Lula intensifica agendas em Minas Gerais para viabilizar palanque no estado em 2026
DM Redação
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 06:55 | Atualizado há 3 horas
André Búrigo – Folha Press
O presidente Lula (PT) desembarca nesta quinta-feira, 4, em Belo Horizonte para sua sétima visita a Minas Gerais em 2025, sequência que já supera o total de viagens do petista ao estado nos dois primeiros anos de seu governo.
A intensificação da agenda do presidente acontece em meio à tentativa de estabelecer um palanque competitivo no estado para sua reeleição. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é conhecido por ser uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais.
A construção do PT em Minas está centrada no apoio à candidatura do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo do estado. Ele se aproximou de Lula durante a transição de governo e principalmente na resposta das autoridades aos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando ainda ocupava a presidência da Casa.
Em entrevistas e discursos recentes, Lula tem incentivado a candidatura do aliado, a quem costuma citar como “principal personalidade política” de Minas.
“Eu tenho certeza que nós vamos ganhar o estado de Minas Gerais com o Pacheco, ele sabe disso, sabe o que eu penso. É só ele se dispor a ser candidato. Se ele for, será o futuro governador de Minas Gerais”, disse o presidente em entrevista à rádio Itatiaia na última semana.
A indefinição sobre a disposição do ex-presidente do Senado de lançar sua candidatura é um dos fatores que impedem uma articulação mais ofensiva para a formação da chapa que iria reunir partidos da esquerda e de parte do centro mineiro.
Pacheco, porém, tem dado indicações de que sua resistência para a candidatura tem diminuído nas últimas semanas. Seus aliados no estado citam os discursos nas agendas presidenciais, momentos em que ele critica frases polêmicas do governador Romeu Zema (Novo) e a “lacração” de políticos nas redes sociais.
Interlocutores citam que elas são direcionadas aos possíveis principais adversários de Pacheco na disputa ao Palácio Tiradentes: o vice-governador Mateus Simões (Novo), escolhido por Zema para sua sucessão, e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), que tem forte presença e engajamento nas redes.
Outro fato que chamou a atenção foi a nota do senador na última segunda-feira (1º) em que ele critica indiretamente a aproximação de uma ala do PSD com Simões. Uma negociação para a filiação do vice-governador ao partido de Gilberto Kassab foi admitida publicamente por Zema e seria bem recebida pela bancada do PSD na Assembleia Legislativa, que faz parte da base do governo estadual. A articulação, porém, encontra resistência do grupo de deputados federais mineiros do partido.
Em nota, Pacheco afirmou que não tem intenção de mudar de partido e criticou a “tentativa desenfreada de antecipação do calendário eleitoral, como se as eleições fossem mais importantes que os problemas da nossa sociedade”. Outro integrante do PSD mineiro contrário à aproximação do partido com Simões é o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), responsável pela viagem de Lula nesta quinta a Belo Horizonte, seu domicílio eleitoral.
Defensor ferrenho do presidente em discursos, Silveira irá lançar na cidade o programa Gás do Povo, que vai oferecer gratuidade no botijão de gás de cozinha para 15,5 milhões de famílias brasileiras, beneficiando cerca de 50 milhões de pessoas, segundo os cálculos do governo. O ministro é cotado como pré-candidato a uma das duas vagas em disputa no Senado no próximo ano e se colocou à disposição para coordenar a campanha presidencial do petista em Minas.
A agenda desta quinta-feira também pode servir para aproximar Lula do prefeito da capital mineira, Álvaro Damião (União Brasil), que assumiu o cargo com a morte de Fuad Noman, em março. A ideia do PT é repetir o apoio que o presidente teve de Fuad, então prefeito de BH, nas eleições de 2022. Damião, porém, é filiado ao União, partido que acaba de desembarcar do governo Lula e anunciar apoio à anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na comitiva presidencial da última semana na vizinha Contagem, Silveira se direcionou a Damião durante o discurso para dizer que Fuad estaria mais uma vez ao lado de Lula em 2026. O ministro disse ter certeza de que o atual prefeito irá “honrar o compromisso [de Fuad] e com consciência vai apoiar o presidente Lula”. Damião, que estava no palco, riu e teve um dos braços levantado por Ricardo Faria (PSD), vice-prefeito de Contagem.