Política

Previdência sufoca governo de médio prazo e aumenta crise

Diário da Manhã

Publicado em 27 de outubro de 2018 às 02:36 | Atualizado há 4 meses

O Governo de Goiás tem um problema gravíssimo para enfrentar após conseguir controlar as contas utilizadas para o pagamento do pessoal e das Or­ganizações Sociais (OSs) que atuam nos hospitais públicos: a enorme dívida da previdência social.

Nos últimos quatro anos, infor­ma o Governo de Goiás, em dados oficiais, aconteceu um aumento de 118% no tamanho do endividamen­to. Apenas neste ano, ocorreu um acréscimo R$ 300 milhões no déficit.

Goiás tem uma dívida de R$ 2,3bi­lhões – que acumula um aumento de 118% nos últimos quatro anos – para custear as aposentarias de servido­res. É hoje o problema de médio pra­zo mais grave para os goianos. Moti­vo simples: não existe orçamento ou previsão de como quitar estas dívidas.

Se junta a esta dívida já divul­gada pelo Poder Executivo a pre­visão de outra mais urgente: R$ 280 milhões com as organizações sociais que atuam na saúde. Ou se resolve o problema ou a iniciativa privada se afastará da administra­ção, a acionando na Justiça.

Ontem, o Governo de Goiás in­formou que a OS Gerir solicitou res­cisão dos contratos de gestão do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) e do Hospital Es­tadual de Urgências de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hutrin).

A OS reclama da falta de paga­mento. A administração pública ad­mite a dívida e afirma que os impre­vistos financeiros no “fluxo de caixa doTesouroEstadualprovocadospelo cenário econômico adverso no País” impedem os repasses para todas as OSS que administram as 17 unida­des de saúde do Estado.

O Governo de Goiás garante que na próxima semana apresentará um plano para a quitação de todos os re­passes às OSs até 31 de dezembro.

O futuro governador Ronaldo Caiado (DEM) enfrentará outro desafio praticamente impagável: a dívida com a União, que já che­gou a R$ 19 bilhões.

Para se ter ideia, o orçamen­to total do Governo de Goiás em 2018 é de R$ 24,9 bilhões – seis bi maior do que a dívida federal que não para de crescer. Um valor des­te tamanho retira mensalmente dos cofres dos goianos cerca de R$ 183 milhões – valor que daria para construir 4 mil casas populares.

CRISE

O Governo de Goiás terá que enfrentar uma metástase que se es­palhou por todo o corpo adminis­trativo: a falta de dinheiro. Diver­sas áreas já começam a sofrer com a falta de ações e recursos. Ontem, a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) anunciou que can­celou turnê que faria na China. O grupo de jovens conseguiu parte dos recursos junto a iniciativa pri­vada, mas o Governo de Goiás, se­gundo a instituição, se incumbiu e não cumpriu a compra das passa­gens dos artistas goianos. “Desde o início do ano temos trabalhado bastante para este projeto e rece­bemos o apoio da população, que sempre esteve do nosso lado, aten­dendo nossas solicitações de par­ceria. A inviabilização aconteceu devido às dificuldades financeiras que o Governo de Goiás enfrenta neste final de ano, o que impossibi­litou a aquisição dos tickets de via­gem”, disse o comunicado.

O Centro de Cultura Basileu Fran­ça está no mesmo furacão: especula­-se que ocorrerá a demissão de 130 professores, o que reduzirá em mais da metade o atendimento da escola.

A descontinuidade do Programa Bolsa Universitária é outra ameaça caso o estado não volte a se posicio­nar: o atraso no pagamento de bolsas chegou à R$ 60 milhões. No final do mês, o Governo de Goiás realizou um repasse de R$ 10 milhões, mas ainda, sim, a dívida é enorme para a estru­tura atual da administração.

TRANSPARÊNCIA

O senador Wilder Morais, o coor­denador da transição dos governos de José Eliton-Marconi Perillo para Caiado, em uma bateria de entrevis­tas realizadas na sexta-feira, 2, disse que já foi no Ministério da Fazenda para obter informações sobre a saú­de financeira federal do Estado e que espera o início dos trabalhos com da­dos financeiros para que possa apre­sentar sua impressão inicial quanto ao panorama do Estado.

O parlamentar, que foi escala­do pelo governador eleito Ronal­do Caiado, é responsável por traçar os estudos das contas do Estado de Goiás. Caberá ao grupo coordena­do por Wilder apontar as deficiên­cias e o endividamento para que Caiado possa compor sua equi­pe e agir para estancar as crises já anunciadas nos mais diversos se­tores da administração pública.

 

PERFIL DA CRISE FINANCEIRA

Governo de Goiás terá que enfrentar endividamento crescente da previdência social; últimos quatro anos apresentaram aumento de 118%

Amortização mensal da dívida pública chega a R$ 183 milhões – valor que daria para construir 4 mil casas populares. Estado perde dinheiro por não estar com as contas em dias

OS reclama da falta de pagamento e abandona serviços do Hugo e Hutrin. Governo garante que na próxima semana apresentará um plano para a quitação de todos os repasses

Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) cancela turnê que faria na China. Motivo: Governo de Goiás, segundo a instituição, se incumbiu e não cumpriu a compra das passagens dos artistas goianos

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