Marinho nega golpismo de Bolsonaro e diz no STF que havia preocupação com ‘civilidade’ em 2022
DM Online
Publicado em 2 de junho de 2025 às 20:50 | Atualizado há 2 dias
O senador Rogério Marinho (PL-RN) negou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que houvesse qualquer planejamento golpista da cúpula do governo de Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que o ex-presidente se preocupava com a “civilidade” do processo de transmissão do cargo.
“Havia uma preocupação grande de que não houvesse excessos, houvesse civilidade na transmissão do poder, do cargo. Todos nós estávamos chateados com o processo eleitoral, não esperávamos a derrota”, disse o parlamentar.
As declarações foram dadas em depoimento como testemunha do processo da trama golpista de 2022. Ele foi indicado pelas defesas de Bolsonaro e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-companheiro de chapa de Bolsonaro.
Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.
Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.
Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.
Apesar disso, Marinho afirmou ter visto Bolsonaro “preocupado que não houvesse bloqueio de rodovias, impedimento”.
“Para que não fosse colocado sobre ele a pecha de que queria atrapalhar a economia ou a própria mudança de comando do país”, afirmou Marinho.
O senador relatou ter se encontrado com o então presidente cerca de dez vezes depois do resultado das eleições daquele ano. De acordo com ele, o tema das conversas era o futuro do partido, o PL, a avaliação das razões para o insucesso nas urnas, e os próximos passos.
“O presidente o tempo todo falava a respeito da eleição do Congresso Nacional, da importância de ele ter a presença do Senado e da importância do crescimento do PL”, disse.
O senador afirmou que, nos encontros no Palácio da Alvorada, esteve com Braga Netto em apenas duas ocasiões.
Com a audiência do parlamentar, o Supremo encerra a etapa de audiências com as testemunhas do primeiro núcleo do processo sobre a trama golpista de 2022.
Ao longo das últimas duas semanas, o STF ouviu 52 testemunhas, desde 19 de maio. Dessas, foram 5 de acusação e 47 das defesas. Duas juntaram declarações por escrito. Ainda, o relator homologou 29 desistências, sendo uma da acusação e 27 das defesas.