Mandatos sob risco
Redação DM
Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 01:53 | Atualizado há 5 mesesA juíza da 135ª Zona Eleitoral, em Goiânia, acatou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral para apurar denúncias de fraude na composição de duas chapas de vereadores que concorreram nas eleições de outubro. A ação foi movida pelo vereador Carlos Soares (PT) contra as chapas que elegeram os vereadores Tiãozinho Porto e Vinicius Cirqueira, do Pros, além de Sargento Novandir e Emilson Pereira, do PTN.
Segundo o advogado Dyogo Crosara, que patrocina a ação de investigação eleitoral, pesam suspeitas de fraude na composição de gênero nas chapas dessas duas agremiações partidárias. “Nas planilhas de resultados do pleito proporcional, em comparação com as fichas de candidatura, nota-se com clareza que os números de votos atribuídos a essas candidatas indicam fortemente a presença de fraude”, explica ele.
As candidatas Dirce Augusta Fideles de Souza, Karine Belem de Oliveira Lemes, Neuza Augusta Viana, Simone Milhomem, Francielly Fideles de Souza, Goianira Ribeiro Cavalcante, Ana Paula Moreira Lopes e Gernlayne Alves Ferreira, todas pertencentes ao PTN, são investigadas em uma ação. Em outra ação figuram candidatas do Pros e a direção do partido.
“Mesmo com o registro deferido, três das candidatas representadas não tiveram um voto sequer computado no dia 2 de outubro, nem mesmo o próprio voto”, frisou Dyogo. Além disso, a prestação de contas de cada uma delas foi cheia de equívocos e dúbia, “sendo certo que não auferiram receitas ou contrataram despesas, tampouco procederam com a abertura de conta corrente para as eleições”. Há outras situações que demonstram haver indícios de fraude ou de que tenham sido lançadas candidatas apenas para dar o número de gênero que a legislação exige. “A situação é tão flagrante que até mesmo fatos impensáveis puderam ser observados, por exemplo, a candidatura simultânea de mãe e filha”, lembrou o advogado. Ele se refere às candidatas Dirce Fideles e Francielly Souza.
DESCONHECIMENTO
Em outra ação movida pelo vereador Edson Automóveis (PMN), que não conseguiu a reeleição, o alvo é o Pros e sua chapa de candidatos a vereador, também com mulheres consideradas figurantes. “A candidata Andrea Correa Lobo vota na seção 127 e não foi registrado nem mesmo um único voto para ela”, frisou o advogado. Andrea Lobo sequer fez campanha e em sua página no Facebook pediu votos para Tiãozinho Porto. Outras candidatas também tiveram o mesmo comportamento, indicando com clareza que não houve comprometimento delas com sua candidatura, ou que fossem candidatas apenas para figurar na lista e compor o número mínimo de mulheres que a legislação exige.
A candidata Neuza Viana (PTN), ouvida pela reportagem, confirmou que realmente não fez campanha porque após o registro da candidatura não recebeu qualquer material como fora prometido pela direção do partido. “Não fiz campanha porque não tive nada, então só queriam meu nome na lista”, frisou. O dirigente do PTN, Adriano Avelar, disse que os candidatos receberam alguma coisa sim, ainda que pouca para fazer campanha. “Infelizmente ficamos sem apoio nas coligações e somente na reta final tivemos alguma estrutura para nossa campanha, mas não tivemos candidatas figurantes”, resume.
O presidente metropolitano do Pros, Reginaldo Melo, disse não ter conhecimento da ação e por isso não comentaria.
Em caso de procedência da ação e sua conversão em impugnação da eleição, quatro outros vereadores poderão ascender à Câmara Municipal. Veja a lista de quem pode cair e quem pode subir: