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SAÚDE

Meu ciclo, minhas regras

Menstruação e contra­cepção raramente são discutidos com a naturalidade e esclarecimen­to que tais assuntos mereciam. Algumas filosofias defendem que a menstruação e os ciclos femininos são sagrados e inte­gram a experiência de ser mu­lher. Porém, mais da metade das mulheres sente a menstru­ação como uma situação incô­moda, como aponta pesquisa do Datafolha. Os dados reve­lam que 55% das mulheres bra­sileiras, de diferentes regiões, declararam que não gostam de menstruar, principalmen­te porque sentem incômodo e desconforto (52%) e têm muita cólica (46%).

As mulheres que gostam de menstruar (45%) apontam “se sentir saudável” (39%), como o principal argumento, seguido do fato de considerarem algo natu­ral (25%), entenderem que isso indica que não estão grávidas (24%) e enxergarem como uma forma de limpar o corpo (10%) relata a pesquisa. De acordo com alguns ginecologistas, menstru­ar todos os meses não está direta­mente ligado com um corpo sau­dável, como disse o médico José Bento em coletiva de imprensa, que esclarece dúvidas sobre saú­de no programa matinal Bem Es­tar. “As mulheres sofrem mui­to com a menstruação. A mulher não foi feita pra menstruar, não tem necessidade.”

“Existem diversos métodos que podem manipular o ciclo menstrual ou fazer com que seja interrompido, evitando, con­sequentemente, sintomas da TPM, oscilações de humor e có­lica forte, melhorando a qualida­de de vida da mulher. Lembran­do que deve haver uma avaliação de cada caso pelo ginecologista, para que sejam definidas as me­lhores opções de acordo com o cenário”, afirma o dr. José Bento.

“O fato de menstruarem re­gularmente não quer dizer que essas mulheres estejam satis­feitas com essa frequência, ou que elas saibam que podem ter o controle da menstruação. Isso porque elas têm a opinião dividi­da entre a necessidade de mens­truar mensalmente e a possibi­lidade de flexibilizar esse ciclo”, completa o dr. César Fernandes, presidente da Federação Brasi­leira das Associações de Gineco­logia e Obstetrícia (Febrasgo).

Uma grande indústria farma­cêutica lançou um contracepti­vo oral associado a um aplicati­vo para celulares que auxilia no controle do ciclo. De acordo com a pesquisa do Datafolha, entre as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo (60%), a pílula é o mais comum (34%), se­guida da injeção hormonal (15%) e preservativo (7%). Muitas mu­lheres já emendaram uma cartela de anticoncepcional a outra, pro­longando a suspensão da mens­truação, que é a mesma lógica desse controle de ciclo.

De acordo com o dr. José Ben­to, a pausa de sete dias dos anti­concepcionais servia aos propó­sitos cristãos de naturalidade e ciclo reprodutivo. Quando a pílu­la foi lançada no mercado na dé­cada de 60, por Gregory Pincus, necessitava de uma aprovação da igreja para que obtivesse es­paço, para isso o produto foi co­mercializado seguindo essa ló­gica de parada por uma semana para que houvesse o sangramen­to. A questão é que sangrando ou não, se a mulher toma anticon­cepcional não ocorre a ovulação durante aquele período.

Riscos que precisam ser lembrados


É importante ressaltar que todo medicamento oferece riscos e rea­ções adversas, no caso do anticon­cepcional pode aumentar as chances de trombose, mesmo que não seja em muitos casos, como explica a bula de um desses contraceptivos à base de etinilestradiol: “Estudos epidemioló­gicos sugerem associação entre a uti­lização de COCs e um aumento do ris­co de distúrbios tromboembólicos e trombóticos arteriais e venosos, como infarto do miocárdio, trombose veno­sa profunda, embolia pulmonar e aci­dentes vasculares cerebrais. A ocor­rência destes eventos é rara.”

“O risco de ocorrência de tromboem­bolismo venoso é mais elevado duran­te o primeiro ano de uso do contracepti­vo hormonal. Este risco aumentado está presente após iniciar pela primeira vez o uso de COC ou ao reiniciar o uso (após um intervalo de 4 semanas ou mais sem uso de pílula) do mesmo COC ou de ou­tro COC. Dados de um grande estudo coorte, prospectivo, de três braços suge­rem que este risco aumentado está pre­sente principalmente durante os três primeiros meses. O risco geral de TEV em usuárias de contraceptivos orais contendo estrogênio em baixa dose (< 0,05 mg de etinilestradiol) é duas a três vezes maior que em não usuárias de COCs que não estejam grávidas e conti­nua a ser menor do que o risco associa­do à gravidez e ao parto”, informa a bula.

A trombose costuma ser silenciosa em muitos casos, mas caso ela dê sinais estes são os mais comuns: dor nas per­nas, principalmente na panturrilha e que pode se estender até o tornozelo. Tam­bém é comum a dor se manifestar na al­tura em que o trombo se encontra, pode ser na coxa ou na virilha, por exemplo; in­chaço e sensação de calor, devido a um desequilíbrio da quantidade de sangue que desce para a perna com aquele san­gue que volta, já a sensação de calor, se deve às toxinas se acumulam nas pernas devido às dificuldades circulatórias.

Outros sintomas que podem ser ob­servados são: dor de cabeça, geralmen­te forte, acompanhada de náuseas e que perdura por muito tempo e vai aumen­tando a intensidade, causando vômi­to e caso não seja avaliada e tratada em tempo, evolui para convulsão, AVC (com ou sem sequelas) e morte; mudança da cor da pele na área afetada, a pele no lo­cal afetado pode ficar vermelha ou azul, também pode apresentar um tom acas­tanhado, geralmente há concomitante­mente um endurecimento do tecido in­terno e dificuldade para andar.

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