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Alzheimer: Diagnóstico precoce é fundamental para melhor qualidade de vida

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que no mundo, existam cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença de Alzheimer (DA) e no Brasil a estimativa é de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. Quadro que pode quadruplicar até 2050.

Segundo a médica, neurologista, Heline Bessa Araújo, a maior parte destes casos ainda não foi diagnosticado e uma das principais razões para esse atraso no diagnóstico é se atribuir erroneamente muitas das manifestações iniciais da doença de Alzheimer ao processo de envelhecimento natural.

Nesse sentido, o Dia Mundial do Alzheimer e o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, ambos instaurados em 21 de setembro, têm o objetivo de informar a população sobre a doença.

"Falar sobre DA, propagar informações acerca dos fatores de risco, sintomas e adequado tratamento é de suma importância para diagnóstico precoce, reduzindo a progressão e amenizando os sintomas, contribuindo para melhor qualidade de vida do paciente e apoiando as famílias cuidadoras", afirma Heline.

Uma pesquisa publicada na revista científica Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, mostra que pacientes com demência - especificamente com Alzheimer - apresentam risco três vezes maior de infecção pelo vírus da Covid-19. Nesses casos, o quadro clínico pode ser mais grave e as chances de óbito são de duas a três vezes maiores.

De acordo com a neurologista, os sintomas principais da fase inicial da doença são perda de memória recente, dificuldade para encontrar palavras durante discurso, desorientação no tempo e no espaço, apatia, depressão, ansiedade e distúrbios do sono, redução do interesse por atividades e passatempos.

Heline Bessa Araújo, médica, neurologistaFoto: Milena Seabra

"Como se trata de um processo degenerativo progressivo outros sintomas vão surgindo e tornando a doença mais evidente. O paciente passa a apresentar dificuldades de realizar tarefas antes habituais como cozinhar, dirigir, fazer compras, não reconhece pessoas e ambientes familiares", ressalta a médica.

Heline afirma que nem todas as pessoas com DA vão apresentar os mesmos sintomas. "Em uma fase mais avançada da doença o paciente passa a ter completa dependência de cuidados, comprometimento da mobilidade, dificuldade para alimentar, devido a prejuízos na deglutição, incontinência urinária e fecal e intensificação de comportamento inadequado", destaca.

A neurologista ressalta que a doença de Alzheimer ainda não tem cura e apresenta fatores de risco não modificáveis como a idade e a história familiar. Porém, os fatores de risco modificáveis (hipertensão, diabetes, obesidade, abuso de álcool, tabagismo, sedentarismo) estão diretamente associados ao estilo de vida.

"Estudos apontam que, se eles forem controlados, podem retardar o aparecimento dos sintomas iniciais da DA. O que poucas pessoas sabem é que a doença de Alzheimer pode começar décadas antes do surgimento de seus sintomas. Portando, não se pode aguardar o primeiro sintoma para se assumir hábitos de vida saudáveis", afirma Heline.

Para retardar o aparecimento de sintomas recomenda-se medidas semelhantes às de combate a doenças cerebrovasculares como:

  • Prática de atividade física;
  • Alimentação saudável com a dieta do mediterrâneo;
  • Não fumar;
  • Prevenir ou combater diabetes;
  • Controlar a pressão arterial.

Segundo Heline, como ainda não dispomos de medicações que atuem bloqueando definitivamente a progressão da doença, nem restaurando células cerebrais destruídas, ou seja, fármacos modificadores de doença, o diagnóstico precoce é o que torna possível retardar o avanço e se ter maior controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida a pessoa com Alzheimer.

A neurologista destaca ainda, que o tratamento tem como objetivo tratar as alterações cognitivas e comportamentais que vão surgindo a medida que a doença avança.

Paciente idosa fazendo teste cognitivoFoto: Milena Seabra

"O objetivo do acompanhamento médico vai muito além da investigação diagnóstica e o paciente deve receber essa assistência em todas as fase da DA. Na verdade, o tratamento da complexa doença de Alzheimer exige ações multidisciplinares. O médico atuando sozinho não é suficiente para atender muitas das situações relacionadas à enfermidade. Informação, acolhimento e apoio por parte dos profissionais da saúde , de familiares e da sociedade em geral são fundamentais para amenizar o sofrimento causado pela Doença de Alzheimer em seus portadores e em seus familiares cuidadores, finaliza Heline.

O Alzheimer é uma doença que atinge o sistema nervoso, caracterizada pela morte dos neurônios em áreas do cérebro que levam à perda evolutiva de memória, capacidade de linguagem e alterações do comportamento. O transtorno é mais frequente em idosos e tem relação com fatores genéticos.

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