Política

Laurita Vaz: “Minha luta será para que o cidadão tenha acesso à Justiça”

Redação DM

Publicado em 1 de setembro de 2016 às 02:18 | Atualizado há 9 anos

Às vésperas de assumir a presidência do Tribunal Superior de Justiça (STJ), segunda maior instância do Judiciário nacional, a ministra Laurita Vaz, 67 anos, afirmou, em entrevista ao site do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que vai priorizar a atividade-fim e contribuir para que o jurisdicionado tenha uma reposta mais rápida da Justiça. Além disso, Laurita Vaz disse não temer trabalho e que está preparada para assumir o cargo e fazer uma boa administração. Ela será a primeira mulher a ocupar a presidência do STJ.

Casada e mãe de três filhos, ela mencionou as barreiras enfrentadas pelas mulheres brasileiras para ascender em suas carreiras. No entanto, disse que espera ansiosa pelo tempo em que será rotina e não mais uma surpresa ter uma mulher comandando um órgão como o STJ.

Goiana de Anicuns, Laurita Vaz é especializada em Direito Penal. No STJ, tomou posse em 2001, nomeada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Oriunda do Ministério Público, onde começou a carreira em 1978 como promotora em Goiás, atuou também como procuradora e subprocuradora da República.

A ministra se formou em direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (UCG), em 1976. Foi professora de Direito Processual Penal em faculdades privadas de Brasília. Ela assume o STJ hoje, em solenidade que será prestigiada pelo presidente do TJGO, desembargador Leobino Valente Chaves.

A ministra Laurita Vaz e o ministro Humberto Martins tomarão posse, hoje, nos cargos de presidente e vice-presidente, respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça. Laurita comandará o tribunal nos próximos dois anos. Ela sucederá o ministro Francisco Falcão, que esteve na presidência no biênio 2014-2016.

 

A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

 

Como é ser a primeira mulher a assumir a presidência do Superior Tribunal de Justiça?

– O Superior Tribunal de Justiça é o maior tribunal superior do Brasil. Eu o considero uma cidade, principalmente com relação ao número de servidores. Então, é um Tribunal que tem a incumbência de zelar pela lei federal, dar cumprimento a ela. São 33 ministros. Mormente o momento que o País atravessa, é uma grande responsabilidade assumir a presidência daquela Corte, mas como tenho falado por toda esse País, eu, como vice-presidente, me preparei para assumir esse cargo e, com a ajuda de Deus, dos meus colegas e dos servidores, acredito que vou fazer uma boa administração. É o que eu espero. Eu não tenho medo do trabalho, sou uma pessoa presente no Tribunal e vou unir forças para fazer uma boa administração e representar bem o meu Estado de Goiás, como sempre tenho procurado fazer.

 

Quais serão suas prioridades?

– A minha prioridade é a atividade-fim, ou seja, aquela voltada para a jurisdição, para os processos. Então, minha prioridade vai ser esta e ela contribuirá para que o jurisdicionado, para que o cidadão tenha uma resposta mais rápida da Justiça. Eu fico extremamente contrariada quando há demora na prestação jurisdicional. Todos sabem que a Justiça tardia, já dizia Rui Barbosa, é uma Justiça incompleta. Esta vai ser a minha luta para que o cidadão, aquele mais carente, tenha acesso à Justiça.

 

A senhora hoje é um exemplo para estudantes de Direito, promotores, juízes. Como é chegar a um posto tão alto na carreira?

– Como todos sabem a vida profissional das mulheres é de muita dificuldade. É preciso vencer muitas barreiras. Todos sabem que sou casada, tenho três filhos e comecei a atividade profissional aqui no Estado de Goiás, como membro do Ministério Público estadual. Como casei muito jovem, eu também tive filhos cedo, mas o que mais me ajudou em tudo isso foi o apoio, o amor incondicional da minha família, principalmente, do meu esposo, dos meus filhos mais velhos que praticamente cresceram junto comigo. Fui conseguindo conciliar a vida profissional com a doméstica. Todos sabem que a mulher é muito mais sacrificada que o homem porque, nós mulheres, não renunciamos a nossa condição de dona de casa, de mãe, de esposa e tudo isso dificulta ainda mais a atuação da mulher. Mas, eu vejo que nós, mulheres, somos guerreiras e vejo isso também na minha atividade como professora que sempre fui (deixou de ser há dois anos), mas percebo que as mulheres deste país estão crescendo e estão preparadas. Observo também que, daqui a algum tempo, uma mulher assumir um cargo como este de presidente não será nenhuma surpresa. Isto será uma rotina. Acredito e espero muito que isso aconteça.

 

Como a Justiça goiana é vista no cenário nacional?

– Tenho o maior respeito, maior admiração pela Justiça do meu Estado, pelo Ministério Público e também não posso deixar de dizer que a própria classe de advocacia também é muito respeitada e tem crescido ultimamente em conhecimento, de forma aguerrida para o bom desempenho da Justiça como um todo.

 

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