PSDB não pode repetir “xiitismo” do PT do passado, diz Marconi
Redação
Publicado em 20 de novembro de 2015 às 00:26 | Atualizado há 9 anosO governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), criticou a posição da bancada do seu partido de votar pelas chamadas pautas-bombas na Câmara de Deputados. “Com todo respeito à bancada, acho que é um equívoco, devemos votar a favor de tudo que seja bom para o País e votar a favor de pautas-bombas é muito ruim para o equilíbrio que a gente quer”, disse na última quarta-feira, 18, pouco antes de participar de um evento sobre competitividade dos Estados na capital paulista.
“O PSDB não pode repetir o ‘xiitismo’ do PT do passado. O PSDB precisa colaborar com o País, independentemente de quem esteja no governo. Somos oposição, mas não somos oposição ao Brasil”, afirmou. Assim como já havia feito o governador paulista Geraldo Alckmin ao sair do mesmo evento, Perillo também condenou a votação massiva da bancada do PSDB, em Brasília, pela derrubada ao veto do reajuste do Judiciário.
Apenas o deputado Samuel Moreira (SP) votou pela manutenção do veto, os outros 56 deputados tucanos que votaram se posicionaram pela derrubada. Apesar da posição do PSDB, o governo conseguiu manter o veto.
O veto da presidente Dilma Rousseff barrou um aumento de 59,5% aos servidores do poder Judiciário, que seria dado entre 2015 e 2017. Segundo o governo, a medida teria um impacto para os cofres públicos de R$ 16 bilhões entre 2015 e 2019, prejudicando o esforço fiscal. “Quanto mais o PSDB demonstrar que está trabalhando racionalmente a favor do Brasil, pelo ajuste, pelo equilíbrio fiscal, mais as pessoas vão nos respeitar”, defendeu Perillo.
Ajuste em Goiás
Em Goiás, Marconi Perillo também passa pela necessidade de impor uma agenda de ajustes, como acontece na maioria dos Estados brasileiros. Desde o fim de 2014 – Perillo foi reeleito – ele destaca o esforço de cortar seis secretarias, passando a dez o número, cinco mil cargos comissionados e 5 mil funcionários temporários. Ainda assim, o orçamento do ano precisou ser revisto por causa da frustração de receitas. Segundo Marconi, o seu governo conseguiu cortar R$ 3 bilhões em gastos em 2015 e ainda assim deve fechar o ano com R$ 400 milhões de déficit fiscal.
O governador goiano lamenta o quadro econômico atual e defende a necessidade de um pacto pela realização de reformas estruturantes no País. “O governo federal e o Congresso Nacional precisam se entender, isso é fundamental para o Brasil, que os ajustes sejam aprovados. Estamos fazendo ajustes fortes em todos os Estados, mas eles são insuficientes em relação à agenda macroeconômica”, afirmou Marconi. “Defendo que haja um entendimento nacional e que a agenda das reformas seja aprovada.”
Impeachment
O governador tucano não defende o afastamento da presidente Dilma Rousseff e não vê o impeachment como solução para a crise econômica do País. “Ela é a presidente da República”, respondeu Perillo ao ser questionado sobre a credibilidade de Dilma para promover as reformas necessárias.
Marconi repetiu que nunca defendeu o impeachment e avaliou que, com o afastamento do PSDB do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a tese de tentar tirar Dilma do governo perde força no partido. Ainda assim, ele alega que não cabe a ele, como governador, entrar nessa disputa. “Defendo que governo não faça oposição a governo. Quem tem que analisar se ela deve continuar ou não é a Justiça Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.”
Em julho, Marconi afirmou publicamente que “jamais participaria de qualquer atitude golpista”. Em março, ele foi criticado por integrantes do partido por fazer declarações de apoio a Dilma em um evento em Goiás ao lado da presidente petista. “Sou de um partido que faz oposição à senhora, mas eu não. Nunca ninguém ouviu uma palavra minha que não fosse de reconhecimento e agradecimento pelo que a senhora fez por Goiás”, disse naquela ocasião.
Questionado pela posição polêmica, o governador goiano defendeu o direito de expressar suas posições. “Houve uma ou outra crítica no partido, mas o partido sempre me respeitou. Tenho seis mandatos, cinco deles em cargos majoritários, jamais aceitaria qualquer tipo de policiamento em relação à minha opinião. Defendi que ela foi eleita democraticamente assim como eu fui.”