Tarifaço dos EUA escancara racha na direita e isola Bolsonaro
Redação Online
Publicado em 15 de julho de 2025 às 18:35 | Atualizado há 8 horas
O anúncio de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, feito pelo então presidente Donald Trump no início de julho de 2025, causou impacto imediato na economia de São Paulo principal estado exportador do Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, afeta diretamente setores como o aço, a carne, a laranja e o café.
Diante do novo cenário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reuniu-se nesta terça-feira (15) com exportadores paulistas e com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, para discutir os impactos do tarifaço e tentar encontrar caminhos diplomáticos e econômicos para mitigar os prejuízos.
Tarcísio, que inicialmente atribuiu a culpa ao governo federal e ao presidente Lula, recuou do tom crítico e passou a defender união de esforços entre os entes federativos para proteger a economia paulista. O governador tenta evitar contaminação política e busca preservar os setores produtivos mais atingidos, sem alinhar-se diretamente a teses defendidas por Jair Bolsonaro.
A postura de Tarcísio irritou o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que usou as redes sociais para acusar o governador de “subserviência servil às elites” por negociar com os americanos em vez de pressionar o STF por uma anistia ampla aos réus do 8 de janeiro.
Eduardo sustenta que a retaliação dos Estados Unidos estaria diretamente ligada ao julgamento de Jair Bolsonaro, e que o Brasil deveria responder politicamente, e não economicamente, à medida de Trump.
A crise revelou um racha no campo bolsonarista. De um lado, Eduardo tenta manter a narrativa de perseguição ao ex-presidente; de outro, Tarcísio desponta como figura mais pragmática, com discurso técnico e foco na viabilidade econômica movimento interpretado por aliados como tentativa de viabilizar sua candidatura à presidência em 2026.
O Palácio do Planalto, por sua vez, considera inaceitável misturar interesses econômicos com pressões políticas e reafirma que o Executivo não intervirá em processos judiciais em andamento. Segundo interlocutores do governo Lula, ceder à pressão de Trump equivaleria a submeter a soberania nacional a interesses externos.