Saúde

Goiás destaca-se em doações de córnea

Redação DM

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 19:19 | Atualizado há 5 meses

Por considerar o tema um tabu ou por simples falta de conhecimento, milhares de famílias deixam de ajudar quem está na fila de espera por um novo órgão (e por uma nova chance de recomeçar a vida). Assim como outubro é rosa, novembro é azul e dezembro é vermelho alaranjado, diferentes esferas do governo, entidades de saúde como a Fundação Banco de Olhos de Goiás (Fubog), pacientes e instituições independentes abraçam o verde e o amarelo durante o mês de setembro. Enquanto o tom dourado representa a luta pela prevenção do suicídio, o verde é a cor da campanha que busca alertar a sociedade sobre a importância de doar órgãos e tecidos. O ápice da iniciativa ocorre na próxima quarta-feira, quando se comemora o Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos.

Em Goiás, o destaque foi para os transplantes de córnea. Segundo Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2016 o estado foi palco de 778 cirurgias do tipo, o que o colocou em terceiro lugar no ranking nacional de transplantes do tecido. No primeiro trimestre de 2017 foram realizadas 244 operações do tipo. De janeiro a julho, só o Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) conseguiu aumentar em 600% a captação do tecido, se comparado ao mesmo período de 2016. As córneas são captadas pelo Banco de Olhos da Fubog, processadas e distribuídas pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás (CNCDO-GO). A Fubog já realizou mais de 9 mil desde sua fundação, em 1978. O bom desempenho foi motivado por um trabalho informativo de conscientização, feito em parceria com outros hospitais e com a central de doações.

 

Em uma análise geral, o transplante de córnea foi o mais bem-sucedido nacionalmente, crescendo 7,6% de janeiro a julho de 2017. Em seguida aparecem fígado, com um crescimento de 7,4%, e rim, que aumentou 5,8%. No caso dos transplantes de córnea, ainda há o que melhorar. Hoje, em Goiás, 379 pessoas aguardam por um transplante de córnea.

Preocupada com essa espera, a Fubog mantém no Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia e Aparecida de Goiânia, uma equipe de funcionários em plantão 24 horas. A instituição também possui Centros de Captação de Córneas no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), no Huapa e no Hospital Araújo Jorge. No Estado, a fila de espera para transplante de córnea, assim como todos os outros, funciona de ordem cronológica e é organizada pela Central de Notificação, Captação e Distribuição. A necessidade é identificada por um oftalmologista, podendo ser causada por diferentes doenças e traumatismos.

Só no ano passado, 123.846 pessoas passaram por consultas na Fubog. O presidente da entidade, Zander Campos da Silva, destaca a importância do acompanhamento de rotina nos casos dos problemas de visão. “Nós possuímos uma equipe com grandes profissionais especialistas, além de três unidades móveis que realizam atendimentos nas diversas regiões da capital e nos municípios do interior.”

 

Enxergar com os olhos do outro

Muito mais que demonstrar empatia, a expressão “enxergar a vida com os olhos do outro” é levada à sério por quem chegou perto de perder a visão ou sobreviveu no escuro durante uma parte da vida. Indicado para quem perdeu a transparência da córnea, localizada na parte anterior do globo ocular, o transplante troca esse tecido e permite que as imagens do meio externo penetrem novamente no olho, sendo adaptadas pela retina.

Geralmente, o paciente que precisa de um transplante de córnea possui alguma doença ocular com evolução gradual, ou é diagnosticado com alguma patologia congênita. Além disso, outros problemas podem afetar a córnea como infecções, traumas e alergias. Em todos os casos, ocorre a substituição de uma porção da córnea doente de forma total ou parcial. Segundo o presidente da Fubog, Zander Campos da Silva, o sucesso da cirurgia dependerá da causa que motivou o transplante, mas a porcentagem de sucesso é alta nos casos não complicados e de bom prognóstico.

Informação

Segundo especialistas da área, o maior desafio que a cultura da doação de órgãos enfrenta para se estabelecer do País é a falta de informação. Definido por lei, o Dia Nacional de Doação de Órgãos serve para que ações informativas cheguem até a população. Para ser um doador, o principal é informar o desejo à família, já que em caso de morte cerebral, ela é consultada e orientada sobre o processo. Nesse caso, o paciente pode doar coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões.

Já quando o diagnóstico é de parada cardiorrespiratória, podem ser doados apenas os tecidos: córnea, vasos, pele, ossos e tendões. Também é possível ser doador em vida, sem comprometer a saúde. Nesses casos, é possível doar tecidos, rim e medula óssea. Ocasionalmente, também é possível doar parte do fígado ou do pulmão.

Desempenho

Nacionalmente falando, e segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no primeiro semestre desse ano o número de doações de órgãos no Brasil aumentou em 15,7%. O percentual está inserido em um universo com um crescimento de 4,5% no número de potenciais doadores e de 7,2% na quantidade de doadores efetivos. Mesmo assim, o desempenho positivo não conseguiu colocar o País no patamar das nações desenvolvidas.

A explicação é que elas têm mais experiência nessa área, divulgam melhor a importância do transplante e investem mais em meios de informar a população. O Brasil está no nível intermediário de doações, com 16,2 doadores para cada um milhão de pessoas por ano. Já nos Países desenvolvidos, a proporção é de 35 para cada um milhão.

Na contramão desses dados, houve uma diminuição nos transplantes de coração (3,6%), pulmão (6,5%) e pâncreas (6,0%). Até julho deste ano foram realizados 749 transplantes, considerando todos os tipos de doações. Hoje 277 pessoas ainda esperam por um rim. Outras seis continuam na fila por um novo coração.

Fundação

Fundação Banco de Olhos de Goiás (Fubog) é uma entidade filantrópica humanitária e sem fins lucrativos, instituída, administrada e mantida pelos Lions Clubes da Grande Goiânia. Iniciou suas atividades em 1978 e foi organizada com o nome de Banco de Olhos de Goiânia até 1983, quando foi transformada em Fundação Banco de Olhos de Goiás, onde faz da oftalmologia um instrumento de inclusão social.

A Fundação realiza consultas médicas, exames e cirurgias oftalmológicas nas suas duas unidades de atendimento (Hospital da Fundação Banco de Olhos de Goiás e Instituto Latino-Americano de Oftalmopediatria), onde trabalha com profissionais renomados e equipamentos modernos da medicina oftalmológica. Os atendimentos realizados pela Fundação são feitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), convênios médicos e particulares. A Fubog tem plantão 24 horas para atendimentos de emergência. A Fundação já realizou mais de um 2.468 milhões de atendimentos médicos desde a sua inauguração, dentre eles 60 mil cirurgias de cataratas e 9 mil transplantes de córneas.

 


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