Rubens Otoni defende aliança PT-PMDB e critica golpismo
Redação DM
Publicado em 7 de agosto de 2015 às 22:56 | Atualizado há 10 anosEm entrevista a Rubens Salomão, Kleber Ferreira e Eduardo Horário na Rádio 730, o deputado federal Rubens Otoni (PT) saiu em defesa do ex-ministro José Dirceu, preso na 17ª ação da Operação Lava Jato. Segundo ele, esta e outras prisões estão indo contra o pleno estado democrático de direito, principalmente a presunção de inocência. Otoni questiona como é possível prender alguém que já estava preso, sob cuidados da Justiça, em sentença do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar diz que o governo trabalha para desarmar a dita “pauta-bomba”, prevista pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, é preciso desmistificar a figura de Cunha, que “sempre esteve na oposição, tendo inclusive feito campanha para Aécio Neves contra a presidente Dilma”.
Rubens diz que o governo trabalha pela união de todos – parlamentares ou não – que querem tirar o País da crise e não apostam no quanto pior, melhor. Adverte que o Brasil não é uma ilha, e que sofre as consequências da crise econômica que afeta os EUA, a Europa e também a China. Neste sentido, elogia a postura do governador Marconi Perillo (PSDB), que se distancia do discurso golpista de outros tucanos como o senador Aécio Neves (MG) e do ex-presidente Fernando Henrique (SP). Rubens Otoni defende a aliança entre o PT e o PMDB nas principais cidades do Estado e avisa que vai trabalhar contra a privatização da Celg. Veja abaixo os principais trechos de sua entrevista:
Entrevista
DM:Como o senhor avalia a chamada “pauta-bomba” que o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, promete detonar nas votações deste semestre?
Rubens Otoni – Existe uma vontade de ajudar o país para sair desta crise que é mundial. E há outros que querem dificultar os trtabalhos do governo, e criar empecilhos para a retomada do crescimento. Espero que prevaleça o bom senso e não o quanto pior, melhor. Agora, não tem muita novidade. Ele (Eduardo Cunha) fez uma divulgação de rompimento com o govferno, não tem novidade. Ele faz parrte da ala do PMDB que não apoiou a presidente Dilma na campanha eleitoral. Ele fez campanha para o Aécio. Eduardo Cunha foi para a disputa da presidência da Câmara Federal contra o cadindato apoiado pedo governo, que era o Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele sempre foi oposição ao governo. Então não houve nenhum rompimento, este jogo de cena que está havendo é porque estamos vivendo este momento de investigações de um lado e de outro, e enquanto as investigações eram com outros, nada se falava, quando chegaram nele, teve que se esperenar e dar suas justificativas. Em relação à governabilidade, o que existe é a necessidade do governo dar mais atenção às suas lideranças, fazer a unidade de um bloco daqueles políticos, que independente de partidos, tem a responsabilidade de pensar no todo, que não apostam no quanto pior melhor, que trabalham com bom senso. E isto podemos buscar não só no governo, mas também na oposição, onde há elementos que também tem responsabilidade com o país.
DM: Faltou ao PT fazer a defesa do ex-ministro José Dirceu?
Rubens Otoni – O que devemos deixar claro é que quando saímos em defesa de nossas lideranças, como José Dirceu, não se pode confundir isto, com argumentos de alguns seguimentos da oposição e da mídia, que querem dizer que o PT é contrário às investigações. Não somos contra investigação. Defendemos que estas investigações – e tudo que tem que ser feito no combate à corrupção -, que tudo seja feito nos marcos da legalidade. No caso de Zé Dirceu, é no mínimo um desprósito todo este aparato midiático para alguém que já está preso, que já estava sob os cuidados da Justiça. Isto me aparece que vai abrindo os olhos da população de que está se construindo um Estado de Exceção, numa afronta à Constituição e à democracia. Isto o PT não aceita. Vamos contrapor estas ameaças de criminalizar o PT para destruí-lo, fazendo a defesa da democracia e de que estas investigações sejam feitas dentro do marco do Estado de Direito.
DM: A forma como a Lava Jato está sendo conduzida viola as garantias democráticas?
Rubens Otoni – Por exemplo, o princípio da presunção da inocência está sendo violado e existe um espetáculo jurídico-político-midiático, que se sobrepõe aquela necessária produção de provas para inculpar previamente reus indiciados. Esta posição é clara do partido, e isto está presente na nota divulgada. Não é a situação individual (de José Dirceu). Há uma situação geral da democracia, que neste caso entra José Dirceu, mas abarca todas estas pessoas. O PT deixa claro que é favorável a apuração de crimes envolvendo a apropriação privada de recursos públicos, de eventuais malfeitos no governo por empresas públicas ou privadas. Defendemos a punição dos corruptos e corruptores, mas não admitimos que isto seja realizado fora dos marcos do Estado Democrático de Direito.
DM: Como avalia a defesa que o governador Marconi Perillo tem feito em relação à presidente Dilma Rousseff?
Rubens Otoni – Neste momento delicado que o Brasil vive, e é preciso dizer que ocorre uma crise econômica mundial, que que bateu forte nos Estados Unidos, na Europa, na China e fez com que países expressivos da Europa tenham taxas de desemprego acima de 25% . Esta crise chegou também ao Brasil, e, vale dizer, se tem um lugar onde esta crise chegou mais leve foi no Brasil, justamente por causa das medidas responsáveis tomadas pelo presidente Lula e pela presidente Dilma. Neste momento delicado nós precisamos perceber que há a necessidade de pensar no Brasil como um todo, e não a postura de apostar no quanto pior, melhor. Esta postura de bom-senso, é preciso buscá-la não apenas naqueles que são governo, mas entre aqueles que pensam o país. E em varios partidos esta busca tem sido feita, inclusive na Câmara dos Deputados.onde estão sendo feitas conversas entre aqueles que defendem o país, que defendem a democracia. Neste sentido é muito bem-vindo o gesto daquelas lideranças – independente de partido -, e isto inclui o governador (Marconi Perillo) -, que demonstra que ao Estado de Goiás também não interessa este clima de quanto pior melhor, que algumas lideranças insistem em perseguir.
DM: O PT defende a privatização da Celg?
Rubens Otoni – Sou contrário, e alguns tem me questionado, se não é incoerência minha por ser deputado do PT, da base do governo federal, uma vez que 51%das ações da Celg estão com a União. Digo que não é incoerência minha, porque eu estou no mesmo lugar.. Era contrário à privatização da Celg quando suas ações majoritariamente estavam nas mãos do governo do Estado, e continuo sendo contrário, porque vejo que isto não interessa ao povo de Goiás. Estamos trabalhando em Brasília mostrar ao governo federal, que esta postura defendida pelo governo de Goiás e que foi empurrada para o governo federal, não é a melhor postura para os funcionários da Celg, para a própria companhia e para o Estado de Goiás. Vejo que não é também a melhor postura para aquilo que defendemos no tratamento da energia elétrica no país. Estamos trabalhando junto ao governo federal para mostrar que este debate que foi gestado aqui em Goiás junto ao Ministério de Minas e Energia, não seja levado adiante.
DM: Como avalia a aliança PT-PMDB em Anápolis, Goiânia e Aparecida?
Rubens Otoni – Vejo que esta aliança PT-PMDB é uma aliança nacional. Michel Temer é o vice-presidente da República e em todos os lugares onde puder ser consolidada esta aliança ela será feita. As eleições municipais se dão no âmbito daquele colégio eleitoral, então teremos muitos municípios onde teremos a aliança PT-PMDB e noutros estaremos disputando. Vai depender da realidade de cada município. Da nossa parte vamos incentivar. Em Goiânia, por exemplo, temos uma aliança exitosa entre PT e PMDB que já venceu duas vezes seguidas. Apesar de dificuldades momentâneas, acho que o ideal é que esta aliança se consolide, porque ela interessa aos dois lados. Trabalho para que esta aliança se efetive em cada município, evidetemente, respeitando a realidade local e a leitura que cada dirigente nosso fará de sua cidade.
“O PT deixa claro que é favorável à apuração de crimes envolvendo a apropriação privada de recursos públicos, de eventuais mal-feitos no governo por empresas públicas ou privadas”
“Em Goiânia, por exemplo, temos uma aliança exitosa entre PT e PMDB que já venceu duas vezes seguidas. Acho que o ideal é que esta aliança se consolide, porque ela interessa aos dois lados”