“Tiraram Dilma, que era honesta, e o país piorou”
Redação DM
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 01:53 | Atualizado há 8 anos“ Tiraram uma presidenta honesta, trabalhadeira, comprometida com um projeto de nação e no lugar colocaram um governo sem sensibilidade social, que não tem compromisso com o povo, mas somente com os bancos e com os seguimentos mais retrógrados da política e da economia”. Este é o entendimento do deputado federal Rubens Otoni (PT), sobre a situação do país sob o governo de Michel Temer (PMDB).
A avaliação de Otoni reflete um sentimento que está crescente nas ruas, de que Dilma caiu porque reagiu a ação da quadrilha que hoje comanda o país. Esta sensação aumentou após a delação do ex-vice-presidente da Odebrecht, Márcio Faria, que disse que a presidenta Dilma Roussef (PT) cortou em 43% contrato de propina entre a Odebrecht e a Petrobrás. Este corte, feito pela ex-presidenta da Petrobrás, Graça Foster, teria sido o motivo da queda da presidenta, pois entre os beneficiados pela maracutaia estavam Michel Temer e Eduardo Cunha.
De acordo com a delação premiada do executivo Márcio Faria, reitera Otoni, ocorreu um encontro no escritório de Michel Temer, em São Paulo, com Eduardo Cunha e o lobista João Augusto Henriques, às vésperas da eleição presidencial de 2010. Neste encontro, segundo o delator, teria ficado acertado que a Odebrecht faria doações ao PMDB, tendo como contrapartida contratos na área internacional da Petrobras, que era comandada pelo partido. Ou seja: a doação era propina. “Sem ter como negar o encontro, Temer o confirmou, mas disse que, se alguém pediu dinheiro, foi Cunha, não ele. E o contrato em questão dizia respeito à manutenção de plataformas da Petrobras no exterior pelo PMDB”
Resumindo: em 2013, após uma auditoria interna, a gestão da ex-presidente Graça Foster na Petrobras cortou em 43% o valor do contrato com a Odebrecht, que caiu de US$ 840 milhões para US$ 480 milhões, numa decisão que revoltou o PMDB, o então vice-presidente Michel Temer e seus principais aliados.
Diante do exposto, fica claro mais um indício de que o golpe parlamentar de 2016 foi uma reação de forças corruptas da política brasileira contra a presidente honesta, concluiu o deputado Rubens Otoni.
Reação
Rubens Otoni comentou o panorama político nacional em em entrevista à Radio 730 no programa Primeiro Tempo da Notícia. O parlamentar fez duras críticas às medidas da Proposta de Emenda à Constituição (PEC-55) que limita os gastos públicos, aprovada na Câmara e Senado Federal. Oposição ao governo golpista, Otoni frisa que as medidas não contribuem para superar a crise, e representam um desastre na economia nacional.
Confira a entrevista
PEC-55
“Medidas desastrosas, que ao invés de contribuírem para superar vai aprofundar a crise que nós estamos vivendo, e setores expressivos da nossa sociedade ainda não estão entendendo o que está acontecendo. São desastrosas porque cortam gastos importantes nas áreas estratégicas de Saúde, Educação e Assistência Social, mas não têm impacto apenas na vida do trabalhador, mas na vida do empresariado nacional”, afirma.
Dilma
O parlamentar foi um dos 137 que votaram contra o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no plenário da Câmara, no último mês de abril. Otoni ressalta que a saída da petista à frente do Executivo não tirou o país da recessão.
“Falava-se que o problema era a Dilma, o PT, que se tirasse a Dilma, a situação econômica estaria resolvida. As medidas que estão sendo tomadas aprofundam ainda mais a crise porque hoje nós temos um governo que é subserviente aos interesses do sistema financeiro internacional”, pondera.
Reforma da Previdência
Uma das principais mudanças propostas pelo governo é a que fixa a idade mínima de 65 anos para requerer aposentadoria e eleva o tempo mínimo de contribuição de 15 anos para 25 anos. Para Otoni, a medida acaba com o benefício. “A proposta que está sendo apresentada praticamente acaba com a aposentadoria. Com essa proposta, para se aposentar com essa proposta, se ela for aprovada, eu não acredito que seja, eles não darão conta porque esse governo não tem legitimidade para isso e cada vez tem menos condição de aprovar matérias, está numa situação difícil; mas se aprovada essa proposta da previdência, para garantir a aposentadoria integral, tem que passar dos 70 anos”, pondera.
Temer cai
Para Rubens Otoni, avalia que o peemedebista não fica à frente do país por muito tempo e que a base de Temer no Congresso não lhe garante estabilidade. Segundo ele, faltam ao governo gopista:
Legitimidade
“Está imprevisível em Brasília. Estamos vivendo o momento mais turbulento, inseguro e de maior instabilidade, eu diria até das instituições, desde a ditadura militar. Por isso, vejo que ele (Temer) não tem condição nenhuma de se sustentar porque não tem a legitimidade popular. Ele não veio das urnas, não tem voto. Ele chegou ao poder através de um golpe parlamentar.”
Segurança
“A sua capacidade de governança no Congresso, apesar da maioria que ele conseguiu formar, inclusive que garantiu o afastamento da presidenta Dilma, esta maioria não dá segurança. A cada momento ele tem que discutir tudo de novo e ceder tudo novamente”.
Popularidade
“A credibilidade junto à população é cada vez menor. Os índices de popularidade do Temer são menores do que a da presidenta Dilma no seu pior momento. Última pesquisa de domingo (11) do Datafolha diz que 63% da população querem o afastamento do presidente e eleições diretas. É um governo que eu não vejo futuro nenhum para ele”, aponta Otoni.
Lula
Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alvo de investigações da Operação Lava Jato, Otoni afirma que o maior sonho da oposição é ver o petista na cadeia e longe das disputas eleitorais pela presidência do país.
“Este é o sonho de consumo dos nossos adversários, aliás é o motivo do golpe que foi dado retirando a presidenta Dilma de um mandato legítimo, porque a elite política que não conseguiu chegar ao poder através do voto e, desde 2002, tenta voltar, perdeu em 2006, 2010 e em 2014, essa elite perdeu não apenas as eleições como também a paciência. E aí partiu para o tudo ou nada, ou seja, o impeachment. O sonho de consumo deles é esse: inviabilizar e prender o Lula, não deixa-lo ser candidato, porque senão eles sempre vão ter essa ameaça”, finaliza. (Com informações dos sites Jornal GGN, Portal 730, Brasil 247)