Saúde

Rosácea: entenda como controlar a vermelhidão causada pela doença 

Diário da Manhã

Publicado em 29 de junho de 2018 às 11:29 | Atualizado há 7 anos

A Copa do Mundo já está a todo vapor. Assim como em todos os Mundiais, muitos dos jogadores são alvos de comentários – sejam eles positivos ou negativos. Neste ano, um dos que chamaram a atenção foi Alisson Becker, o goleiro da Seleção Brasileira de Futebol, mas não por sua atuação, porém por sua aparência. Em uma entrevista coletiva que antecedeu o começo dos jogos, o craque chamou atenção por conta da cor da sua pele, avermelhada, o que levou muitos espectadores à pergunta: “Por que a pele dele estaria tão vermelha?”. Ele, evitando falar sobre o assunto, brincou: Não me incomoda, não! Estou na puberdade! Faz parte”. O presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Goiás (SBD-GO), Adriano Loyola, esclarece a dúvida: “Aparentemente, o goleiro tem a rosácea, uma doença vascular inflamatória crônica, mas é preciso investigar”.

Segundo Loyola, a rosácea é, erroneamente, chamada de ‘acne rosácea’. “A acne é uma doença da glândula sebácea, totalmente diferente da rosácea, seja pela causa ou pela idade, ou pelos aspectos clínicos e as características em geral”, explica o dermatologista, que completa: “A rosácea ocorre em 1,5% a 10% das populações estudadas, e principalmente em adultos entre 30 e 50 anos de idade. É mais frequente em mulheres, porém atinge muitos homens e, neles, o quadro tende a ser mais grave, evoluindo continuamente com rinofima (aumento gradual do nariz por espessamento e dilatação folículos)”.

Origem

De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a origem da rosácea ainda é desconhecida. Há uma predisposição individual (mais comum em brancos e descendentes de europeus), que pode ser familiar (30% dos casos têm uma história familiar positiva), evidenciando uma possível base genética. Há, também, forte influência de fatores psicológicos (estresse, por exemplo). Hoje, considera-se importante a participação de um fungo (e de restos dele) da flora normal da pele, chamado de Demodex folliculorum, e da bactéria Bacillus oleronius, que colonizam esse fungo. “A presença de eritemas e telangiectasias na região central da face, acompanhadas de pápulas e pústulas, geralmente não oferece dificuldade no diagnóstico da rosácea. O paciente pode fazer um diário das pioras (e das remissões) relacionando isso às suas atividades, alimentação, estresse e outros fatores”, complementa Loyola.

Sintomas

A rosácea é uma doença que afeta a pele, principalmente da região centrofacial, conforme explica Loyola, e caracteriza-se por uma pele sensível, geralmente mais seca, que começa a ficar vermelha, facilmente, e se irrita com ácidos e produtos dermatológicos em geral. “Aos poucos, a vermelhidão tende a ficar permanente, e aparecem vasos finos, podendo ocorrer edemas e nódulos. Frequentemente, surgem sintomas oculares, como olho seco, sensíveis à inflamação nas bordas palpebrais”.

Na fase pré-rosácea, o dermatologista explica que há eritema discreto na face, que se agrava com “surtos de duração variável”, surgindo espontaneamente ou pela ação dos fatores citados. “Aos poucos, os episódios podem se tornar frequentes e até permanentes. Um sintoma pode ser mais proeminente que outro, variando muito de pessoa para pessoa. As lesões não necessariamente evoluem”, pontua Loyola.

Tratamento

De acordo com o dermatologista, não há cura para a rosácea, mas há tratamento e controle com avanços recentes. “Tudo depende da fase clínica em que o paciente está. Todos os agravantes ou desencadeantes devem ser afastados ou controlados – como bebidas alcoólicas, exposição solar, vento, frio e ingestão de alimentos quentes. Para o tratamento, são necessários sabonetes adequados, protetor solar com elevada proteção contra UVA e UVB e uso de antimicrobianos tópicos (metronidazol, ivermectina)”, enumera Loyola.

Depois dessa fase, o presidente da SBD-GO orienta que pode ser preciso o uso de derivados de tetraciclina (doxiciclina e outros) orais: “Em casos persistentes e recidivantes, é indicado utilizar isotretinoina oral em dose baixa. Existe um novo tratamento tópico para o eritema não persistente, periódico, que vem em surtos (flushing). O laser ou a luz pulsada são excelentes para tratamento das telangiectasias. Para o rinofima, a abordagem pode ser com cirurgia, radiofrequência, dermoabrasão ou laser. O dermatologista avalia o grau, a fase e a pessoa como um todo para indicar o melhor tratamento. Também é importante o acompanhamento de um médico oftalmologista”.

Ainda segundo o médico, a pele do paciente com rosácea é extremamente sensível a produtos químicos e físicos como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e peelings. “É importante enfatizar que o uso de filtros solares cotidianamente, no rosto, é fundamental para o controle da doença e a manutenção dos resultados, pois a radiação ultravioleta é um fator desencadeante e agravante. Outros fatores agravantes são bebidas alcoólicas, bebidas quentes ou condimentadas, temperatura muito fria ou muito quente, medicamentos vasodilatadores e fatores emocionais”, afirma Loyola.

Prevenção

Segundo o dermatologista, é importante haver a avaliação do paciente como um todo, descobrir quando e como começou o problema, assim como fatores pessoais e familiares, psicológicos, alcoolismo, exposição à luz no trabalho ou lazer, etc. “Com o controle geral desses diversos fatores, pode-se conseguir um monitoramento eficaz da rosácea”, finaliza Adriano Loyola.

Orientações

Já que a doença é benigna, porém crônica com surtos e recidivas, a SBD recomenda seguir as seguintes orientações: ler folhetos explicativos e sites de confiança sobre a doença; fazer diário/cartilha de observação de fatores agravantes; proteger diariamente a pele contra o sol; evitar álcool e outros agravantes; usar maquiagem corretiva; ter cuidado com exercícios exagerados, drogas vasodilatadoras, ácidos tópicos, uso de sabonetes agressivos com álcool ou acetona, esfoliações ou tratamentos agressivos de qualquer natureza; visitar periodicamente um médico dermatologista.

(Foto: reprodução Portal Gazeta)

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