Política

O que elas querem

Redação DM

Publicado em 16 de agosto de 2016 às 02:33 | Atualizado há 5 meses

  • Apesar de serem maioria da população brasileira, mulheres têm pouca representatividade na política
  • Lei eleitoral estabelece que 30% das vagas para concorrer a cargos proporcionais sejam de mulheres

A luta pelos direitos das mulheres está longe do fim. Mesmo com a inserção das mulheres no mercado de trabalho e uma série de conquistas ao longo dos anos, a desigualdade de gênero no Brasil persiste. Salários inferiores aos dos homens, mesmo exercendo a mesma atividade, é apenas um exemplo dessa desigualdade. Na política ocorre o mesmo, a participação das mulheres é muito pouca, apesar da população feminina ser maioria no País. Atualmente, as mulheres representam 48% da força de trabalho e 52% do eleitorado brasileiro. No entanto, o Brasil ocupa o 124° lugar em participação feminina no parlamento federal quando analisadas 145 nações. Já entre os países da América Latina, o Brasil fica à  frente apenas do Haiti e Belize, de acordo com União Interparlamentar (UIP).

Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 2.026 mulheres se candidataram em todo o País para o cargo de prefeita nas últimas eleições municipais, em 2012, sendo somente 665 eleitas, o que corresponde a um total de 12%. Já para as Câmaras Municipais, 134.169 mulheres se candidataram, enquanto a quantidade de homens candidatos a vereador foi de 286.425. Do total, apenas 7.655 mulheres foram eleitas como vereadoras em todo o País, o que representa 13%. Em 2010, o Brasil elegeu a primeira presidente da República, Dilma Rousseff (PT).

De acordo com pesquisas, a participação feminina na política cresce, em média, 1% a cada eleição. Para que as mulheres participem da política, em 1997, a lei das eleições (lei nº 9.504) passou a prever a reserva de vagas para a participação feminina nos cargos proporcionais – deputado federal, estadual e distrital e vereador. Em 2009, com a sanção da lei n° 12.034 (a primeira minirreforma eleitoral), essa participação passou a ser obrigatória. O novo texto, que consta do parágrafo 3º do artigo 10 da lei nº 9.504, estipula que sejam preenchidas (e não apenas reservadas) as candidaturas com o mínimo de 30% e o máximo de 70% de cada sexo.

No início de março, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, anunciou que a Justiça Eleitoral vai penalizar os partidos que não cumprirem a efetiva ocupação dos 30% das candidaturas, com o suporte necessário para que possam se eleger. A partir das eleições municipais deste ano, o TSE passará a considerar fraude lançar candidaturas femininas apenas formalmente, para preencher o quantitativo determinado pela lei eleitoral, e não dar suporte a essa participação das mulheres com direito de acesso ao horário eleitoral gratuito na rádio e televisão e ao Fundo Partidário.

 

Seminário Nacional discute igualdade de gênero nas eleições municipais

 

O Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos, com apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério da Justiça e Cidadania, promoveu nos dias 08 e 09 de agosto, em São Paulo, o Seminário Nacional Desafios para Igualdade Gênero e Raça nas Eleições Municipais de 2016, que debateu com representantes de institutos de pesquisas, especialistas das áreas de ciências políticas e direitos humanos, além de mulheres representantes de partidos e jornalistas de todo o País, sobre o papel da mulher na política brasileira. A reportagem do Diário da Manhã participou dos dois dias de evento a convite do Instituto.

Um dos painéis apresentados foi sobre qual a porta de entrada para as mulheres na política, sendo apontado o fato dos partidos políticos serem majoritariamente masculinos, o que dificulta a participação da mulher. Para a socióloga e especialista em pesquisas de opinião Fátima Pacheco Jordão – que foi uma das expositoras do tema -, devido a essa maioria masculina nos partidos há uma espécie de sabotagem de candidaturas femininas. “As candidatas são sabotadas pelos próprios partidos. Há uma violência simbólica contra as mulheres na política”, criticou. Fátima ainda destacou o poder feminino para crescer na política. “O poder das mulheres na política é muito grande, por isso as oligarquias partidárias masculinas seguram as candidaturas e os espaços das mulheres nos partidos. Eleitoralmente, somos muito perigosas”, reforçou.

Para a diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, as mulheres concorrem às eleições de forma muita desigual, muitas das vezes são convidadas a serem candidatas faltando semanas para as convenções partidárias, com o intuito apenas de preencher a cota de participação estabelecida pela lei das eleições. “Partidos procuram as mulheres faltando um mês e até na semana das convenções partidárias. Como é que essas mulheres vão se preparar para as eleições com condições de serem eleitas? Fazem compromissos para não serem eleitas”, questionou.

 

Hillary Clinton poderá ser a primeira mulher presidente dos Estados Unidos

No dia 26 de julho, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton oficializou sua candidatura e passa a ser a primeira mulher candidata à presidência dos Estados Unidos, pelo Partido Democrata, com grande apoio dos democratas. Aos 68 anos, se eleita em novembro, Hillary entrará para a história mundial ao se tornar a primeira presidente mulher da maior potência do mundo.

De família de classe média, Hillary Diane Rodham nasceu em 1947, em Chicago. Em 1965, se tornou aluna da Universidade de Wellesley, onde mudanças importantes na sua vida aconteceriam. Lá, abandonou os ideais republicanos trazidos como herança familiar para se tornar uma democrata. Em 1969, entrou na faculdade de Direito da Universidade de Yale, onde conheceu seu futuro marido, Bill Clinton.

Em pesquisa do Instituto Gallup, Hillary é considerada a mulher mais admirada pelos americanos. Hillary também parece ser a favorita entre os eleitores latinos, conforme pesquisa da Universidade Internacional da Flórida, em parceria com a empresa Adsmovil, com quase 10 mil latinos, que mostrou que 8 em cada 10 votariam na ex-secretária de Estado.

Em sua trajetória pública foi ativista política, primeira-dama entre 1993 e 2001 e ocupou o cargo de secretária de Estado de Barack Obama. Liberal, Hillary tem o discurso afiado quando o tema é liberdades civis e é firme em seu posicionamento de defesa dos direitos das mulheres. Ela é, por exemplo, favorável ao aborto, acredita na criação de cotas para a contratação de mulheres e minorias pelas empresas e apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Constam ainda em sua lista de propostas o apoio a reformas do sistema prisional do país para diminuir a população carcerária e também uma maior regulação no comércio de armas, dificultando, assim, o acesso de crianças e adolescentes a armas de fogo. (Com informações da Exame.com)

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