Política

Intenções de votos brancos e nulos chegam a 32% em pesquisa

Redação DM

Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 02:55 | Atualizado há 8 meses

Na última pesquisa de intenções de voto da Datafolha, realizada en­tre 29 e 30 de janeiro deste ano, os votos nulos e brancos já aparecem com expressividade. Em uma abor­dagem espontânea (sem apresentar os possíveis candidatos ao entrevis­tado), eles já somam 19%, número acima das intenções de voto para Lula (17%) e abaixo apenas da cate­goria de quem respondeu não saber em quem votar. Já em uma questão estimulada (com os nomes dos can­didatos), os votos brancos e nulos são ainda maiores, chegando até a 32% em um cenário sem o petista.

No entanto, o professor de Di­reito Eleitoral na USP, Daniel Fal­cão, acredita que essa taxa deve diminuir proporcionalmente à aproximação da data das eleições. “Muita gente nem sabe quem é candidato, não está nem pensando nas eleições”. Além disso, ele pre­vê que muitos eleitores que dizem hoje que se não votarem no Lula, não votarão em ninguém, poste­riormente vão confiar o voto em um nome de esquerda substituto ao petista, principalmente se ele for impedido de concorrer.

O professor lembra que tanto o voto branco quanto o nulo não são contabilizados, e portanto não fa­zem diferença no resultado do plei­to. Antigamente, as pessoas que votavam em branco estavam con­cordando com qualquer resultado que viesse, e seu votos eram conta­dos e somados ao candidato mais votado. Porém, desde 1998, quan­do a Lei das Eleições foi editada, os votos brancos não são válidos. Isso porque o art. 14 da Constituição pre­vê a obrigatoriedade de todo cida­dão maior de 18 anos votar, mas não necessariamente votar em alguém.

A suposição de que seria anula­da a eleição caso o número de vo­tos nulos e brancos ultrapassassem a metade dos votos, foi chamada de lenda urbana por Daniel Falcão. Na verdade, ele explica, esse mito é fru­to de uma má interpretação do art. 224 do Código Eleitoral, o qual trata sobre a posterior nulidade dos vo­tos dados a um candidato conside­rado inelegível. Se a soma desses vo­tos for maior que a metade dos votos válidos, então devem ser convoca­das novas eleições entre 20 a 40 dias.

Apesar de não serem contados, o professor da USP acredita que o voto branco e nulo também têm a sua im­portância. “São uma espécie de reca­do aos políticos”, ele afirma. Mas ele acrescenta que o grande número de votos inválidos podem significar não só descontentamento, como tam­bém desconhecimento acerca dos candidatos, ou até mesmo do modo de usar a urna eletrônica.

A respeito do descrédito popu­lar à política que tem endossado a prática de votos brancos e nulos, o cientista política Lehninger Mota chama atenção para a necessidade de participar da política, não só por meio do voto mas também acom­panhando as atividades políticas do candidato eleito. “Não há proble­ma algum em não gostar de políti­ca, mas você vai ser governado por quem gosta”, ironiza o cientista, pa­rafraseando uma frase de Platão.

“Tem gente que nunca pesqui­sou o que o candidato defende, a sua trajetória política, suas ideias. Às vezes é uma pessoa com quem você não concorda completamen­te, mas está de acordo com algu­mas de suas posições e ideologias, como sobre o bolsa família ou a Re­forma da Previdência, por exem­plo”, explica Lehninger. “Mas o im­portante é participar”, ele conclui.


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