Lúcia Vânia não é mais do PSDB
Redação DM
Publicado em 12 de junho de 2015 às 02:35 | Atualizado há 4 meses
Em rota de colisão com membros da bancada do Senado e da executiva nacional do PSDB, a senadora Lúcia Vânia encaminhou, na última segunda-feira, ofício ao diretório metropolitano, em Goiânia, pedido de desfiliação da legenda. O documento foi recebido pelo presidente Rafael Lousa. Político que exerce cargo majoritário, caso de Lúcia Vânia, pode trocar de partido sem risco de perder o mandato, segundo decidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De texto curto, a senadora não detalha as razões de sua desfiliação do PSDB, mas sabe-se que ela estava descontente com dirigentes tucanos desde que foi acusada de”traição” durante o processo de eleição da mesa diretora do Senado Federal, em 1º de fevereiro, quando o peemedebista Renan Calheiros foi reeleito para a presidência da Casa. Lúcia Vânia nega que tenha votado em Renan, apesar da promessa de que ela poderia ocupar a secretaria-geral da mesa diretora.
Embora não cite no documento, a senadora sempre deixou claro que a sua saída do PSDB não tem qualquer relacionamento com os tucanos em Goiás, principalmente o governador Marconi Perillo, com quem tem “relacionamento antigo e de boa convivência política.”
O presidente do PSDB Metropolitano, Rafael Lousa, lamentou a desfiliação da senadora. “Lúcia Vânia deixou claro que continuará nossa aliada e que sua desfiliação foi motivada por problemas com a bancada tucana no Senado e com a cúpula nacional do partido. É uma grande perda, mas vamos respeitar sua decisão.”
Opção pelo PSB
Lúcia Vânia deverá filiar-se ao PSB ainda este mês, conforme acerto feito com o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, e com o presidente estadual, Vanderlam Cardoso. No acordo, a senadora deverá assumir a presidência estadual do PSB e Vanderlan ocupará a presidência do diretório metropolitano, para preparar sua candidatura à Prefeitura de Goiânia.
Mesmo com a inviabilização da fusão do PSB e PPS, as direções dos dois partidos, tanto em nível nacional quanto em nível estadual, decidiram manter a aliança política, visando as eleições municipais do ano que vem. Lúcia Vânia deverá concorrer ao terceiro mandato de senador, em 2018.
Trajetória
Nascida em Cumari e formada em jornalismo, Lúcia Vânia foi a primeira mulher eleita deputada federal e a primeira mulher eleita senadora por Goiás. Em 2010, a parlamentar conquistou a reeleição para o segundo mandato, se tornando a única mulher reeleita para o Senado naquele pleito.
Lúcia Vânia foi primeira-dama de Anápolis, em 1973, e, no ano seguinte, se tornou primeira-dama de Goiás e presidente da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG).
Em 1988, assumiu o primeiro mandato de deputada federal. Eleita para a Assembleia Nacional Constituinte, ela ampliou sua luta em defesa das mulheres ao garantir direitos sociais e trabalhistas na Constituição Brasileira.
Em 1992, Lúcia Vânia foi eleita para o segundo mandato na Câmara dos Deputados e, em 1994, disputou o governo de Goiás. Embora não tenha sido eleita, saiu fortalecida da disputa e, em 1995, tornou-se secretária nacional de Assistência Social no governo do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
No governo de FHC, Lúcia Vânia foi responsável por um um trabalho expressivo na área social. Como secretária nacional, com status de ministra, entre outras ações, ela implantou a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), que permitiu a concessão do benefício de um salário mínimo para idosos e portadores de deficiência.
Neste mesmo período, Lúcia Vânia coordenou a discussão da primeira versão da Política Nacional de Assistência Social e foi a responsável pela implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) em todo o Brasil.
Em 1999, ela foi eleita para o 3º mandato de deputada federal. Em 2000, disputou a Prefeitura de Goiânia, não se elegeu, mas se firmou como um dos principais nomes da política goiana. Tanto que, em 2003, se tornou a primeira mulher eleita por Goiás para o Senado Federal.
Em 2010, Lúcia Vânia foi reeleita e cumpre mandato até 2018. Entre os anos de 2011 e 2013, foi presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, a mais importante comissão presidida pela oposição na Casa, e foi considerada pelo Diap como uma das “Cabeças do Congresso”, lista dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Atualmente ocupa o cargo de Ouvidora do Senado, órgão responsável pela interlocução com a população e destinado a dar maior transparência às atividades da Casa.