Política

O jeito diferente de fazer política

Redação DM

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 04:36 | Atualizado há 6 meses

Jacqueline nasceu no bairro tradicional de Campinas, em Goiânia e, inspirada por sua mãe, cursou Pedago­gia pela Universidade Federal de Goiás, onde começou sua trajetória política no movimen­to estudantil pelas Diretas Já!

Com um perfil realizador, desde a adolescência se dedi­cou à educação e ao volunta­riado, acreditando em projetos educacionais construídos atra­vés da colaboração comunitária nos bairros de Goiânia.

Entusiasta do empreendedo­rismo, promoveu programas de inclusão social e geração de renda para jovens no Estado de Goiás.

Incansável pela defesa do meio ambiente, atuou também como gestora pública ambien­talista em favor do desenvolvi­mento sustentável.

Agora alçar um cargo legis­lativo é um objetivo correspon­dente ao desejo de representar os que se dedicam à educação, ao fortalecimento do empreen­dedorismo, à geração de renda e à preservação ambiental.

 

 

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

Por que você está se candidatando?

Por três motivos: pelo momento em que encontra meu estado, pela experiência que tive em comunida­des e cidades de Goiás e por acre­ditar que a política seja um espaço real de transformação das realida­des.Além disso, minha vida inteira foi pautada pelos serviços às pes­soas, quer nas comunidades e na educação, quer na Secretaria do Es­tado.Isso é o que me motiva: a pos­sibilidade de implementar projetos na esfera do legislativo. Um deles é a implantação do 1º Projeto dos 17 ODS do país, que é prerrogati­va de políticas públicas, e apresen­ta ações concretas para cumprir a AGENDA 2030. Inteligentemente, os governantes se reuniram e apro­varam uma agenda para que até 2030 a Terra se torne um lugar me­lhor para se viver.

Vimos que você se envolveu com este projeto. O que são as 17 ODS?

São os 17 objetivos para o de­senvolvimento sustentável que significam 17 ações que en­volvem políticas públicas que deverão ser realiza­das pelos governos que assinaram essa carta junto a ONU. E o Bra­sil é signatário dessa carta. Isso significa priorizar políticas públicas que asse­gurem educação, saúde, moradia, energia, meio am­biente, em­pregoeren­da, e segurança. Eu faço referência deste projetononossocomitêpolítico porque acredito nesse compromis­so que se estende a uma rede exten­sa de órgãos que querem sustentá­-lo. Nessa perspectiva, os objetivos contemplam a compreensão da di­mensão cultural na base e gênese dos conflitos, além da identifica­ção e proposição de novas possibi­lidades num quadro de incertezas. Isso tudo é para pensarmos no de­senvolvimento de ações com par­cerias globais para o combate à exclusão social, ao fortalecimen­to de economias locais, com gera­ção de trabalho e renda e preser­vação ambiental.

Para entrar nesta disputa no momento político em que encontramos é preciso acreditar. Você realmente acredita?

Sim, eu acredito. Eu acredito na democracia. Na década de oitenta eu participei do movimento das Di­retas Já. Todos nós queríamos vo­tar e hoje uma parcela da populaçãoestáindife­rente à importân­cia do seu voto. Nãoacreditar mais no seu país e no seu esta­do, é a pior situação que podemos nos encontrar. Para mim isso é um grande engano que estamos viven­do. Um engano que não foi a política que nos levou, mas sim os políticos. Votar é manifestar a sua vontade e promover a mudança possível a partir de você. Esse ainda é um dos grandes mecanismos de força e re­levância democráticas. O que acon­tece é que a democracia precisa ir além das instituições para que de certa forma ofereça credibilidade à população. É preciso estar nos co­rações e na memória de um povo. Por isso eu acredito ainda, porque sei e senti as etapas que tivemos de viver para chegar até aqui. E em­bora o quadro político cause pa­vor e distanciamento, as institui­ções ainda nos fornecem subsídios para construir políticas num âmbi­to democrático, ou seja, que dispo­nha de mecanismos para ouvir di­ferentes demandas da população.

Você se dedica à educação desde muito nova. O que acha que é preciso fazer para mudar em termos de políticas públicas?

Nós temos exemplos de países inteiros que mudaram a partir de investimentos em educação. Então não é por falta de conhecimento que as mudanças não acontecem, mas sim por falta de compromisso. Como diria Darcy Ribeiro, “a crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”. É só perceber que em tempos eleitorais a palavra mais difundida nas campanhas é a educação. As promessas são lon­gas mas basta retomarmos o ritmo normal e corriqueiro das coisas, que é possível ver o descrédito dado à essa agenda pelos políticos. Para mim é preciso assegurar a edu­cação pública e de qualidade mais do que nunca, forta­lecendo a isso outros se­tores educacionais, como o do terceiro setor, ondeeude­senvolvi pro­jetosduran­temuitos anos . Sabe, foi atra­vés da educação que conheci e vivi histórias que ainda me comovem. Sei da capacidade de reestruturação de uma vida e de uma comunidade através dela. Defender o aumento do orçamento para a educação e para a formação de uma juventude forte é urgente. Goiás precisa for­talecer os projetos que lidem com a educação e a estrutura de esco­las de ensino médio. Nossos gran­des déficits de violência têm causas aí. Não dá para negar. Os progra­mas e os projetos de lei devem in­teragir com a vida social de crian­ças e jovens, além de promover a empregabilidade desses meninos e meninas. A minha causa maior será a criação de cursos técnicos para empregabilidade e empreen­dedorismo, expandindo o Progra­ma Jovem Cidadão, por exemplo. Buscar investimento em material humano e a criação de novas es­truturas físicas compatíveis com as necessidades de uma juventu­de. E é claro, buscar políticas e pro­jetos de valorização ao professor e sua formação. Esses profissionais precisam voltar a se sentirem mo­tivados e valorizados.

O que você já fez por Goiás que considera relevante?

Olha, quando a gente ama nos­sa história tudo de fato parece re­levante. Eu sempre ofereci ao meu estado àquilo que ele sempre me ofereceu e o trabalho comunitário sempre foi a base de tudo. Não tería­mos construído um centro de edu­cação, que hoje é referência, no Jar­dim Nova Esperança, se não fosse a força de agir de uma comunidade solidária. O resgate desses projetos é muito importante. Também aju­dei a fundar a Fundação Pró-Cer­rado, instituição que prima pela proteção do cerrado e promoção social de jovens. Foi lá que criamos o Programa Jovem Cidadão, que já atendeu milhares de jovens, capa­citando, elevando escolaridades e encaminhando para o mundo de trabalho. Eu também gosto muito de citar o trabalho do Instituto Sol. Desde o dia em que criei esta insti­tuição, vários projetos foram desen­volvidos em Goiânia, em Apareci­da de Goiânia e na região nordeste do Estado, todos ligados ao meio­-ambiente e a projetos educacionais emancipadores, tais como o “Jovem Total Cultura”, “Jovem Total Kalun­ga”, que trabalhou o etnodesenvol­vimento com a comunidade qui­lombola até o projeto “Crescendo com os Buritis”, que atendeu mui­tas crianças na cidade de Caval­cante, desenvolvendo ações como a educação ambiental, o artesa­nato, a música e o fortalecimento da cultura local e ecoturismo. To­dos esses trabalhos foram exten­sivos às famílias e à comunidade. Além do meu trabalho como ges­tora pública, é claro.

Quando começou no meio ambiente?

Meu trabalho enquanto am­bientalista nasce junto com o meu propósito na educação. A primei­ra experiência aconteceu quando iniciei um projeto educacional no Jardim Nova Esperança, que ficava próximo ao Córrego Caveirinha. A gente sentia um mal cheiro terrível vindo do Córrego. Naquela época levei os alunos para ver nascente e o impacto que as crianças tive­ram foi muito forte. Ali fomos fa­zendo a limpeza, nascendo assim nosso primeiro projeto de educa­ção ambiental na escola a partir de vivências com as crianças. De­pois comecei a estudar, dar seminá­rios e discutir a questão ambiental no mundo. Essa área me sensibili­za muito! E não há mais nenhum trabalho que eu faça que eu não o sustente interagindo com o desen­volvimento sustentável.

Por que é tão importante fazer política protegendo o meio ambiente?

O meio ambiente somos nós, está diretamente relacionado com as pessoas, e a educação ambien­tal tem a tarefa de revelar desde as crianças até os idosos essa conexão. Uma conexão que era natural e per­manente agora precisa ser planeja­da para garantir ações protetivas e conscientes de todos. É preciso com­preender a importância do micro­clima nas cidades, o que significa saúde, produção, emprego e bem es­tar. É preciso que as pessoas olhem para isso: a conectividade que exis­te entre a produtividade e o meio ambiente. Garantir a proteção do meio ambiente qualifica e garan­te o desenvolvimento econômico.

Qual seria seu primeiro projeto em Goiás?

Eu ainda ficaria nesse movi­mento com o qual me acostumei a trabalhar enquanto gestora públi­ca: “publicizar” todas as pautas da Assembleia, buscar maneiras mais práticas e midiáticas de trazer a po­pulação para mais perto. Além de reduzir os privilégios que são exten­sos demais para um parlamentar legislador. Nas minhas caminha­das o que mais ouço é isso: os polí­ticos não fazem parte da realidade dos trabalhadores. É preciso fazer esse enfrentamento na Assembleia.

O que é o desenvolvimento sustentável e quais são os benefícios para a população?

O desenvolvimento sustentável é um tripé que contempla três fato­res importantes: econômico, social e ambiental. E esse desenvolvimen­to é o que vai qualificar um cres­cimento harmônico, ordenado. O que as pessoas precisam saber é que o desenvolvimento sustentável é a possibilidade real e concreta para incluir as pessoas, permitindo um desenvolvimento social fortalecido. O desenvolvimento social precisa ser pensado em toda a sua ampli­tude. Ele busca satisfazer as neces­sidades da nossa geração, nossas necessidades, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas. Isso demanda ume esforço conjunto com a cons­trução de um futuro inclusivo e re­siliente. Por isso essa pauta deve estar nas agendas parlamentares.

Qual é sua opinião sobre o novo quadro de mulheres na política?

A política abriu alguns espaços para a nossa entrada, mas ainda parece ser um lugar que não nos pertence. Celebramos muito nossas conquistas, imagine só, minha mãe jamais poderia ter cursado uma vida pública como a minha por­quê de sua geração, poucas conse­guiram sair de suas casas e afazeres domésticos. Mesmo assim, minha mãe desafiou meu pai e cursou pe­dagogia. Foi professora e diretora muito respeitada, inclusive, nas es­colas públicas em que trabalhou. Mas era meu pai que compunha as egrégoras políticas da cidade, que articulava com a política. Por isso eu digo que é um espaço para ser rompido. E para isso precisamos forçar o sistema a aceitar novas re­presentatividades. Não só de mu­lheres, mas como de várias outras, como a de índios, negros, pobres etc. O que vem acontecendo, é que a sociedade percebeu que o eleito­rado feminino vem tomando cons­ciência e proporção maiores do que imaginavam e isso serve como isca para as novas propagandas polí­ticas. Nós mulheres lutamos para votar agora lutamos para nos ele­ger! Não é fácil. Mesmo com as no­vas leis e cotas, tanto para a dis­posição de mulheres nos partidos como a distribuição dos recursos do fundo partidário, os desafios conti­nuam. Vivemos numa cultura po­lítica predominantemente domi­nada por homens que não querem abrir mão de seus poderes. Mas um novo movimento de mulheres po­líticas chegou e eu fico muito feliz quando cruzo com outra candida­ta durante minhas caminhadas. Um novo quadro político pode ser formando graças à força e a cora­gem de várias mulheres. Se eleita, irei buscar investimentos para a construção de espaços para a vi­vência pública de mulheres e me­canismos de prevenção às diver­sas violências sofridas por todas. Que venha uma nova era!

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