Planalto manobra na CCJ e líderes trocam onze deputados
Diário da Manhã
Publicado em 12 de julho de 2017 às 02:33 | Atualizado há 4 meses
O troca-troca de parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) atingiu dois deputados goianos, ambos, por coincidência, ligados à Polícia Civil: o delegado Waldir Soares (PR) e João Campos (PRB). Como é de costume, Waldir saiu atirando. Disse que sua vaga foi vendida e acusou o governo Temer de ser um lixo. “Me venderam. Governo corrupto, vai cair. Sabem o que é isso? Barganha!”, disse, aos gritos, quando foi substitutído na CCJ.
O líder do PR, deputado José Rocha (BA), rebateu Waldir. Segundo Rocha, “Waldir mente quando diz que só soube hoje (segunda-feira, 10) da substituição”. Rocha afirmou que Waldir avisou antes e que ficou de conversar com o colega na segunda-feira, mas ele não apareceu. José Rocha também lançou acusações contra Waldir, sugerindo que à reportagem do site Uol que perguntasse ao goiano sobre o “cargo que ele recebeu do governo na Superintendência do Patrimônio da União em Goiás (SPU/GO) para saber se ele se vendeu”.
No PR foram substituídos quatro deputados: Jorginho Mello (SC) por Laerte Bessa (DF), Marcelo Delaroli (RJ) por Magda Mofatto (GO) e Paulo Freire (SP) por Milton Monti (SP). Bilac Pinto (MG) entrou no lugar do Delegado Waldir. No PRB foram feitas duas substituições: Beto Mansur (SP) substituiu Lincoln Portela (MG) e Cleber Verde (MA) substituiu João Campos. No PMDB, PTB, PSD e Solidariedade foram feitas uma substituição em cada legenda.
Para o deputado Alexandre Molón (Rede-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AC), o troca-troca promovido pelo governo Temer na CCJ configura tentativa de obstrução de Justiça. Ambos ingressaram com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para que as trocas sejam anuladas. A dupla lembra que pesam contra presidente as acusações de que ele também tenha mandando silenciar Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, que estão presos, com dinheiro da JBS.
Apesar de ser do mesmo partido de Temer, o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (MG), considera que as substituições foram inadequadas, pois feriram a independência dos deputados. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) defende as trocas, alegando que as substituições atendem ao interesse do partido, que, segundo ele, defende majoritariamente o presidente Temer. “É natural que os partidos queiram ser representados pela maioria da bancada”, frisa.
Novo relatório
Numa nova ofensiva, o “PMDB governista” protocolou, na manhã ontem (11), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), um voto em separado contra a denúncia do presidente Michel Temer (PMDB). A ação busca isolar o relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que apresentou, na segunda-feira (10), parecer pela admissibilidade da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR).
O parecer é assinado pelo deputado federal Daniel Vilela (GO), juntamente com os deputados Darcísio Perondi (RS), Hildo Rocha (MA), Lelo Coimbra (ES), Soraya Santos (RJ), Carlos Marun (MS), Carlos Bezerra (MT) e o líder Baleia Rossi. O PMDB tem 18 membros na comissão, sendo nove titulares e nove suplentes. Entre os membros de destaque na bancada do PMDB na CCJ, não assinam o documento Osmar Serraglio (PR) e o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (MG).
No voto em separado, os peemedebistas dizem que a denúncia não prova que os R$ 500 mil recebidos pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) se destinariam a Temer e que não há demonstração de “comunhão de ações” entre o presidente da República e o ex-parlamentar. Os peemedebistas dizem que é impossível identificar elementos que apontem a prática do crime de corrupção passiva e pedem a inadmissibilidade da denúncia.
A expectativa dos governistas é que com as substituições e com o novo relatório a denúncia contra Temer seja arquivada na CCJ. Os aliados do presidente querem evitar a todo custo que admissibilidade da denúncia contra Temer seja votada em plenário. Os governistas temem que com o voto aberto e ampla cobertura da mídia, Temer seja derrotado e seja afastado da presidência. (Com informações da Agência Câmara, Estadão e UOL)