Lula e os programas sociais do seu governo
DM Online
Publicado em 3 de junho de 2025 às 15:30 | Atualizado há 2 dias
O presidente Lula (PT) chamou jornalistas uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3) na qual enalteceu o seu governo, reforçou aposta do Palácio do Planalto num pacote de programas sociais para recuperar popularidade e retomou críticas ao bolsonarismo.
O petista também se esquivou de responder a jornalistas sobre um possível recuo do Executivo no decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações de crédito e eventuais novas trocas ministeriais e sobre candidaturas de integrantes de seu governo em 2026, afirmando que ainda discutirá com os partidos que integram a Esplanada para fazer uma “decisão política”.
A conversa com jornalistas foi convocada pela manhã pela Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência e ocorreu no Palácio do Planalto esta é a segunda coletiva convocada por Lula neste ano. A primeira, em 30 de janeiro, ocorreu em meio às mudanças na pasta, com a chegada do publicitário Sidônio Palmeira. Naquele momento, a Secom havia manifestado a intenção de fazer esse tipo de encontros com a imprensa com uma maior frequência, o que não ocorreu.
A coletiva, que durou cerca de uma hora, também ocorre na sequência de uma série de episódios que geraram desgastes ao Palácio do Planalto, como o decreto do IOF, a queda do ministro Juscelino Filho, então chefe das Comunicações, após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de corrupção passiva e outros crimes relacionados ao desvio de emendas, o escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a alta dos preços dos alimentos e a gripe aviária.
No começo de sua fala, Lula traçou um panorama sobre os programas lançados pelo Executivo, afirmou que “nunca houve um momento de tanta combinação” de políticas sociais com geração de empregos e distribuição de renda no país como na atual gestão, e falou que os indicativos econômicos são “os melhores dos últimos anos”.
Por mais de uma vez ele citou um pacote de medidas de apelo popular que o Executivo prepara para lançar ainda neste ano, entre eles um que prevê gás de cozinha gratuito para famílias do CadÚnico e uma linha de crédito para reformas das casas.
Nesta terça, o presidente ainda falou em propostas de uma linha de crédito para financiar troca de motocicletas para trabalhadores de aplicativos e a construção de espaços em estradas “para que os caminhoneiros possam descansar”.
Em sua fala, também destacou outras medidas de apelo popular, como a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000, a ampliação para isenção do pagamento da conta de luz para até 60 milhões de brasileiros e o programa Pé-de-Meia.
Ao longo da coletiva, o presidente da República fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governo anterior. Ele reforçou discurso de integrantes de seu governo de que o escândalo no INSS começou sob gestão Bolsonaro, e, ao defender a regulação das redes, fez críticas ao chamado “gabinete do ódio”, dizendo que o mundo não pode ser transformado num “banco de mentiras”.
“Não é possível que um cara tente dar um golpe de Estado, como no 8 de janeiro de 2023 neste país, e diga que isso é liberdade de expressão. Que um cidadão possa ofender uma pessoa com as maiores mentiras absurdas e fale que isso é liberdade de expressão.”
O presidente da República voltou a dizer que intensificará as viagens pelo país para “desmontar a indústria de mentiras que está sendo criada”. Além disso, o petista disse que Bolsonaro “nega a Justiça Eleitoral”, num contexto de contestação do resultado do pleito de 2022, mas “não nega os votos que os filhos receberam”.
Ele também afirmou que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, tem “prática terrorista”. Sem citá-lo nominalmente, afirmou que é “lamentável” a atuação dele de “convocar os Estados Unidos para se meter na política interna do Brasil”.
Lula disse ainda que Eduardo está nos Estados Unidos “tentando lamber as botas do Trump e de assessor do Trump pedindo intervenção na política brasileira”.
Eduardo é considerado um potencial candidato à Presidência em 2026, como uma alternativa a seu pai que, mesmo inelegível, pode insistir com a candidatura e deixar para escalar o filho quando seu registro for negado pela Justiça Eleitoral.
A um ano e quatro meses das eleições de 2026, o governo aposta nessas medidas que vão se incorporar à possível campanha do petista para obter um quarto mandato, mas enfrenta dificuldades no Congresso diante de uma base instável. Além disso, partidos que têm representantes na Esplanada petista hoje flertam com candidaturas próprias à Presidência, como União Brasil, PSD e Republicanos.
Nesta terça (3), o presidente se esquivou de comentar sobre trocas ministeriais ou possíveis candidaturas de integrantes de seu governo no pleito do próximo ano. Lula disse que ainda vai ter um “momento em que a gente vai parar para discutir política”.
“Por enquanto, estou na fase de anunciar mais três programas sociais neste país. Aí vou fazer reunião ministerial, vou discutir com os outros partidos, inclusive com todos os partidos de oposição que têm ministro dentro do governo, para que a gente possa fazer uma decisão política neste país”, afirmou.
O presidente foi questionado especificamente sobre a eventual ida de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo, que é dada como certa por aliados do petista. Ele afirmou que não comentaria essas mudanças numa coletiva e que trocas são “coisa pessoal” de um presidente.
“Tiro quando for necessário tirar e ponho quando for necessário por. Estou satisfeito com o trabalho de todo mundo. Todo mundo que está aqui foi escolhido por mim. Então estou satisfeito. Na hora em que eu não estiver satisfeito, eu troco.”