar ao governo do PT. No fim do ano passado, chegou a fechar com o ex-presidente e até com Dilma sua ida para o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy.
Mas os planos não saíram do papel. De um lado, Dilma nunca gostou de Meirelles, e de outro, o ex-presidente do BC perdeu o ânimo de participar de um governo cada vez mais atingido pelas investigações da Operação Lava Jato. Nelson Barbosa acabou assumindo a Fazenda e Meirelles passou a negociar também com Temer.
Meirelles ajudou o Brasil na década passada a dar saltos importantes, como chegar ao grau de investimento concedido por agências de classificação de risco e passar pela crise financeira de 2008/09 sem grandes arranhões, quando pela primeira vez adotou uma política anticíclica via juros para estimular a economia.
Antes de assumir a Fazenda, a convite de Michel Temer, Meirelles presidia o Conselho de Administração da J&F Investimentos, holding que controla a empresa de alimentos JBS, e participava do Conselho da Azul Linhas Aéreas.
Sandro Mabel
O empresário Sandro Mabel ocupa gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto, exercendo o cargo de assessor especial do presidente Michel Temer. Ele não recebe salário, já que não foi oficialmente nomeado para o cargo, mas tem direito a diárias, passagens aéreas, crachá e cartão corporativo.
Cultivou amizade com Temer durante os quatro mandatos que exerceu como deputado federal, já que o atual chefe da nação foi presidente da Câmara por duas vezes. Atuou como assessor, também, quando Temer presidia o PMDB nacional.
Como assessor especial do Palácio do Planalto, Mabel atua nas conversações com as entidades patronais e dirigentes de segmentos sociais e recebe parlamentares oferecendo contribuição na viabilização dos projetos que tramitam no Congresso Nacional.
Durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), Mabel atuava, no Palácio do Jaburu – residência oficial do vice-presidente –, no trabalho de conquistas de votos pelo afastamento da presidente. Há anos é um dos mais próximos colaboradores de Michel Temer, relação que se estreitou quando ocupava a liderança do PR na Câmara Federal.
Sandro Antonio Scodro, mais conhecido como Sandro Mabel tem 56 anos. É natural de Ribeirão Preto (SP), mas goiano por adoção. Encerrou sua atividade parlamentar em 2014, quando não concorreu à reeleição. Ele começou a carreira política em 1990, quando foi eleito deputado estadual pelo PMDB. Na sua primeira eleição para deputado federal, em 1994, ele ainda integrava o mesmo partido. Já em 2002, foi eleito pelo PFL (atual DEM) e, quatro anos depois, retornou à Câmara pelo PL, que depois fundiu-se ao Prona para criar o PR. Depois, retornou ao PMDB.
Ele dirigiu o Grupo Mabel – empresas na área de produção de alimentos –, já vendido pela família. Ele toca novos negócios, ao lado dos filhos. Na Câmara Federal, foi relator da reforma tributária (que não progrediu), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Direitos do Contribuinte e integrante da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa.