PT recusa DEM, afasta-se do PMDB e coloca o bloco na rua
Diário da Manhã
Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 21:18 | Atualizado há 4 meses-
Deputado estadual participará das prévias internas do PT programadas para abril de 2016
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Parlamentar lembra que Paulo Garcia investe R$ 1 bi e irá recuperar a imagem de sua gestão
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Presidente do PT descarta aliança com Democratas, presidida pela carbonário Ronaldo Caiado
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Reeleição de João Gomes, em Anápolis, é estratégica, diz o líder da tendência Movimento PT
Nada de acordo com o Democratas. A legenda que refundou o velho e carcomido PFL [Partido da Frente Liberal]. Mais: estabelecer um distanciamento de segurança do PMDB, controlado por Iris Rezende Machado. Depois da cassação de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, o PT quer colocar o seu bloco nas ruas, retomar a iniciativa política e ocupar espaços em Goiânia e na Região Metropolitana da Capital em 2016.
Primeiro passo: o líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, Luís Cesar Bueno e Freitas, oficializou, da tribuna do plenário da Casa de Leis, a sua pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia. As eleições ocorrerão em outubro de 2016. A sigla realizará prévias internas no mês de abril. A deputada estadual Adriana Accorsi, filha do ex-prefeito da Capital Darci Accorsi, é sua adversária. Registro: 400 convencionais escolherão o nome.
O parlamentar diz ao Diário da Manhã que os critérios para a definição do candidato devem ser: densidade eleitoral, compromisso com a gestão do prefeito de Goiânia, Paulo de Siqueira Garcia, e identidade com o programa e a história do Partido dos Trabalhadores, legenda fundada em 10 de fevereiro de 1980. Esses são os requisitos definidos pela executiva municipal da legenda para a escolha do candidato à sucessão municipal do ano que vem.
Segundo passo: com investimentos de R$ 1 bi, a Prefeitura de Goiânia realizará um pacote de obras e serviços que repaginará o layout da cidade e deixará a marca da sustentabilidade, observa o deputado estadual petista. Paulo Garcia irá recuperar a sua imagem no mesmo porcentual de outubro de 2012, quando subiu ao pódio nas eleições ao Paço já no primeiro turno, frisa. “Contra adversários à direita, ao centro e à esquerda”.
Arco de alianças
– O PT de Goiânia aguarda apenas a resolução nacional para o estabelecimento de prazos para a definição do nome e do arco de alianças políticas e eleitorais possíveis para 2016. A tendência é que o campo de acordos políticos se restrinja à base de apoio político e parlamentar, no Congresso Nacional e nas unidades da federação, da presidente da República, a economista e ex-guerrilheira da VAR-Palmares Dilma Vana Rousseff Linhares.
Luís Cesar Bueno lembra que, em Goiânia, o PT tradicionalmente realiza prévias internas para o afunilamento de nomes às eleições. É um instrumento legal e democrático utilizado dentro do partido, informa ao Diário da Manhã. Antes da homologação do pré-candidato, porém, o presidente do PT na Capital lembra que a pré-convenção deve definir se lançará nome próprio ou se optará por carreira solo na sucessão municipal.
– O PMDB é, hoje, um aliado estratégico nacional e local!
Tática política
O parlamentar suaviza o discurso e afirma que o ex-ministro de Estado da Agricultura e da Justiça, ex-governador do Estado de Goiás por dois mandatos [1983-1985] e ex-prefeito de Goiânia por três gestões [1966-1969; 2005-2008; 209-2010] Iris Rezende Machado [PMDB], mesmo com 81 anos de idade, possui uma folha de serviços prestados e surge nas pesquisas com chances reais de vitória para as eleições do ano de 2016.
– Mas o PT trabalha com a perspectiva de ter candidatura própria.
Apesar de o pragmatismo e a moderação serem características de sua atuação política e parlamentar em Goiás e no Brasil, Luís Cesar Bueno descarta qualquer possibilidade de aliança política e eleitoral com o Democratas, presidido em Goiás, pelo senador da República Ronaldo Caiado, feroz opositor do Palácio do Planalto e defensor do impeachment de Dilma Rousseff.
– Não há identidade política nem programática! Sem chances…
Ajuste fiscal
O líder petista joga água benta no ajuste fiscal promovido pelo atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, um homem do mercado, ex-Bradesco. É necessário, explica. Os resultados irão aparecer em 2016 e no ano de 2017, calcula. A economia voltará a crescer, retomará o ritmo da era Luiz Inácio Lula da Silva [2003-2006 e 2007-2010], a crise política irá se dissipar e o porcentual de aprovação de Dilma Rousseff voltará a crescer, diz
– Mas é preciso realizar uma reforma tributária, taxar as grandes fortunas, reduzir o nível do arrocho e atenuar os efeitos da crise internacional no Brasil. Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Japão apresentam sinais de crise e houve uma desaceleração do crescimento da Ásia, em particular, da China, uma das principais parceiras comerciais do Brasil.
A renúncia ou mesmo o impeachment de Dilma Rousseff não fazem parte de nossa agenda política, atira. O governo federal possui uma base parlamentar que impedirá a aprovação de qualquer pedido de impedimento, dispara o cardeal da sigla. Dilma Rousseff terminará o seu mandato, apesar da tentativa de golpe do PSDB e do DEM, acredita e denuncia. Luiz Inácio Lula da Silva será candidato ao Palácio do Planalto em 2018, avisa.
– Lula voltará para colocar o Brasil no ranking mundial das grandes potências!
Especialista em gestão pública e em História Econômica do Brasil, o historiador reclama ao Diário da Manhã que a proposta de reforma tributária não anda no Congresso Nacional. É necessário simplificar o sistema e quebrar a espinha-dorsal da sonegação de impostos no País, insiste. O que contribuiria para a ampliação da base da arrecadação pela União, estados e municípios, emenda. Essas mudanças são essenciais, crê.
O petista joga água benta na resolução do Supremo Tribunal Federal [STF], que veta doações privadas para as campanhas políticas e eleitorais já a partir do pleito municipal de 2016. O poder econômico contaminava a democracia e o processo eleitoral, sublinha, indignado. “Para exterminar com o Caixa 2, é preciso uma fiscalização mais rigorosa e atuação firme do Ministério Público e do Tribunal Superior Eleitoral”, metralha.
Capital
O parlamentar relata que 80 obras estão em andamento na administração municipal e que Goiânia adotará um estilo de vida sustentável. Jeovalter Correia, secretário de Finanças do município, promove o equilíbrio orçamentário e financeiro, amplia a receita e permitirá a execução de um pacote de obras e serviços em parcerias com o Governo Federal, registra, empolgado o dirigente da tendência light [Moderada] ‘Movimento PT’.
O cardeal do bloco Mensagem ao Partido afirma que faz parte também do centro da tática do Partido dos Trabalhadores, hoje, a reeleição do prefeito de Anápolis, João Gomes, a celebração de uma aliança com Maguito Vilela no município de Aparecida de Goiânia para 2016 e a recuperação econômica e financeira da administração de Goiânia para que a estrela vermelha chegue em junho do ano que vem com força política e eleitoral.
O capa preta, velho jargão usado nas conversas da esquerda do cerrado, conta que a legenda pretende dobrar o número de prefeitos nas próximas eleições. O partido elegeu 17, em 2012, mas expulsou quatro, em 2014, por infidelidade partidária, explica. A meta é pular de 30 para 60 o número de vices, ampliar a quantidade de vereadores e se consolidar, com a criação de diretórios municipais, em mais 80 cidades de Goiás, observa.
De linhagem socialdemocrata, ele critica o conceito de Estado Mínimo que supostamente teria inspirado a reforma administrativa do Governo do Estado de Goias, com Marconi Ferreira Perillo [PSDB]. Luís Cesar ataca as Organizações Sociais [OS]. Ele defende, porém, uma reengenharia do Paço Municipal para equilibrar as finanças públicas e promover a retomada das obras, serviços e programas do prefeito da Capital.
Aos 53 anos de idade, o historiador formula críticas ao projeto que propôs a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF] no âmbito estadual, apresentada pela secretária de Estado da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, casada com o economista Pérsio Arida, e filha da senadora federal Lúcia Vânia Abrão Costa e do conselheiro aposentado do TCM [Tribunal de Contas dos Municípios] e também escritor e colunista Irapuan Costa Júnior.
– A LRF Estadual retira prerrogativas do Legislativo, atribui o poder de concessões fiscais apenas ao poder Executivo. É autoritária…
PERFIL
Nome: Luís Cesar Bueno e Freitas
Idade: 53
Partido: PT
Cargo: Presidente Municipal
Funções: Deputado estadual e líder da bancada
Tendência interna: Movimento PT
Linhagem: Socialdemocrata
Formação: É Historiador e especialista em Políticas Públicas
O PT em números
1 É o número de cadeira na Câmara Federal do PT
4 É o número de deputados estaduais do PT
13 É o número de prefeitos do PT em Goiás
148 É o número de diretórios e comissões municipais do PT
1 É o número de vereador em Goiânia
17 É o número de cargos do PT no 1º escalão em Goiânia