Política

Tarzan de Castro segundo Tarzan de Castro

Redação DM

Publicado em 24 de julho de 2016 às 02:23 | Atualizado há 8 meses

O goiano-matogrossense, que liderou o movimento estudantil secundarista em Goiânia, nos anos 50, foi dirigente das Ligas Camponesas, fez tiro de guerra na China e militou na Ala Vermelha do PC do B, conta a vida de um guerrilheiro que nunca atirou em ninguém

Vidas, lutas e sonhos, de Tarzan de Castro, é um livro bem escrito e de leitura agradável, apesar do título bucrocrático e de errinhos de grafia de nomes aqui e ali que podem ser revisados em uma próxima edição. Não comprometem a qualidade literária da obra.

Tarzan afastou-se da vida pública há umas duas décadas. Disputou sua última eleição, para deputado federal, em l986, filiado ao PDT, partido que esteve coligado em torno de Mauro Borges, que disputou e perdeu para Henrique Santillo a eleição para governador. Tarzan ficou na primeira suplência. Assumiu o cargo quando o titular Siqueira Campos foi eleito governador pro-tempore do recém instalado Estado do Tocantins. Depois de cumprido o seu mandato, não se candidatou mais. Limitou sua atuação política esporádica a dar conselhos a candidatos. Enveredou pelo jornalismo e, por fim, se lança escritor com esta sua obra confessional.

Os menores de 20 anos certamente não sabem de quem se trata. Ele foi, ma minha opinião e na de muitos, o maior líder estudantil que já houve em Goiás. Fez parte da elite de agitadores políticos que tirou o sono dos generais que estabeleceram a ditadura militar de 1964. Ditadura que alguns, por falta de traquejo em lógica, chamam equivocadamente de “civil-militar”. A ditadura foi “militar”, mas aqui e agora não é lugar nem tempo de demonstrar a veracidade desta proposição. Fica para melhor ocasião.

Tarzan passou pelo itinerário padrão do militante da esquerda radical dos anos 50 e 60. Foi a Cuba de Fidel, à China de Mao Tse Tung, envolveu-se com projetos de guerrilha rural, mas teve o bom senso de passar ao largo da guerrilha urbana; depois foi preso, torturado e asilado. Por quê “asilado” e não “exilado”?

Segundo depoimento de Tarzan, ele saiu do país volutariamente depois de, cumprida sua pena, ter sido colocado em liberdade. Ou melhor, depois de ter sido solto, pois nos tempos da ditadura ninguém estava em liberdade. Não existia isso. Quando respondia a um interrogatório, nos tempos da cana dura, Tarzan ficou a sós por um breve instante com um oficial do Exército cujo nome ele não lembra. Aproveitando a fugaz privacidade, o oficial lhe disse, em resumo, que ele, Tarzan, estava marcado para morrer. Quando saísse da prisão, os caçadores de comunistas dariam um jeito de pegá-lo, e de matá-lo. O oficial aconselhou-o a deixar o país assim que botasse os pés fora da cadeia. Foi o que Tarzan fez. Com pouca bagagem e dinheiro quase nenhum, se mandou para o Chile pré-Pinochet. Lá já o esperava sua mulher, a uruguaia Maria Cristina Rizzi, mãe de um dos seus filhos.

Após o golpe de Pinochet, Tarzan, assim como muitos estrangeiros exilados, foi preso e novamente torturado. Presenciou os mais infames e inacreditáveis atos de selvageria que se pode conceber. Os nazistas eram bons e delicados rapazes comparados aos golpistas chilenos. A pressão internacional obrigou Pinochet a libertar os estrangeiros. De Santiago, Tarzan foi para Paris, onde ficou seis anos, estudanto, trabalhando e, claro, ninguém é de ferro, se divertindo.

Comédia pastelão

Vamos a um breve prontuário da fera. Tarzan nasceu em l938, em Alto Araguaia, no Mato Grosso, na margem esquerda do rio Araguaia. Já nasceu, portanto, à esquerda, embora tecnicamente fosse mesmo goiano. Na outra margem fica situada Santa Rita do Araguaia. De lá a família se mudou para Jataí, onde Tarzan passou a infância, trabalhando desde cedo como todo menino pobre. Lá, conheceu um político, de quem ficou amigo por tdoa a vida e que muito o ajudou: José Feliciano.

Feliciano viabilizou a vinda de Tarzan para Goiânia. Conseguiu para ele um emprego de bedel no Lyceu de Goiânia. Ali, Tarzan foi, também, aluno. Queria ser diretor e ator de teatro, ou de cinema. Envolveu-se no teatro amador. Mas, nos anos 50, as artes andavam de mãos dadas com a política. Logo Tarzan se fez líder estudantil, presidente de grêmio, organizador de greves. Evoluiu de um nacionalismo tosco, quase nativista, para o comunismo convencional da época. Era, antes de tudo, hostil aos Estados Unidos e a tudo que o “grande irmão” do Norte representava. Tempos de guerra fria, de dicotomina ideológica. Ou EUA ou URSS, não havia meio termo.

Tarzan foi um dos organizadores da manifestação estudantil de cinco de março de 1959, um domingo à noite. Foi reprimida a bala pela polícia estadual. Alfredo Nassser escreveu, à época, violento artigo contra o governador José Feliciano, chamando-o de sanguinário. Um jovem estudante que tomava parte no movimento, chamado Batista Custódio, fez no dia seguinte um jornal clamando por justiça e denunciando os poderes opressores da terra. A publicação saiu com o nome “Cinco de Março”, sendo que de suas entranhas nasceu esta folha que o gentil leitor tem em mãos, o Diário da Manhã.

Tarzan sustenta que José Feliciano não mandou reprimir a manifestação. Foi, garante, ação arbitrária do secretário de Segurança Pública. Os estudantes foram ao palácio pedir a cabeça do secretário, com Tarzan fazendo o discurso acusatório. Feliciano exonerou o secretário de Segurança Pública e, para o lugar dele, nomeou alguém simpático ao movimento estudantil.

Tarzan foi ficando cada vez mais importante e famoso. O movimento secundarista era a vanguarda das lutas populares. Todos os políticos da geração dos anos 50 e 60 passaram pela escola da agitação secundarista, inclusive respeitáveis figuras do conservaorismo: Olintho Meirelles, Henrique Meirelles, Iris Reszende Machado, etc.

Filho de Pedro Ludolvico Teixeira, o coronel do Exército Mauro Borges Teixeira elegeu-se governador pela legenda do PSD. Não era pessedista ordoxo. Tinha ideias avançadas para a época. Nacionalista e desenvolvimentista, Mauro deu apoio aos movimentos populares e trouxe Tarzan, de quem se tornou amigo, para ser seu oficial de gabinete. Tarzan ligava o governo Mauro às massas populares. Naquele tempo, e ainda hoje, o nacionalismo é uma posição “de esquerda”. Nacionalistas e esquerdistas de todos os matizes sempre foram aliados naturais. O liberalismo verde-amarelo muitas vezes encarou o nacionalismo com mais hostilidade do que a dedicada ao comunismo. O gople de 1964, com sua retórica anticomunista, foi muito mais uma ação contra o getulismo e o nacionalismo em geral. De um modo geral, os militares que fizeram 1964 não eram nacionalistas, mas “patriotas”, devotos de um nacionalismo primário que não vai além do nativismo nostálgico e do culto alienado aos símbolos positivistas da pátria.

Apesar do cargo que ocupava no governo, Tarzan continuou sua militância política no movimento estudantil, descambando cada vez mais para o radicalismo. Os tempos convidavam ao radicalismo. Tarzan vira dirigente nacional do movimento estudantil e vai morar no Rio. Vai a Cuba representar os estudantes. Lá, se enturma com gente de Francisco Julião. Vira dirigente das Ligas Camponeses.

Tarzan tem, hoje, uma visão crítica daquele movimento. Uma crítica implacável. Aquilo foi uma insanidade. Em pleno governo democrático, o de João Goulart, um governo comprometido com importantes reformas estruturais de grande alcance social, uns cabeçudos instalam focos guerrilheiros pelo país afora.

Os centros de guerrilha de Julião eram piadas de mau gosto. Comédias pastelão. Antônio José de Moura, em sua novela Dias de fogo, ridiculariza tudo aquilo. Uma dos focos foi instalado em Dianópolis, hoje situada no Estado do Tocantins. Tarzan soube que a base estava a um passo da queda. Foi conferir in loco. Estava mesmo. Propôs a imedidata desativação do foco e a dispersão dos guerrilheiros de fancaria. Buscou o apoio de um diplomata cubano para informar Fidel a respeito do equívoco que Cuba estava promovendo no Brasil. O relatório enviado a Cuba caiu nas mãos da CIA. O avião em que o portador viajava caiu nos Andes. Não houve sobreviventes. A CIA apoderou-se da mala diplomática e lá encontrou a prova de que Havana patrocinava a luta armada no Brasil.

Tarzan virou manchete nacional. Carlos Lacerda chegou a dizer que o movimento era dirigido no Brasil por um primo de Fidel Castro: Tarzan de Castro. Nada a ver, mas a piada era muito boa. Tarzan teve que deixar o governo. Mauro ficou muito mal na história. Apesar de ter aplaudido o golpe e de ter sido um dos artífices da eleição de Castello Branco, Mauro estava na alça de mira da linha dura. Tarzan foi preso e levado ao quartel do 10° BC. Foi torturado para assinar um documento em que imputava a Mauro Borges o comando da subversão armada em Goiás. Tarzan se negou a isso. Mesmo assim, Mauro foi deposto com base em um inquérito instruído com provas ilicítias e depoimentos falsos obtidos sob tortura.

Tarzan foi solto depois da queda de Mauro. À porta da prisão, porém, uma viatura policial já o aguardava, para levá-lo a outra cadeia, por conta de outras broncas políticas. Escapou com a ajuda de parentes e amigos. Foi, então, viver na clandestinidade. João Amazonas em pessoa o recutou para o PC do B. Sob os auspícios do PC do B, Tarzan foi mandado à China para fazer cursos de ação política de adestramento militar. Entre outros, estavam também na turma os goianos Gerson Parreira, Elio Cabral e Zezinho do Araguaia. O PC do B estava preparando, então, a guerrilha do Araguaia. Mas nem Tarzan, nem Elio, nem Gerson iriam para o Araguaia. Zezinho foi e sobreviveu a ela.

A vida na China foi boa. Muito estudo e treinamento, mas também belos passeios pelo país. Contatos com Xu En Lai e o próprio Mao Tse Tung. A China delirava sob a Revolução Cultural de Mao e seu camaradinha Lin Piao. Os trocadilhistas infames diziam que, na China, as coisas iam de Mao a Piao. A CIA seguiu os passos dos brasileiros que foram fazer tiro de guerra na China. O retorno ao Brasil foi uma operação complicada. Retornaram clandestinamente ao país. Tarzan, Elio e Gerson penetraram pela fronteira da Guiana Holandesa, se passando por contrabandistas de café e ajudados pelas guarnições de fronteira do Exército. Os guardiões da fronteira nem de longe suspeitavam que aqueles rapazes simpáticos, que ainda fizeram a eles o favor de levar encomendas a parentes e amigos, eram, na verdade, o inimigo.

Fuga da Lage

O PC do B instalou Tarzan no interior de São Paulo, onde ele deveria aguardar ordens para entrar em ação. Foi identificado e preso. Trancafiaram-no na Fortaleza da Lage, um rochedo imundo no meio da baía da Guanabara. Lá já estavam os goianos Gerson Parreira e James Allen Luz. Tiveram eles a subida honra de serem trancafiados onde outrora estiveram a ferros o grande Bento Gonçalves e o poeta Olavo Bilac.

A fuga da fortaleza da Lage foi deveras rocambolesca. Cinematográfica, diriam alguns. Uma façanha e tanto. Ouvi a história pela primeira vez de Gerson Parreira. A versão de Tarzan é idêntica. Resumo a ópera. James Allen, que era muito conversador e carismático, aliciou o chefe da guarda para a causa revolucionária. O Cabo Arrais providenciou um barqueiro para evadi-los da ilhota. Numa bela tarde, os três, aproveitando a negligência dos soldados, tomaram-lhes as armas e os prenderam nas celas. Atravessaram a baía remando, chegando à praia do Flamengo no cair da noite. Correram até a embaixada do Uruguai, pularam o muro e solicitaram asilo.

Os grandes jornais brasileiros deram a notícia em manchetes sensacionalistas. O asilo foi concedido, menos ao Cabo Arrais, considerado desertor. Arrais se entrou e foi julgado por crime militar. Desapareceu na poeira da história. Depois de negaças, rastros de onça e blefes, a ditadura afinal concedeu salvo-conduto para os três goianos. Viajaram para Montevideu em um avião da Força Aérea Uruguaia. Durante o voou, Tarzan conheceu Maria Cristina, uruguaia, sua companheira de lutas e sua mulher por mais de 10 anos.

A vida em Montevideu não era fácil. Como muitos bralileiros exilados no Uruagai, retornou cladestinamente ao Brasil, junto com Cristina. Foi operar em Recife, agora sob a bandeira da legendária Ala Vermelha do PC do B. A Ala Vermelha do PC do B não era, na verdade, do PC do B. Era uma dissidência à esquerda do partido de João Amazonas. O goiano Élio Cabral era um de seus dirigentes. Foi ele que levou Tarzan para a nova organização.

Durante sua estada na embaixada do Uruguai, Tarzan recebeu a informação de que fora expulso do PC do B. O partido não se empolgou com a fuga que havia desmoralizado a ditadura. Avaliou que Tarzan fora, na verdade, favorecido pela repressão, pois, segundo os juízes do tribunal vermelho, ele, Tarzan, tinha virado agente da CIA. Tarzan conta que a CIA, de fato, tentou aliciá-lo. Tarzan preferiu continuar na cadeia, apanhando, a trabalhar para os americanos.

Dialética da exclusão

A expulsão do PC do B causou profundo sofrimento em Tarzan. Uma injustiça tremenda. Durante anos ele se ressentiu da acusação caluniosa de ser agente da CIA. Não teve direito a defesa. Foi condenado sem provas e a revelia. A esquerda brasileira também era capaz de mesquinharias e infâmias. O PC do B nunca fez alto crítica desta decisão criminosa, nunca teve interesse em reabilitar moralmente um dos seus melhores quadros.

Preso em Recife, Tarzan foi novamente torturado. Foi testemunha das sevícias que vitimaram Odijas de Carvalho, e que o levaram à morte. Tarzan presenciou os soldados retirando-o, já moribundo, da cela em que estava. Anos depois, já deputado estadual, foi a Recife depor sobre o caso. O depoimento de Tarzan arruinou a carreira acadêmica de Armando Samico, à época secretário de Segurança Pública de Pernambuco e autor de versões mentirosas sobre a morte do rapaz.

Tarzan chegou a ficar quase três meses preso incomunicável numa pocilga. Esteve à beira da loucura. Saiu de lá para o presídio de Linhares. Foi afinal julgado e condenado por uma corte militar. Sua pena foi reduzida pelo STF. Saiu da cadeia diretamente para o Chile, como já foi dito. Pós-Pinochet, exilou-se em Paris.

Tarzan qualifica de “anos de reflexão” o tempo em que viveu na França. Além de estudar e trabalhar, participava de debates políticos com a comunidade brasileira de exilados. Esteve com Prestes e com Gregório Bezerra. Conviveu com Armênio Guedes. Todos dirigentes do vestuto PCB, o “partidão” velho de guerra.

O partidão de Prestes foi a única organização brasileira de esquerda que não se deixou seduzir pelo fascínio pequeno-burguês da luta armada. Prestes vinha da experiência da Coluna, da Intetona, dos 10 anos de cadeia sob Getúlio, dos anos de clandestinidade e do exílio. Ex-oficial do Exército, egresso do tenentismo, Prestes conhecia seu gado. Dizia que a ditadura de l964 não seria episódio passageiro. Os militares tinham um projeto de poder e não o entregariam facilmente aos civis. Via a estagégia da luta armada como equivocada, improdutiva, água levada ao moinho da ditadura. Apontava a ação de resistência política nas bases da sociedade como alternativa imedidata. Defendia a ação eleitoral no âmbito do PMDB. Os comunistas do partidão, junto com as comunidades eclesiais de base, muito contribuíram para formar uma consciência democrática que levaria ao colapso político da ditadura.

Mas o partidão estava dividido ideologicamente. A ala prestista via a luta pela democracia como uma etapa da luta pelo socialismo à moda soviética. Uma ala mais jovem se deixava encantar pelo “eurocomunismo”, cujo referencial teórico era o comunista italiano Antonio Gramsci, o teórico do “bloco histórico” e da “hegemonia”. Esta ideias desaguaram na doutrina da democracia como valor universal, formulada pelo teórico comunista brasileiro Nelson Coutinho.

Tarzan aderiu ao PCB ainda em Paris. Ao voltar para Goiás, filiou-se ao MDB e depois ao PMDB. Juntou-se ao grupo Mauro-Derval, teve rusgas com Henrique Santillo e apoiou Iris Rezende. Seguiu Mauro Borges quando este rompeu com Iris. Não foi um deputado brilhante. O parlamento, ao que parece, nunca o animou. Tarzan nunca deixará de ser o agitador, o organizador de lutas populares que foi nos melhores dias de sua juventude.

De bem com a vida

Tendo ensarilhado o sabre depois de décadas como espadachim profissional, Tarzan voltou-se para seus negócios, sua família e seus muitos amigos. Passado dos 80 anos, mas sempre jovial e com pinta de garotão de praia, celebra todos os dias a alegria de viver.

Pelo que passou, ele poderia ter virado mais um desses memorialistas amargos, revanchistas e rancorosos que pululam na velha guarda esquerdista. Mas ele não é nada disso. O bom humor, pontuado por piadinhas autodepreciativas bem à moda judaica, pontuam todo o texto de Tarzan. Um texto em que reminiscências passam pelo excrutínio da análise crítica e autocrítica.

Tarzan era o que hoje chamamos de “mulherengo”. Ele conta, além de suas peripécias de paladino da justiça social, suas façanhas amorosas, com alguns relatos quase explícitos. Iniciando-se aos 12 anos com uma, como direi, profissional do sexo, Tarzan nunca perdeu uma oportunidade para exercer seus dotes libertinos. Especialmente deliciosa é a narrativa do caso que teve, quando ainda jovem imberbe, com uma freirinha. Ela subia a barra da batina e… Bem, o leitor que imagine o resto! Foram muitas as mulheres, as companheiras e os filhos. Teve até “menage a trois” em Paris, onde o que não falta é marido complascente.

Maria Cristina, a urugaia, que dividiu cela no Doi-Codi, São Paulo, com Dilma Rousseff, foi um grande amor. Tarzan sempre fala dela com carinho e respeito. Faz a ela um agradecimento especial. Mas seu grande amor é Geralda, com quem está casado há trinta anos e fez com que ele sossegasse o facho.

Por último, mas não menos importante, aliás o mais importante, cabe falar de Baiana. Este era o apelido carinhoso que Tarzan dera a sua mãe. Uma verdadeira mãe coragem gorkiana. Joaquina Ramos de Castro, apreciadora das novelas de Edgar Rice Bouroughes, o criador do Tarzan, o rei das Selvas, sempre apoiou o filho em sua luta política. Chegou a militar no PC do B, embora tivesse lá suas devoções católicas. Lutou pelo filho quando este gramou cadeia e apanhou dos toturadores.

Quando Tarzan chegou a Goiânia, no Aeroporto Santa Genoveva, os dois trocaram um abraço apertado e comovente. Eu estava lá. Eu vi. Baiana já é morta. Outra morte que causou dor profunda a Tarzan foi a de seu irmão Erlan, mais do que irmão, um companheiro de luta. Tarzan estava na clandestinidade quando soube do passamento do irmão, vítima de problemas respiratórios. Chorou o dia inteiro, copiosamente, desesperadamente, daquele jeito que só cabra que é macho sabe chorar.

 

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