Política

Movimentos apartidários buscam substituir política tradicional

Diário da Manhã

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 00:56 | Atualizado há 7 anos

No Brasil, desde as mani­festações em 2013, tem surgido uma série de movimentos apartidários ou su­prapartidários com o intuito de promover mudanças na políti­ca brasileira, como os pioneiros Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua. Hoje, já são de­zenas de grupos organizados por pessoas da sociedade civil sem atuação direta na política com objetivos e/ou ações se­melhantes. Movimentos como Acredito, Agora, Brasil 21, Nova Democracia, Brasil Eficiente, Mulheres do Brasil, são apenas alguns desses grupos que têm promovido o debate, propondo ações e soluções para diversas áreas do país e sendo, em sua maioria, financiados por doa­ções de quem acredita na causa. Plataformas online como Avaaz, Transparência Brasil e Monito­ra Brasil também são novas for­mas para que o cidadão tenha conhecimento e possa se intei­rar das atividades dos políticos.

O que todos esses grupos e vertentes têm em comum é o desejo por mudanças reais e significativas no atual mode­lo político que vigora no Bra­sil. Por exemplo, o movimento Quero Prévias – que é suprapar­tidário – prega a escolha progra­mática de candidatura única nas eleições de 2018, com a de­fesa de valores de mais direitos, mais democracia e mais igual­dade. Conforme seus idealiza­dores, no processo de constru­ção das prévias, o grupo está aberto a dialogar com todos os partidos políticos e movimen­tos sociais que estejam interes­sados em defender os mesmos três valores.

Já o movimento Acredito apresenta um caráter mais pro­gressista e destaca a renovação dos quadros políticos nas elei­ções de 2018, apoiando can­didaturas que compartilhem os valores do grupo. “O movi­mento é suprapartidário, assim como seus princípios. Desta forma, apoiaremos candida­turas em mais de um partido, desde que compartilhem dos nossos valores. Entendemos que tem gente boa sim nos par­tidos (ou dispostas a entrar). E é interessante que o Brasil ge­rou o fenômeno das bancadas. Queremos, enquanto Acredito, ter uma bancada por igualda­de de oportunidades”, desta­cou em entrevista ao Diário da Manhã um dos cofunda­dores do movimento, o goia­no José Frederico.

Com caráter apartidário, o movimento Mulheres do Bra­sil é segmentado e destinado a discutir o papel da mulher na  sociedade. O grupo acredita que as mulheres devem ocu­par espaço em todas as esfe­ras, inclusive no poder público. “Sabemos que somos minoria, seja no setor privado ou públi­co, nos conselhos de empresas de capital aberto. Apesar de ser­mos maioria no Brasil, mais de 50%, somos minoria em todos esses ambientes. Na área políti­ca somos muito poucas, e existe até uma cota de obrigatorieda­de de ter mulheres nos parti­dos, mas sabemos que isso só é cumprido por causa da cota. Te­mos muito pouca representati­vidade”, explica a CEO do gru­po Empreza, Helena Ribeiro.

PRINCÍPIOS

Com princípios baseados no compromisso com interes­se e serviço públicos, respeito ao diálogo democrático, aves­so à polarização e a extremis­mos, foco no combate à desi­gualdade, busca por soluções concretas para os desafios do país e valorização da ética, o movimento Agora é formado por um grupo diverso de pes­soas com perfil político e técni­co, de vários setores da socieda­de, como servidores públicos, empreendedores, líderes em­presariais, acadêmicos e ativis­tas, e prezam pela integrida­de e pelo engajamento cívico.

O movimento de inovação política Brasil 21 – apartidá­rio – é um instituto dedicado ao avanço da sociedade bra­sileira e tem atividades com foco em pesquisa, desenho e desenvolvimento para o avan­ço das políticas públicas e ino­vação da democracia, sendo uma equipe interdisciplinar de colaboradores de todo o país. O Brasil 21, na realidade, é mais amplo que um movimen­to e apoia outros movimentos como Agora, RAPS, Rede de Novos Vereadores (Renove), Acredito, MSTC, Quero Pré­vias e Datapedias. Como prin­cípios, o grupo acredita que a única forma capaz de fazer o Brasil avançar na escala e pro­fundidade necessárias é qua­lificar a política e renovar per­manentemente seus quadros.

Com intuito de mudanças na economia do país, o mo­vimento Brasil Eficiente tem como metas a simplificação e racionalização da estrutura tri­butária brasileira, com a redu­ção da quantidade e os custos de sua administração para o contribuinte, além da eficiên­cia na gestão pública por meio do planejamento dos gastos, contenção da taxa de cresci­mento das despesas dos gover­nos e mais investimentos em infraestrutura. O grupo tam­bém defende a redução gradual da carga tributária ao longo da próxima década, chegando a um patamar limite de 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

 

Movimentos apartidários e/ou suprapartidários no Brasil

 

  • Acredito (movimentoacredito.com) – Suprapartidário – O movimento surgiu da necessidade de transformar indignação em ação política. Um grupo de cinco jovens de diferentes estados, que já atuavam em projetos de gestão pública, educação e transparência, entenderam que era necessário dar mais um passo. Este passo era aproximar uma nova geração da política. Seus fundadores reconhecem o papel transformador da geração anterior, responsável pela transição democrática, mas dizem que é preciso superar a estagnação atual, abrindo espaço para novas lideranças;
  • Agora (agoramovimento.com) – O grupo pretende identificar, selecionar e agrupar pessoas identificadas como líderes da sociedade que pretendem influenciar a agenda pública, não apenas em cargos eletivos mas em outros âmbitos de ação política. O grupo diz que não se situa em nenhum dos dois pólos extremos ideológicos, não financia candidatos e não se alinha a partidos. Destaca o recorte geracional da renovação na política e atua escutando demandas da sociedade, formulando uma agenda de evolução do país e agindo concretamente para implementá-la;
  • Brasil 21 (mundobrasil21.com.br) – O grupo se define como um movimento social, político e cultural, que começou a se reunir em 2011, no Rio de Janeiro. Em 2016, o grupo decidiu incidir diretamente na política formal, para isso anunciou que apoiará 250 candidatos nas eleições de 2018 – todos pela Rede e partido Novo. Os pré-candidatos têm de “colaborar produtivamente” com o movimento e apoiar um documento que está sendo produzido, chamado Projeto Brasil;
  •  Bancada Ativista (bancadaativista. org) – É um grupo suprapartidário que apoiou nove candidaturas do PSol e da Rede nas eleições locais de 2016, em São Paulo. O grupo ajudou a eleger a vereadora Sâmia Bonfim (PSOL). Todos os candidatos tinham em comum a defesa de uma pauta que contemplasse questões de direitos humanos, transparência e maior participação da sociedade civil na gestão pública, além de bandeiras dos movimentos negro, feminista, LGBT e estudantil;
  •  Movimento Brasil Livre (mbl.org. br) – Criado em 2014, foi um dos protagonistas do movimento de rua pelo impeachment de Dilma Rousseff. Em 2016, o grupo apoiou 45 candidatos em todo o país, dos quais oito foram eleitos, sendo sete vereadores, além do prefeito da cidade mineira de Monte Sião, José Pocai Júnior (PPS). Um dos vereadores eleitos com apoio do MBL, Fernando Holliday (DEM), recebeu 48.055 votos, em São Paulo. O grupo tem uma agenda economicamente liberal, em favor das privatizações e terceirizações, e socialmente conservadora;
  •  Mulheres do Brasil (grupomulheresdobrasil.com.br) – É um grupo de mulheres criado em outubro de 2013 com o objetivo de discutir temas ligados ao Brasil. Ele é composto por mulheres de vários segmentos que têm, em comum, o propósito de serem protagonistas na construção de um país melhor. Tem uma agenda propositiva com planos de ação para pensar e agir pensando no todo, por um país melhor. O grupo não tem partido, apenas levanta a bandeira de uma causa: o Brasil;
  •  Nova Democracia (novademocracia. org.br) – Trata-se de uma iniciativa conjunta de cidadãos, grupos e organizações comprometidos com a defesa e o revigoramento da construção democrática no Brasil. Seus idealizadores entendem que um ciclo de longo curso se cumpriu no país e que é preciso criar as condições para abrir um novo, que atualize o projeto pluralista na sociedade, permita a abertura das instituições para novos atores, práticas e programas políticos e refaça o horizonte comum de desenvolvimento justo, dinâmico e sustentável. O grupo não apoia candidatos específicos e nem se liga a partidos;
  •  Quero Prévias (queroprevias.org.br) – Defende uma mudança na forma como são escolhidos os candidatos à Presidência. Para seus membros, é preciso que todos os candidatos identificados com o campo progressista participem de uma prévia, da qual sairá um único vitorioso, responsável por aglutinar os votos desse setor nas eleições presidenciais de 2018;
  •  RAPS – Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (raps.org.br) – Nasceu em 2012 com a intenção de melhorar a qualidade dos líderes políticos brasileiros de maneira pluripartidária. Possui uma escola e promove cursos e encontros modulares sobre aspectos tão práticos quanto como estruturar uma campanha e tão abrangentes como a agenda de sustentabilidade. É mantido com aportes de mais de mil doadores individuais. Tem como missão contribuir para o aperfeiçoamento do processo político e da qualidade da democracia brasileira por meio da formação de lideranças políticas comprometidas com os valores e princípios da ética, transparência e sustentabilidade;
  • Vem Pra Rua (vemprarua.net) – Desde o início, em 2015, o Vem Pra Rua dividiu com o MBL o protagonismo dos grandes protestos pelo impeachment de Dilma. O grupo defende uma agenda econômica liberal, apoiando, por exemplo, a reforma da Previdência. . Durante os protestos pelo impeachment, em 2016, o Vem Pra Rua teve apoio expressivo de políticos do PSDB.

 


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