OS LIMITES DA COMPAIXÃO
Diário da Manhã
Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 01:37 | Atualizado há 4 meses
- É o que avisa o espírito de Fábio Nasser na sua mais recente mensagem a Batista Custódio
- “É necessário valorizar o certo e não justificar os fracassos”, relembra ao pai, animando-o a tomar as decisões necessárias, apesar dos incômodos que elas possam gerar l Esta nova psicografia é também um aviso explícito à postura de pessoas próximas ao editor-geral do Diário
O golpe desfechado pela espada inimiga dói menos que a estocada sutil do punhal de um ente querido. Além disso, por menor que seja, o ferimento provocado pelos que estão mais próximos alcançam bem mais fundo, chegam ao espaço vital do coração, lá onde a gente deposita os mais belos e bons sentimentos. Não é apenas a dor da traição que magoa. É o lugar da ferida que provoca tanta dor. Os inimigos golpeiam nossas defesas e armaduras. Os íntimos nos ferem a alma.
Talvez por isso, Jesus de Nazaré tenha resistido a todos os ataques dos escribas e sacerdotes, dos chefes das sinagogas e dos guardiões do templo, mas tenha caído fragorosamente diante do beijo do amigo traidor.
É sempre assim. Nossas cidadelas nunca caem apenas por causa do poderio das armas dos atacantes, mas, principalmente, pelas falhas e fraquezas das nossas defesas. Toda queda resulta do desequilíbrio próprio e nunca por causa do acidentado dos caminhos.
A ferrugem nas próprias estruturas é que minam a força das muralhas. Nosso ponto mais fraco está nas coisas e pessoas que acessam nosso interior. As maiores tentações que podem destruir um projeto e empatar uma caminhada são internas. E por isso são as mais perigosas, pois não gritam a distância. Murmuram ao pé do ouvido, sussurram no coração.
Ainda não conheci nenhum grande projeto que tenha caído qual um castelo de areia apenas pela insídia dos opositores. A semente da destruição está sempre plantada na parte mais central de toda empreitada.
Quer livrar-se do que lhe faz mal? Inspecione detidamente seu interior. Quer permanecer em pé, mesmo durante a tormenta, examine suas raízes e seu cerne. Não podemos dispor senão do que está dentro. E dentro de todo grupo, seja ele familiar, social, empresarial ou afetivo há sempre as causas e os princípios de sua desagregação.
Meu amigo Batista Custódio é uma das pessoas que concordam com esse meu pensamento. Até por experiência própria já experimentou na carne e na alma os danos da traição, do abandono de quem à sua sombra, e até nos seus ombros, havia galgado ladeiras e vencido obstáculos, e que não hesitou em trocar a amizade do benfeitor por alguns tostões.
Não são poucos os que por aqui desfrutam de certa proeminência que não tem em seus pedestais a argamassa fiel do apoio de Batista Custódio. E das mãos de quase todos já voaram pedras na tentativa de feri-lo, inexplicavelmente.
Quando trabalhava ao seu lado, na Redação do Diário da Manhã, várias vezes presenciei a chegada de pessoas que haviam sido protegidas e defendidas pelo Batista em tempos difíceis, que, na hora de bonança o haviam abandonado, caluniado, e de novo buscavam ajuda. E, para meu espanto, via Batista Custódio acolhê-los e movimentar-se para servi-lhes novamente como se as cicatrizes da traição se tornassem invisíveis.
Quantos dos meus queridos colegas de jornalismo e militantes políticos não fizeram seus nomes e tiveram seus méritos, quando os tinham, serem reconhecidos com o apoio do editor-geral do DM. E quantos deles e delas estão cerrando fila no batalhão de detratores de Batista Custódio. E o mais impressionante nisso tudo é que não ouço do meu amigo nenhuma reclamação nem arrependimento por ter dado a chance de tantos construírem seus pedestais a partir dos quais lhe lançariam flechas envenenadas de ódio, despeito, inveja e injusto ressentimento.
A PSICOGRAFIA
Querido pai, abençoe-me.
Venho esclarecer ao seu coração que nossos pensamentos
se fundem num processo interessante de simbiose.
Às vezes o senhor antecipa
o meu próprio raciocínio.
E é por isso que estamos
cada vez mais juntos.
Aqui acompanhamos o seu raciocínio e viemos afirmar que a tentativa de buscar o passado para agir
no presente não será sempre a solução mais correta.
Os que passaram tiveram a chance
de fazer e não fizeram.
Por isso, o futuro o chama a outro raciocínio, a outras idéias que trarão soluções adequadas para esse período decisivo de uma Recuperação.
Existem mentes e mentes.
Autoritarismo e compaixão.
É necessário valorizar o certo
e não justificar o fracasso.
Sabemos que nos pede maior
franqueza, mas não podemos ferir
a Lei do Livre Arbítrio.
Vejo-o sempre em dúvida
entre a razão e a compaixão.
E às vezes não segue adiante
por indecisão injustificada.
O momento para os nossos amigos [Iris Rezende e Marconi Perillo] é o da
Coalizão e o seu coração está certo.
Estamos a frente de seus passos.
Marly, obrigado por ter oferecido o seu próprio lar ao hospital das almas. Sua generosidade não será esquecida.
Deixo o abraço aos meus irmãos, agradecendo o amor com que
sou lembrado.
E ao seu coração, meu pai,
todo amor do seu, sempre seu
Fábio Nasser Custódio dos Santos”
Psicografia recebida na noite de 24/01/2017, nas Obras Sociais Mãos Unidas, pela médium Mary Alves
Compaixão mais forte que a razão
Muitas vezes pergunto a Batista por que ele continua a tratar com elegante compaixão certas pessoas das quais conheço o passado e sei das falcatruas e armadilhas que armaram no seu caminho. Batista sempre me responde que compreende a pequenez desses caracteres. E não os julga, mas deixa que as imutáveis leis da vida recoloquem as coisas nos seus devidos lugares. Confesso, até meio envergonhado, que não possuo tanta compreensão. Indigna-me as defecções, as traições e o oportunismo de quem vende os afetos em troca de cargos, lucro e poder.
Para mim, o barco que foi útil na travessia é um estorvo na escalada. Pessoas que se tem que arrastar vida afora por pura pena e que elas próprias não se compadecem de suas mazelas, são perigosas pústulas que podem empestear toda a colheita.
Semana passada, li a mais recente mensagem que Fábio Nasser enviou ao seu pai. Segundo pude deduzir, o filho alertava Batista para cuidar melhor de sua missão não sendo tão compassivo com as pessoas que ao serem perdoadas não se emendam, mas se sentem liberadas para continuar errando. Mas Batista garante, com toda convicção: “Não se pode enfrentar o mal com mal. Só o bem é capaz de vencer a maldade”. Sei que esse é um ensinamento basilar dos grandes mestres do espírito. Mas a mim custa aceitá-lo, admito.
Mas o próprio espírito de Fábio Nasser, fazendo coro a uma longa série de avisos transcendentais que Batista Custódio recebe de espíritos amigos, aconselha ao pai a evitar se apoiar sobre alicerces já carcomidos pelo tempo e pelas vilanias. “…a tentativa de buscar o passado para agir no presente não será sempre a solução mais correta”, avisa na mensagem do dia 24 de janeiro passado. E explica: “Os que passaram tiveram a chance de fazer e não fizeram.”
“Pelos frutos os conhecereis”, ensina Jesus. E Fábio alerta para essa profunda sabedoria, com outras palavras. E avisa que novas ideias só viram através de novas cabeças, novos braços para sustentar a luta. Pois, na esteira de mensagens que Batista recebeu de notórias personalidades, Fábio explica que há mentes iluminadas pela justeza dos caracteres, e há aquelas obscurecidas pelos interesses mesquinhos nos bens materiais.
“É necessário valorizar o certo e não justificar o fracasso”. Sempre que pergunto ao Batista sobre sua capacidade enorme de suportar certos elementos sórdidos que a vida e o destino colocam em seu caminho, ele me explica que tenta imaginar as razões e compreender os erros antes de julgar.
Mas até mesmo a compaixão e a piedade têm que obedecer a critérios de justeza. Sob a pena de perder suas forças renovadoras. “Não dê pérolas aos porcos”, ou seja, não se distribui o perdão, a complacência e a misericórdia aleatoriamente. Sob pena de a lama empanar a preciosidade e o brilho da generosidade. E Fábio repete um aviso de uma antiga mensagem que Batista recebeu de Pedro Ludovico Teixeira há quase cinco anos. “Não há mais tempo para aguardar regenerações”, avisava o estadista.
Compadecer excessivamente pode nos tornar lenientes aos olhos dos oportunistas. A compaixão, em doses justas, recupera o caído no erro ou na desgraça. Se despejada sem critérios, pode incentivar a continuidade do mal. Fábio alerta ao pai que o vê “sempre em dúvida entre a compaixão e a razão”, e que é injustificada a preocupação que faz com que Batista não dê os passos necessários por temer ferir suscetibilidades.
“O momento para os nossos amigos é o da Coalizão e o seu coração está certo”, avisa Fábio. E a rigor da gramática, a coalizão não se dá apenas pela junção pacífica das peças. Para isto, as arestas têm que ser aparadas, os gumes cortantes de cada um cegados pelo atrito para, só a partir daí, poderem se juntar em harmonioso mosaico. Como diz o adágio popular: não se faz omelete sem quebrar os ovos. A fala é endereçada ao governador de Goiás, Marconi Perillo, e ao prefeito de Goiânia, Iris Rezende. Seguindo sua intuição, Batista Custódio sempre propôs publicamente a união política e pessoal entre os dois líderes goianos.
Quem quer construir pontes tem que aplainar as pedras. Este é o conselho subjacente à mensagem do filho que, em comunhão de alma e espírito, permanece ao lado do pai para além das barreiras da carne e da matéria.
Ton Alves, jornalista, professor de filosofia, frei capuchinho e ex-assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Outras ideias trarão soluções adequadas para esse período decisivo”
Fábio Nasser