Saúde

Temporada do Araguaia: especialistas dão dicas de como cuidar da pele e olhos

Redação DM

Publicado em 20 de julho de 2018 às 10:43 | Atualizado há 7 anos

Para muitas pessoas as férias já começaram, algumas já viajaram, mas outras ainda estão se programando. E a escolha do destino de muitos goianos, nesta época do ano, é a região do Rio Araguaia. De julho a outubro, na temporada de vazão, esse rio – divisor natural entre o Cerrado, o Pantanal e a vegetação amazônica – é responsável pela formação de praias de água doce no oeste de Goiás. E, lá, é possível desfrutar de praias de águas claras, lazer, pesca e esportes náuticos. Opções para descansar e se entreter não faltam, mas será que os frequentadores das praias goianas estão atentos à proteção da pele? E será que eles sabem que, não somente a pele do rosto, mas a pele ao redor dos olhos deve ser protegida para evitar queimaduras e doenças como a catarata e até o câncer nas pálpebras?

Olhos e pálpebras

O oftalmologista Roberto Limongi, alerta para a importância de proteger os olhos contra os raios solares – principalmente quando se trata de longa exposição ao sol, como no Araguaia. O médico garante que raios solares, em excesso, podem ser prejudiciais aos olhos: “Os raios solares – UVA e UVB –, que estão presentes durante todo o ano, são do tipo ultravioleta, radiação eletromagnética prejudicial ao ser humano. Em excesso, eles podem causar lesões na córnea (se compararmos o olho com um relógio, a córnea seria a parte anterior transparente do olho, assim como o vidro de um relógio), chamadas de ‘ceratites actínicas’. Nestas, o paciente terá desconforto ocular e visão borrada. Se uma pessoa olhar diretamente para o sol, sem os óculos escuros e por muito tempo, os raios solares podem atingir a retina (parte posterior do olho) e provocar danos irreversíveis para a visão”.

De acordo com dr. Limongi, os raios solares podem provocar também efeitos nocivos a longo prazo. “Dentre eles, podemos citar: pterígio (película que recobre os olhos e pode até limitar a visão); catarata (opacificação da lente natural dos olhos, o cristalino: a pessoa tem uma perda progressiva da visão); degeneração macular relacionada à idade: lesões no fundo dos olhos que levam à perda irreversível da visão; e câncer nas pálpebras (câncer periocular)”.

Sobre os acessórios indispensáveis contra os raios solares – óculos de sol e chapéus –, o oftalmologista orienta: “Os óculos de sol – os que têm lentes com proteção contra UVA e UVB e vêm com selo de garantia – protegem a retina do olho contra queimaduras solares e podem evitar o aparecimento da catarata. Esses acessórios protegem não só os olhos, mas a região ao redor dos olhos, que é a pele das pálpebras: a proteção ajuda a evitar queimaduras de pele e até o risco de desenvolver o câncer periocular”, reafirma.

Dr. Limongi lembra que locais como como rios, mares e piscinas propiciam, também, o aparecimento de doenças infecciosas nos olhos. “Podem aparecer as conjuntivites – por agentes infecciosos como vírus, bactérias ou amebas. Os sintomas são: olhos vermelhos, sensação de areia nos olhos e incômodo com a claridade (fotofobia). Outra irritação comum dos olhos, nesses ambientes, ocorre pelo contato do protetor solar. “Orientamos o uso deste, apenas na testa e na pálpebra inferior, evitando a aplicação na pálpebra superior para que o protetor não escorra para os olhos”, recomenda.

Para o médico, os óculos de sol protegem os olhos também da ação do vento, que pode deixar os olhos secos. “Os óculos protegem do vento, que pode levar a uma maior evaporação da lágrima, o que leva a pessoa a desenvolver sintoma de olhos secos, como ardência, sensação de corpo estranho, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, principalmente em ambientes como no Araguaia, onde há alta incidência de vento. Neste caso, podem ser usados colírios lubrificantes, que não têm conservantes nem contraindicação – a pessoa pode usar uma, dez vezes ao dia, que não vai fazer mal aos olhos”, garante o médico.

Em relação ao protetor solar e ao repelente, o oftalmologista esclarece as consequências caso entrem em contato com os olhos: “Eles podem causar uma conjuntivite química, ou seja, uma conjuntivite reacional a esses produtos: a pessoa vai ter olhos vermelhos, muito irritados, lacrimejando, e com uma sensação de areia nos olhos. E as medidas a serem tomadas é evitar passar esses produtos ao redor dos olhos e, caso entre em contato com os olhos, a pessoa deve lavar com água filtrada, imediatamente, para tirar o excesso, e, se possível, usar logo em seguida um colírio lubrificante. Isso pode ser prejudicial à visão: dependendo do dano químico que isso causa, pode levar à úlcera de córnea – que são pequenos buracos na córnea dos olhos, a parte transparente – e, em último caso, pode levar à perfuração dos olhos”.

Quanto aos bebês e às crianças que vão ao Araguaia, o médico também recomenda o uso de óculos de sol a fim de garantir a proteção contra os raios UVA e UVB.

Sobre a higiene das mãos em locais onde é comum encontrar conglomerados de pessoas – como no Araguaia –, dr. Roberto Limongi lembra que o contato íntimo pode levar a uma alta disseminação de bactérias, de vírus, que podem causar conjuntivites. “Então recomenda-se sempre lavar as mãos e nunca coçar os olhos, pois elas podem conter areia, por exemplo, e causar sérios danos, por exemplo, erosões na córnea”, finaliza.

Todo o corpo

O dermatologia Adriano Loyola, adverte para importância da proteção de todo o corpo: “Neste período, os cuidados com a pele, em função da longa exposição ao sol, devem ser redobrados: é necessário usar protetor solar na pele, um específico nos cabelos, e, ainda, repelente no corpo”.

A proteção contra os raios solares, segundo o dermatologista, evita queimaduras, o surgimento de manchas na pele e até mesmo doenças como o câncer, e há casos específicos de proteção que devem ser seguidos. “Pessoas com pele mais clara devem ter atenção especial e reforçar o uso do filtro solar, optando, no mínimo, pelo fator 50”, orienta o médico, que completa: “Em todas as situações, independentemente de quem faça uso do protetor solar, este deve ser aplicado, 30 minutos antes da exposição ao sol, e reaplicado, a cada duas horas, principalmente se a pessoa entrar no rio”.

De acordo com dr. Loyola, crianças com menos de 6 meses de vida não devem tomar sol: “Uma orientação importante é jamais usar produtos, como filtro solar e repelentes, na pele de bebês menores de 6 meses. E, nas crianças maiores, utilizar filtros físicos de amplo espectro”. Para pessoas com sardas ou manchas na pele, a indicação do especialista é usar filtro solar acima do FPS 50: “Sem o protetor solar, a tendência é que as sardas e as manchas escureçam”.

O uso de bronzeadores, de acordo com o especisliata, é descartado. “Eles não devem ser utilizados nem por adultos nem por crianças, pois a função desses produtos é acelerar o processo de bronzeamento da pele a partir de uma maior penetração do raio solar. Assim, com mais exposição ao sol, ocorrerá uma maior ação dos raios UVA e UVB, e esse tipo de radiação solar está diretamente ligado ao desenvolvimento de câncer de pele, manchas, alergias e envelhecimento”, alerta o dermatologista.

Dr. Loyola também adverte para a relevância da hidratação: “A nossa pele é hidratada, verdadeiramente, com a água que bebemos, já que ela é a responsável por mais de 90% da hidratação. Um hidratante ajuda, mas o ideal é ingerir dois litros de água, por dia, a fim de que todos os nossos órgãos sejam irrigados, funcionando corretamente. É fundamental, também, ter uma alimentação equilibrada”.

O consumo de sucos de frutas também é uma dica do médico, mas ele chama atenção para as frutas ácidas em contato com a pele exposta ao sol: “O suco de fruta é sempre uma ótima opção de hidratação, principalmente nesse período de férias. Porém há de se tomar cuidado com as frutas ácidas, como o limão e o abacaxi, que podem causar manchas na pele se tiverem contato com a pele exposta ao sol. O limão, por exemplo, pode causar até mesmo queimadura solar e bolhas. Assim, o mais recomendado é lavar imediatamente a área que tiver contato com estas frutas, utilizando água corrente e sabão, antes de se expor ao sol”.

Além dos protetores solares e dos repelentes, dr. Loyola enumera os itens que devem fazer parte do ‘kit’ de quem viaja para locais como o Araguaia: “Acessórios como óculos escuros, chapéus de aba larga (pelo menos 10cm de aba), guarda-sol, viseiras e roupas com proteção UVA/UVB também ajudam a diminuir a exposição da pele ao sol. Outra boa dica é optar por roupas mais soltas e leves”.

Outra dica importante é atualizar o cartão de vacinas. “É importante se vacinar, principalmente, contra a hepatite A e a febre amarela, que têm incidência aumentada na região do Araguaia. Não esquecer do uso regular e constante do repelente para evitar os casos de dengue, zika e chikungunga”, pontua o dermatologista.

Outras espécies de mosquitos, como o pernilongo e o pólvora, são bastante agressivos. “Então um bom repelente pode garantir também uma boa noite de sono”, comenta o especialista.

Ainda, segundo ele, nas áreas distantes das praias mais movimentadas convém se informar sobre a presença de piranhas e arraias na região. “As arraias possuem esporões perto da cauda, e ficam enterradas próximo às margens. Pisar em uma e ser ferroado é uma experiência muito dolorida. Isso pode ser evitado, arrastando os pés quando for caminhar dentro da água. Em caso de acidente com arraia, é preciso colocar o pé em imersão em água quente para diminuir a dor”, finaliza dr. Adriano Loyola.

 

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