Peixes de córrego em Goiás apresentam níveis extremos de substância tóxica
DM Redação
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15:28 | Atualizado há 2 horas
Pesquisa realizada pelo Projeto AquaCerrado detectou níveis alarmantes de acrilamida em peixes da Bacia do Rio Paranaíba, na região de Bela Vista de Goiás. Em um dos exemplares, a concentração da substância atingiu 4,22 mg/L, valor 8.400 vezes acima do limite considerado seguro.
A acrilamida, usada na produção de colas, cosméticos e poliacrilamida para tratamento de água, está associada a mutações genéticas e câncer em animais, embora ainda não conste na Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (Linach).
Apesar da presença significativa nos peixes, a substância não foi detectada em níveis preocupantes na água. Especialistas apontam que a exposição repetida e prolongada pode ter causado o acúmulo da toxina nos organismos. Os pontos de contaminação coincidem com regiões próximas à estação de tratamento de esgoto (ETE) de Bela Vista de Goiás.
A Saneago, responsável pela ETE, já recebeu multa de R$ 2,7 milhões após inspeção da Semad que constatou lançamento irregular de poluentes no córrego Suçuapara. A empresa afirma não utilizar acrilamida no tratamento de esgoto, que ocorre por lagoas de estabilização com processos naturais. A Semad planeja contratar novo estudo para avaliar a presença da substância e identificar fontes de poluição difusas.
A Semad destacou que análises anteriores já apontaram excesso de fósforo, E. coli, matéria orgânica e sólidos totais dissolvidos,o que indicou múltiplas fontes de contaminação no córrego. A pasta reforça que seguirá no monitoramento da qualidade da água e na adoção de medidas corretivas.
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