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Doenças silenciosas avançam na pandemia

A pandemia tem deixado a saúde do brasileiro cada vez mais ameaçada, mas o risco está muito além do vírus. Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Thiago Tredicci, existem várias doenças que apresentam um comportamento silencioso até evoluírem para estágios mais avançados.

“Dentro das doenças do aparelho digestivo podemos destacar os cânceres de modo geral e algumas doenças do fígado como as hepatites virais e mesmo a esteatose hepática”, destaca.

De acordo com o especialista, entre os cânceres, o tumor no intestino é o mais comum do aparelho digestivo. “Atualmente ele é o segundo com maior incidência no Brasil, tanto em homens como em mulheres. Nos homens ele perde para o câncer de próstata e nas mulheres apenas para o de mama”, pontua.

Thiago Tredicci, cirurgião do aparelho digestivoFoto: Divulgação

Já em relação ao fígado, o cirurgião hepatopancreatobiliar Edmond Le Campion explica que a incidência da cirrose hepática, problema final das hepatites agudas, é baixa na população geral. Contudo, o risco sobe de forma considerável dentre aqueles que consomem álcool em excesso.

“Um dos reflexos desse consumo é o perigo de se desenvolver uma agressão no fígado pela substância. Hoje se estima que em média 3% dos pacientes que consomem álcool em grandes quantidades podem evoluir para cirrose. É um risco muito maior do que na população geral”, alerta.

Conforme os especialistas, a dificuldade de fazer um diagnóstico precoce dessas doenças faz com que elas sejam ainda mais ameaçadoras. O câncer de intestino, por exemplo, pode permanecer silencioso por muito tempo e a descoberta da doença só é possível por meio do rastreio com a colonoscopia, que é feita a partir dos 45 ou 50 anos de idade, dependendo de cada caso.

Os profissionais destacam que os principais sintomas não são muito evidentes e podem passar despercebidos, e mesmo que a confirmação da doença seja feita por meio de exames laboratoriais simples do fígado e de sangue, eles alertam que os sinais clínicos normalmente só aparecem depois que o paciente já está em um estágio mais avançado, chegando à cirrose hepática que pode causar lesões graves no fígado e levar à falência do órgão.

Segundo os especialistas, a esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, embora não seja uma doença perigosa em si, ela é decorrente tanto do consumo elevado de bebida alcoólica como de hábitos pouco saudáveis associados à obesidade. Diante disso, há ainda o risco de problemas cardiovasculares como o infarto agudo do miocárdio.

De acordo com Edmond Le Campion, o consumo de álcool aumentado na pandemia pode contribuir como fator de risco. No caso das hepatites agudas, ele explica que elas se dão por uma inflamação do fígado causada por agentes que vão de infecções virais até a bebida alcoólica, a síndrome metabólica presente no paciente que tem obesidade e o diabetes mellitus descompensado. O que impacta de forma direta em como o diagnóstico é feito.

Além disso, o cirurgião também chama atenção para o risco de contaminação por meio do uso de drogas e relações sexuais. Mas, mais do que isso, ele ressalta que é necessário ter cuidado com a automedicação.

“Muitos remédios não vão trazer nenhum benefício ao paciente e podem abrir a guarda para consequências não intencionais. Existem medicamentos que podem causar agressão no fígado como, por exemplo, chás para emagrecer, remédios à base de ervas, medicações para o coração mal utilizadas, e uma série de outras substâncias”, conclui.

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