Tocantins não vê governador completar mandato há 15 anos
Redação
Publicado em 17 de outubro de 2022 às 15:25 | Atualizado há 3 anos
Em 31 de dezembro de 2006, um governador democraticamente eleito para comandar o Tocantins completava seu mandato pela última vez: Marcelo Miranda (MDB). Desde então, em nenhuma outra oportunidade o candidato escolhido nas urnas concluiu o período regular de governo. Nesses mais de 15 anos, os mandatários foram afastados por envolvimento em escândalos ou renunciaram ao cargo.
Reeleito em 2006, Marcelo Miranda acabou afastado em 2009, antes de completar o segundo mandato. Depois disso, Tocantins elegeu Siqueira Campos (PSDB), em 2010, Marcelo Miranda, novamente, em 2014, e Mauro Carlesse (então no PHS), em 2018. Nenhum deles concluiu o mandato. Dentre os quatro afastamentos no período, três aconteceram por denúncias de envolvimento dos governadores em irregularidades e um por renúncia.
Herdeiro do capital eleitoral da família, Marcelo Miranda venceu a disputa para governador pela primeira vez em 2002 e se reelegeu quatro anos depois. No meio do segundo mandato, no entanto, Miranda foi alvo de uma denúncia de fraude por parte de seu adversário no estado, Siqueira Campos. Acusados de utilizar programas sociais com a finalidade de distribuir recursos a eleitores — e assim interferir no resultado do pleito que o elegeu —, Marcelo Miranda e seu vice, Paulo Sidnei, acabaram cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2009.
Eleito pela terceira vez, o governador foi novamente impedido de terminar o mandato sob a acusação de irregularidades. Em março de 2018, o TSE votou pela cassação dos mandatos de Miranda e sua vice, Cláudia Lélis (PV), por arrecadação ilícita de recursos para a campanha.
Após o primeiro afastamento de Miranda, o vencedor da eleição para o governo foi uma figura já conhecida no Tocantins: Siqueira Campos, então no PSDB. Apontado como um dos protagonistas na fundação do estado, Campos iniciou em 2011 seu quarto mandato como governador tocantinense, após as gestões de 1989-1991, 1995-1998 e 1999-2002.
A quarta gestão do político à frente do Tocantins, iniciada em 2011, terminou em abril de 2014, antes que ele completasse seu mandato. Ele renunciou após uma articulação para que seu filho, Eduardo Siqueira Campos, fosse o candidato ao governo pelo PTB. A pré-candidatura de seu filho, no entanto, não se confirmou; Eduardo Siqueira Campos se elegeu deputado estadual, função que exerce até hoje.
A carreira política de Siqueira Campos pai não chegou ao fim após a renúncia. Atualmente, aos 93 anos, é suplente de Eduardo Gomes (PL) no Senado Federal.
Na última eleição estadual, em outubro de 2018, Tocantins elegeu Mauro Carlesse, então no PHS. Eleito como deputado estadual pela primeira vez em 2014, ele era presidente da Assembleia Legislativa de Tocantins durante a segunda cassação de Miranda, ocorrida em abril de 2018. O empresário passou a ocupar o cargo de governador interinamente após a cassação de Miranda e depois foi eleito.
Em outubro de 2021, Carlesse foi afastado do cargo pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo prazo de 180 dias em decorrência de denúncias. Ele foi acusado sob suspeita de ter cometido crimes de responsabilidade em um esquema para recebimento de vantagens ilícitas por parte de agentes públicos de saúde e passou a enfrentar um processo de impeachment. Em março de 2022, Carlesse renunciou.