Crise climática e infância: um chamado urgente
Redação DM
Publicado em 5 de junho de 2025 às 13:08 | Atualizado há 1 dia
A nova pesquisa do Núcleo Ciência pela Infância revela um panorama preocupante sobre os riscos climáticos que crianças brasileiras enfrentam atualmente. Nascidas em 2020, essas crianças experimentarão, em média, 6,8 vezes mais ondas de calor e 2,8 vezes mais inundações e perdas de safra em comparação às nascidas em 1960. O estudo, intitulado A Primeira Infância no Centro da Crise Climática, destaca a vulnerabilidade da primeira infância em um contexto de crescente instabilidade climática.
Impactos Severos
Os dados apontam que a exposição a eventos climáticos extremos está diretamente relacionada à saúde e ao desenvolvimento infantil. Com 18,1 milhões de crianças na primeira infância no Brasil, as consequências na saúde, nutrição e oportunidades de aprendizado são alarmantes. “Desde o começo da vida, já estão expostas a ondas de calor e poluição do ar”, alerta a coordenadora do estudo, Márcia Castro. Essa exposição precoce compromete capacidades físicas e cognitivas, podendo resultar em longas sequências de desvantagens.
Desigualdade e Vulnerabilidade
A pesquisa também revela que as crianças mais afetadas por eventos climáticos extremos são as que vivem em situações de vulnerabilidade. Entre as crianças de até 4 anos, 37,4% enfrentam insegurança alimentar, e 5% sofrem de desnutrição crônica. A instabilidade climática não apenas exacerba essas condições, mas também leva a deslocamentos forçados, como evidenciado pelas mais de 580 mil pessoas desalojadas no Rio Grande do Sul em 2024.
Além disso, a educação dessas crianças é comprometida, com a suspensão de aulas afetando 1,18 milhão de jovens devido a desastres naturais. As perdas de aprendizado podem ter um impacto duradouro na formação e na capacidade de desenvolvimento futuro dessas crianças.
Urgência nas Políticas
O relatório conclui que a proteção das crianças deve ser uma prioridade nas políticas climáticas. Com recomendações focadas em saúde, saneamento básico e segurança alimentar, os pesquisadores insistem na importância de uma abordagem holística que considere as desigualdades sociais. “Precisamos de políticas públicas urgentes que coloquem as crianças no centro das estratégias de adaptação”, enfatiza Alicia Matijasevich, também coordenadora do estudo.
As soluções sugeridas incluem a criação de áreas verdes e zonas de resfriamento em instituições educacionais, além de protocolos para desastres climáticos. O chamado é claro: a responsabilidade por um futuro seguro e saudável para as crianças é coletiva, envolvendo governos, setor privado e a sociedade.