Política

MPF denuncia mulher de Juquinha

Redação DM

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 02:05 | Atualizado há 5 meses

O Ministério Público Fede­ral em Goiás denunciou, na última quarta-feira. Marivone Ferreira Neves por so­negação fiscal. Ela é esposa do ex­-presidente da Valec Engenharia José Francisco das Neves, conhe­cido como Juquinha das Neves. Segundo o documento, ela decla­rou ter recebido R$ 2,2 milhões por ser sócia de uma empresa, mas ela nunca constou no quadro de acio­nistas. Para o órgão, valores eram propinas recebidas pelo marido dela ligadas a fraudes na constru­ção da Ferrovia Norte-Sul.

O procurador da República Ra­fael Paula Parreira Costa afirma em sua denúncia que Marivone decla­rou à Receita Federal que recebeu, em 2007, R$ 2,2 milhões da empre­sa BRD Empreendimentos Imo­biliários Ltda “a título de lucros e dividendos e, por isso, isento de tri­butação ou não tributável”.

Porém, constatou-se que ela nunca fez parte do quadro de só­cios da empresa e que não cons­tam, nas declarações de impos­to da BRD Empreendimentos, pagamentos de qualquer va­lor aos sócios e nem a Marivone.

O procurador sustenta ainda que “essa enorme quantia finan­ceira recebida ao longo de 2007 pela denunciada Marivone é o re­sultado de diversos crimes con­tra a administração pública […] perpetrados pelo seu esposo”.

Com isso, o objetivo era ocul­tar a verdadeira origem dos valo­res que Juquinha recebia, dando ar de legalidade.

DESDOBRAMENTO

Juquinha das Neves foi preso em junho de 2017 durante a Operação De Volta aos Trilhos, um desdobra­mento das investigações da Lava Jato e nova etapa das operações O Recebedor e Tabela Periódica.

Conforme os procuradores da República, a ação baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF pelos exe­cutivos das construtoras Camar­go Corrêa e da Andrade Gutier­rez, que confessaram o pagamento de propina a Juquinha das Neves.

A Ferrovia Norte-Sul foi inaugu­rada no dia 22 dde maio de 2014, depois de cerca de 25 anos do iní­cio das obras. O trecho entre Pal­mas e Anápolis (GO) tem 855 qui­lômetros de trilhos.

Apesar da inauguração, a pri­meira viagem só foi feita em de­zembro de 2015. Devido à de­mora da obra, a Valec não soube precisar quanto de dinheiro já ha­via sido gasto. A estatal estimou, na época, a quantia de US$ 8 mi­lhões, equivalente a mais de R$ 25 milhões. Denúncias de irregula­ridades marcaram a construção.

Em novembro, o MPF-GO ofe­receu denúncia contra oito pes­soas suspeitas de superfaturar obras da Ferrovia Norte-Sul em Goiás. Todos eles devem respon­der por peculato e, se condenados, podem pegar até 12 anos de prisão.

O prejuízo com cargas que dei­xaram de ser transportadas, per­das e impostos não arrecadados pode chegar a R$ 38 bilhões por ano, segundo a Valec.

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