“Política se faz agregando, não cobrando fatura de companheiro”
Redação DM
Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 01:51 | Atualizado há 7 anos
Humildade, diálogo, sabedoria e espírito público. Estes são os ingredientes que o prefeito de Turvânia, Fausto Mariano (PMDB), julga serem necessários para que as lideranças da oposição construam uma candidatura forte em 2018.
Nesta entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, Fausto Mariano defende o senador Ronaldo Caiado (Democratas) como o nome mais preparado para disputar as próximas eleições e garante que o parlamentar retribuiu “inúmeras vezes” o apoio recebido em 2014 para chegar ao Senado.
“Política se faz agregando, buscando o entendimento por meio de diálogos e não cobrando faturas ou desmerecendo companheiros”, alertou, quando questionado se concorda com a tese do deputado federal Daniel Vilela de que Caiado tem que apoiar sua intenção de ser candidato ao governo.
Defensor da tese de que o PMDB precisa evitar os erros do passado e agregar siglas para sair vitorioso nas próximas eleições, Fausto Mariano critica a tese de “pseudo-autossuficiência partidária”. Segundo ele, este pensamento tem levado o partido a sucessivas derrotas. Ele também rebate a ideia de que existe um consenso dentro do PMDB em torno do nome do deputado federal Daniel Vilela.
O peemedebista comentou ainda o posicionamento do ex-prefeito Maguito Vilela (PMDB), que defende que a oposição deixe para se unir apenas no segundo turno. “Discordo profundamente do Maguito de que a união deve se dar no segundo turno. Mesmo porque, se a imprensa de Goiás recorrer às eleições anteriores, perceberá que ele sempre defendeu a união das oposições já no primeiro turno”, lembrou.
As eleições estão se aproximando e a oposição ainda está indefinida. O que o senhor acha que as lideranças devem fazer para chegarem fortalecidas em 2018?
– Primeiramente os líderes da oposição precisam ter humildade, sabedoria, espírito público e aprender com os inúmeros erros do passado. Não é por acaso que estamos há vinte anos perdendo as eleições majoritárias em Goiás. A exceção foi em 2014, quando ganhamos o Senado com Ronaldo Caiado, quebrando um tabu histórico. Em segundo lugar, é preciso haver diálogo, paciência e respeito mútuo a todos os partidos da oposição, seus líderes e suas bases, engrandecendo as candidaturas colocadas. Isso para que no futuro, por meio de critérios objetivos republicanos, possamos escolher os candidatos (governador, vice-governador e senadores) com espírito de grupo, deixando de lado vaidades e interesses pessoais. Política se faz agregando, buscando o entendimento, e não cobrando faturas ou desmerecendo companheiros.
Este cenário de indefinição, na sua opinião, favorece o governo?
– Nesse momento é natural termos indefinição. É momento de cada partido apresentar seu candidato a governador e formar chapas proporcionais competitivas. Porém chegará um momento, talvez fevereiro ou março, que o consenso será necessário. Até porque a campanha de 2018 será de apenas 45 dias, dos quais 15 serão para sua organização e os outros 30 de campanha eleitoral efetiva. Em agosto, quem chegar com larga vantagem na pesquisa eleitoral fatalmente será o governador. Agora, caso esse entendimento não ocorra, prevalecendo os erros do passado, logicamente isso favorecerá de certa forma o governo. Contudo isso não lhe dá garantia da vitória. O momento de grave crise política e econômica pelo qual passa o País fará com que o leitor analise o histórico de trabalho, ética, honestidade, competência e preparo intelectual do candidato. E Ronaldo Caiado possui todas essas credenciais.
Daniel Vilela defende que chegou a vez do senador Ronaldo Caiado retribuir o apoio do PMDB em 2014. O senhor sente que há esse dever?
– Discordo profundamente. Não se constrói nada cobrando supostas faturas, condicionando algo, e sim demonstrando respeito a quem contribui para o projeto. Ronaldo Caiado já retribuiu inúmeras vezes o apoio do PMDB. Ele concedeu as duas vagas de suplente de senador ao PMDB. Eleito em 2014, abriu mão do mandato, assumindo riscos imensuráveis de desgastes políticos, para ser secretário de Segurança Pública num possível governo de Iris Rezende. Em 2015 manteve-se firme a favor da candidatura de Iris Rezende após a eleição do diretório estadual, quando muitos tentaram acabar com o prestígio político de Iris. Na época a disputa foi discutida na Justiça, com episódio de tiros no diretório. Nos jornais muitos decretaram o fim político do nosso maior líder. Mas Ronaldo Caiado em todo momento se posicionou ao lado de Iris Rezende e o lançou candidato a prefeito de Goiânia. Ao mesmo tempo apoiou vários candidatosdoPMDB a prefeito no interior, emmunicípios como Aparecida de Goiânia, Catalão, Formosa, Rio Verde, Turvânia e Goianésia, entre outros.
O senhor acredita então que Ronaldo Caiado foi decisivo em momentos importantes do partido?
– Com certeza. O PMDB goiano precisa ter humildade e gestos de reconhecimento pelo histórico político do senador, que contribuiu e muito para irmos para o segundo turno na eleição de 2014. Lembremos que no primeiro turno a diferença de votos entre Marconi e Iris era a maior da história dos confrontos. Quase perdemos aquela eleição no primeiro turno. Só não perdemos porque tivemos o apoio do senador. Infelizmente o PMDB goiano, desde que foi para a oposição, tem sofrido dessa pseudo-autossuficiência partidária. É ela que, desde 2002, tem nos levado a sucessivas derrotas no cenário estadual, tanto para o governo quanto para o Senado. É bom lembrar que, desde 1998, sempre que o PMDB saiu com chapa puro-sangue, perdemos as eleições. Não vamos esquecer de 2006: Maguito Vilela candidato a governador, Onaide Santillo como vice e Ney Moura Teles ao Senado. Também desde 1998 estamos encolhendoemnúmero de deputados estaduais, federais, prefeitos e vereadores. Onde está a autossuficiência partidária produzindo resultados eleitorais e políticos positivos?
Na sua opinião, a saída para acabar com as derrotas é agregar?
– Sim. O PMDB precisa aprender a agregar e respeitar todos os partidos de oposição pois, além de possuírem valor, não podem ser tratados como meros acessórios. O contrário disso é a soberba que leva a desagregação, muitas vezes alicerçada por interesses meramente pessoais. Hoje em dia a candidatura majoritária deve ser amplamente discutida com todos os partidos integrantes da oposição, com suas respectivas bases, inclusive estimulando-as a apresentarem seus candidatos para, posteriormente, por meio de vários critérios republicanos, escolhermos o candidato que irá representar a todos e que tenham comprovadamente mais chances de vitória.
A postura do senador de arregaçar a manga em 2016 pelo PMDB foi a mesma de todos os representantes do partido?
– Em 2014, Ronaldo Caiado, já eleito, não descansou um único dia e foi com todas as suas forças ajudar o Iris Rezendenosegundo turno para governador, enquanto alguns peemedebistas foram descansar ou sequer entraram na campanha. Em 2016, Caiado rodou esse estado e ajudou o PMDB a ter vitórias importantes.
Daniel Vilela tem defendido que sua candidatura é consenso dentro do PMDB. Concorda com essa posição?
– Não acredito nisso. Como prefeito do PMDB e membro do diretório regional do partido, percebo que vários deputados, prefeitos, vereadores, ex-deputados, presidentes municipais do partido e outros líderes do PMDB tem preferência pela união das oposições em torno da candidatura de Ronaldo Caiado. Estamos cansados de, há vinte anos, perdermos sucessivas eleições. É hora de aprender com as derrotas! Toda vez que o PMDB se preparou para as eleições houve brigas e divisões. Basta lembrar de Henrique Meirelles, Júnior do Friboi e Vanderlan Cardoso. Não concordo, por exemplo, que o PMDB faça encontros isolados. Por que o PMDB não participa de encontros com o Democratas e os outros nove partidos da oposição e os ajuda a elaborar um plataforma de governo? Por que o candidato tem de ser obrigatoriamente do PMDB sendo que existe um mais preparado e mais competitivodentrodoDemocratas?
O senhor concorda com a tese de que é melhor a oposição se unir em um eventual segundo turno, como Maguito Vilela tem defendido?
– Embora tenha um profundo respeito por Maguito Vilela, a quem sempre apoiei, discordo profundamente deste ponto de vista. Mesmo porque, se a imprensa de Goiás recorrer às eleições anteriores, perceberá que Maguito Vilela sempre defendeu a união das oposições já no primeiro turno de qualquer eleição majoritáriaemGoiás. Seodeputado Daniel Vilela, seu filho, estivesse em primeiro lugar nas pesquisas, certamente o Maguito estaria pedindo a união dos partidos de oposição já no primeiro turno.
Quais devem ser os critérios para a escolha do candidato?
– Discordo! Jamais quem está à frente nas pesquisas eleitorais pode ceder a sua candidatura a governadorparaquemestá atrás. Aindamaisagoraque, em2018, teremos apenas 30 dias de campanhapolítica efetiva. O prazo é muito curto para virar uma eleição. Agora, concordo plenamente que se estabeleçam critérios republicanos de escolha do candidato. Esses critérios seriam elaborados por todos os partidos da oposição por meio de diálogo e da percepção de que a eleição de 2018 terá ingredientes que não existiam nas anteriores.
Por que o senhor acredita que Ronaldo Caiado é um nome preparado para o cargo de governador?
– Na minha opinião, sem sombra de dúvidas, o senador Ronaldo Caiado é o pré-candidato mais preparado. Constata-se isso pela sua experiência como deputado federal por vários mandatos, por ser senador da República, por sempre ter sido um dos políticos mais influentes e respeitados do Brasil, pela sua honestidade, ética como tem pautado suas ações, coerência, por apresentar um forte, verdadeiro e coeso discurso de oposição, por possuir uma rara história de política ilibada e sem manchas de corrupção, pela vasta experiência em Brasília, por debater qualquer tema sócio-político e econômico do Estado de Goiás e do Brasil, por estar realizando encontros com partidos de oposição e não somente com o Democratas, demonstrando espírito de grupo.
Os líderes da oposição precisam ter humildade, sabedoria, espírito público e aprender com os inúmeros erros do passado. Não é por acaso que estamos há vinte anos perdendo as eleições majoritárias em Goiás”
Ronaldo Caiado é o pré-candidato mais preparado. Constata-se isso pela sua experiência como deputado federal por vários mandatos, por ser senador da República, por sempre ter sido um dos políticos mais influentes e respeitados do Brasil”