As relações entre a congestão nasal e o ronco
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Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 17:52 | Atualizado há 2 anosA congestão
nasal é um quadro que pode surgir em decorrência das mais diversas
situações, como gripe, resfriado e rinite. Pode, também, ser causada por
mudanças climáticas ou na temperatura do ambiente. Além disso, as
pessoas que estão com o nariz entupido contam com uma maior tendência de
roncar ao dormir.
De acordo com Gleison Guimarães,
médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a congestão nasal é um
problema comum que acomete uma parcela significativa da população.
“Geralmente, é desencadeada por alguma inflamação, irritação ou infecção
que afeta o tecido nasal. Estudos apontam que a frequência de congestão
nasal noturna é independentemente associada à frequência de ronco, o
que pode ser ocasionado por resultados adversos à saúde, incluindo
hipertensão arterial, doenças cardíacas, sonolência diurna e, até mesmo,
acidentes”, relata.
Por outro
lado, a congestão nasal noturna grave crônica é um forte fator de risco
para o ronco com ou sem apneia obstrutiva do sono. “Uma pesquisa
realizada pela Escola de Medicina da Universidade do Wisconsin coletou
informações durante aproximadamente cinco anos sobre a congestão nasal
noturna e frequência do ronco. Análises prospectivas mostraram que
pessoas com esse quadro apresentavam um alto risco de ronco habitual,
prejudicando o sono dos parceiros de cama e causando estresse
interpessoal”, pontua o especialista.
O ronco é uma
condição frequente que afeta quase 40% dos adultos. “É mais comum entre
os idosos e aqueles que estão acima do peso. Quando grave, pode causar
despertares frequentes à noite e sonolência diurna. O quadro é causado
por um bloqueio parcial da passagem das vias aéreas do nariz e da boca
para os pulmões, fazendo com que os tecidos dessas passagens vibrem,
levando ao ruído produzido quando alguém ronca. A chave para a resolução
é a desobstrução das vias aéreas”, revela Dr. Gleison.
O ronco
secundário, muito associado aos distúrbios respiratórios do sono (DRS), é
uma síndrome de resistência das vias aéreas superiores (UARS)
relacionada a apneia obstrutiva do sono (AOS) leve, moderada e grave.
Estudos de base populacional mostram que 9% a 38% dos adultos com mais
de 18 anos têm AOS, sendo 13% a 33% em homens e 6% a 19% em mulheres.
Com pessoas acima dos 65 anos de idade, esses números aumentam para 90%
em homens e 78% em mulheres. Múltiplas doenças crônicas e sistêmicas
estão associadas aos DRS.
Os principais distúrbios respiratórios do sono (SDB) são:
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) – É o
tipo mais comum. Na maioria das vezes, o ar não chega aos pulmões por
causa de alguma obstrução nas vias aéreas superiores.Apneia Central do Sono (ACS) –
Associado a insuficiência cardíaca, doenças ou lesões relacionadas ao
cérebro, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), tumor cerebral,
meningite ou encefalite. Em alguns casos, as vias respiratórias
superiores estão abertas, mas o ar não chega aos pulmões devido à falta
de comunicação entre o cérebro e o corpo.
Apneia Mista do Sono – Quando o
paciente apresenta obstrução das vias respiratórias superiores (apneia
obstrutiva) e, simultaneamente, não há esforço respiratório (apneia
central).
Ronco – Ruído que se manifesta ao
dormir com a musculatura da boca, nariz e garganta relaxadas. Suas
principais causas são a flacidez nos músculos destas áreas, desvio de
septo, pólipos no nariz, rinite, sinusite, obstruções nasais e
envelhecimento.
Síndrome da Resistência das Vias Aéreas
Superiores – Quando ocorre um contínuo aumento na resistência ao fluxo
para a passagem do ar pelas vias aéreas superiores, levando a muitos
despertares breves e sonolência diurna excessiva.
O médico
acredita que o hábito do tabagismo também é um ponto prejudicial para
quem quer evitar os problemas com o ronco. “O cigarro exerce efeitos
deletérios nas vias aéreas superiores e inferiores e seu uso crônico
pode induzir ao ronco, aumentando a resistência das vias aéreas
superiores. De fato, a correlação entre o tabaco e o ronco é atribuída
às mudanças na clearence mucociliar e inflamação da faringe e do palato
mole. Assim, é possível afirmar que essa inflamação induzida pelo
cigarro pode causar a obstrução da via aérea superior e outros
distúrbios do sono”, declara.
Estudos
apontam que fumantes têm uma probabilidade duas vezes maior de sofrer
apneia obstrutiva. Além disso, a nicotina atrapalha a liberação da
melatonina, hormônio fundamental para o sono, favorecendo a adrenalina,
que é estimulante. “O resultado é um sono superficial e fragmentado”,
lamenta.
Além do
tabagismo, outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento de
distúrbios respiratórios do sono. “Alguns deles são o período
pós-menopausa, o envelhecimento e o uso de álcool e sedativos. Existem
antecedentes familiares de apneia do sono em 25 a 40% dos casos,
refletindo, talvez, fatores hereditários. Doenças que ocorrem mais
comumente em pacientes com apneia obstrutiva do sono incluem hipertensão
arterial, doença do refluxo gastroesofágico, dislipidemia,
insuficiência cardíaca e outras arritmias”, finaliza Dr. Gleison.