Lula tem chaves para democracia brasileira
Diário da Manhã
Publicado em 21 de junho de 2017 às 02:57 | Atualizado há 8 anos
O deputado federal Rubens Otoni afirma que o PT não apoia eleição indireta e não irá participar da escolha do novo presidente da República através do colégio eleitoral. Otoni enfatiza que não há saída da crise senão com eleições diretas para escolha do novo presidente. O deputado salienta que o governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) acabou e que cresce nas ruas e nas pesquisas feitas por todos os institutos o apoio às diretas já. Seu raciocínio é simples: o mesmo Congresso Nacional que votou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT-MG) e aprovou as reformas trabalhista e da Previdência, pode também aprovar a emenda que devolve ao povo brasileiro o direito de escolher o seu presidente. Otoni participou do VI Congresso Nacional do PT que definiu a linha política e as propostas econômicas do partido para tirar o País da crise. “A saída é fazer o oposto do que está sendo feito por este governo, que desempregou 14 milhões de brasileiros. O PT propõe investimentos públicos para promover a retomada do emprego, gerando renda para que o povo volte a ter dignidade, volte a ter poder de compra e faça a economia retomar o ciclo virtuoso dos governos Lula e Dilma”, frisa. Lula foi aclamado pelos petistas como virtual candidato à presidência. Na avaliação de Rubens Otoni, o ex-presidente é o único líder político que reúne as condições necessárias para tirar o País da encruzilhada em que se encontra. “Lula é lembrado pela sua serenidade, por capacidade de governar sem ódio, dialogando com todo mundo, que é uma marca de sua história. Por isso o presidente Lula é confirmado pelo PT para a disputar a presidência, mas hoje avança na sociedade com respaldo de seguimentos que não são somente aqueles veiculado ao PT”, aponta.
Confira abaixo a entrevista do parlamentar ao Diário da Manhã
O que diferenciou este congresso dos demais realizados pelo Partido dos Trabalhadores?
Rubens Otoni – Este congresso foi importante, diante dos vários desafios que o país atravessa, pois serviu para confirmar a força política do PT, a vitalidade de sua militância e também o equilíbrio de sua direção, no sentido de definir estratégias para o próximo período, que é de crise e de grandes conflitos, onde seremos chamados a decidir os rumos do país.
O PT apoia a saída de Temer e eleições diretas, mas o Congresso Nacional trabalha com possibilidade de indiretas. Os petistas vão participar do colégio eleitoral?.
Rubens Otoni – São dois debates que temos que fazer, o imediato é enfrentar o desafio de substituir este governo, porque o governo Temer acabou. O que está em jogo hoje é como será a sua substituição. Existem aqueles que querem a sua substituição através da eleição indireta, onde o Congresso Nacional escolhe o sucessor ou a eleição direta, pelo voto popular. O PT, no VI Congresso confirmou a sua posição pelo afastamento do presidente Temer e que a sua substituição se dê através de eleições pelo voto direto. O PT foi além: definiu que caso não seja confirmado o processo de eleição direta e aja o colégio eleitoral, o PT não irá ao colégio eleitoral.
Qual é a saída proposta pelo PT para superar a crise econômica?
Rubens Otoni – O PT aponta um novo caminho de superação da crise econômica provocada pelos desmandos daqueles que tiraram o país dos trilhos da democracia, e também pela incapacidade desta elite que assumiu o poder com o golpe, de definir políticas econômicas exequíveis para o país se recuperar. O Brasil vive hoje de impulsos midiáticos no sentido de mostrar que a economia estaria se recuperando, mas na vida do cidadão e da cidadã isto não acontece e todos podem perceber que o caminho que o governo oferece é um caminho que tenta melhorar os indicadores econômicos piorando a vida do povo e o seu poder de compra. O PT sinaliza neste IV Congresso num caminho para a retomada do crescimento para que o povo brasileiro recupere a capacidade de compra, ajudando a economia voltar a funcionar como conseguimos fazer nos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma, enfrentando períodos de crise com outro modelo de política. Nosso grande desafio é fazer com que retomemos o desenvolvimento econômico, fazendo investimentos para gerar emprego, gerar renda e melhorar a qualidade de vida das pessoas, criando um ciclo virtuoso na economia, possibilitando sairmos deste momento de crise.
O ex-presidente Lula lidera as pesquisas, onde a maioria das pessoas qualifica o seu período de governo como um dos melhores do país. O PT vai confirmar a candidatura de Lula à presidência?
Rubens Otoni – Este congresso deixou bem definido que Lula não é apenas o candidato do Partido dos Trabalhadores, ele também é um nome lembrado por vários segmentos sociais como o de um líder capaz de superar esta crise. Na realidade, Lula é o nome capaz de superar esta aventura que a elite econômica do país colocou o Brasil. E mesmo setores que não são do PT e que até estão no campo contrário ao PT, já começam a ver o presidente Lula o único nome capaz de ajudar nesta superação, seja pelo seu equilíbrio, pela sua maturidade, pelo que ele foi capaz de realizar quando foi presidente. E, o mais importante: Lula é lembrado pela sua serenidade, por capacidade de governar sem ódio, dialogando com todo mundo, que é uma marca de sua história. Por isso o presidente Lula é confirmado pelo PT para a disputar a presidência, mas hoje avança na sociedade com respaldo de seguimentos que não são do PT.
DM – É possível trazer para a campanha das Diretas Já aqueles que antes haviam ocupado as ruas na campanha pelo impeachment?
Rubens Otoni – As pesquisas estão mostrando uma rejeição nunca vista deste governo, e também uma rejeição muito grande do Congresso Nacional. Na realidade foi o Congresso Nacional que colocou o Brasil nesta aventura quando votou e legitimou o impeachment da presidenta Dilma. Aos poucos a população brasileira vai percebendo que é uma insanidade que este congresso que nos colocou nesta aventura, seja o responsável por escolher um nome para superação desta crise que ele mesmo criou. A saída é a eleição direta. Vejo que cada vez mais é termos mais segmentos apoiando esta propostas das diretas já, e as últimas manifestações já confirmam isto, a partir da manifestação de Brasília, já foram realizados atos no Rio de Janeiro e agora em São Paulo, que culminam na realização da greve geral para o dia 30 de junho, já com manifestações no dia 20, como um esquenta para a greve geral. A tendência é que cada vez mais segmentos se manifestem pelas diretas já.
A Constituição Federal é clara: “Todo poder emana do povo”. O sr. acha que o povo vai se reencontrar com o seu poder?
Rubens Otoni – Este é o grande desafio. Tenho dito que só vamos voltar à normalidade quando o Brasil voltar ao caminho da democracia, e isto se dá com eleições diretas, escolhendo o presidente da República pelo voto direto. Este é o desafio que temos neste instante. A elite joga com a idéia de que a Constituição prevê que no caso de uma vacância do cargo de presidente a substituição se dá pelo Congresso Nacional com eleição indireta, mas nós não queremos fazer eleições diretas à revelia da Constituição: estamos propondo mudanças na Constituição através de projetos que estão para serem votados na Câmara e no Senado, e que não foram colocados agora. Tem projetos que já estão na Câmara e no Senado há mais de um ano. Não existe, como pregam alguns, qualquer casuísmo ou golpismo, mas uma saída dentro da democracia, pois se é possível mudar a Constituição para aprofundar a terceirização, para aprovar uma legislação para impedir gastos com políticas sociais, ou se é possível mudar a Constituição para fazer um desmonte da Previdência, também é possível fazer a mudança na Constituição para uma causa mais nobre, que seja de garantir ao povo brasileiro o direito de escolher o seu presidente.
”Nosso grande desafio é fazer com que retomemos o desenvolvimento econômico, fazendo investimentos para gerar emprego, gerar renda e melhorar a qualidade de vida das pessoas”