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Transtornos mentais: a importância e o reconhecimento do tratamento

Terapeuta explica que rede de apoio entre família, amigos, psicólogos e médicos se fazem muito necessárias no tratamento para quem sofre de transtornos mentais

Foto: Reprodução/Unsplash/
Tim Mossholder Foto: Reprodução/Unsplash/ Tim Mossholder

Quando se fala em setembro, logo vem à mente a campanha "setembro amarelo", que tem ganhado força nos últimos anos devido às políticas de conscientização sobre transtornos mentais e suas consequências, entre elas, o suicídio.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que cerca de 10% da população mundial sofra de algum transtorno mental, o que equivale a 720 milhões de pessoas. No Brasil, são quase 19 milhões de pessoas em tais condições.

A venda de antidepressivos e estabilizadores de humor teve um aumento notável no Brasil nos últimos anos. Cerca de 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidas em 2020, representando um crescimento de 17% em comparação com o ano anterior. Em 2021, as vendas de antidepressivos continuaram a aumentar, com um acréscimo de 14%.

Especialistas atribuem esse aumento à influência da pandemia da Covid-19, que impactou a saúde mental dos brasileiros devido a mudanças abruptas nos hábitos, perdas de entes queridos e a incerteza em relação ao futuro.

Mas como tratar e ter menos medo do futuro?

Muitos sabem as causas, porém o tratamento é acompanhado da necessidade de intervenção psicológica e médica em conjunto, para que os danos dos transtornos mentais não se agravem.

A psicóloga Maria Madalena Gioa afirma que há várias linhas teóricas para analisar comportamentos e a forma como os pacientes lidam com as dificuldades que acontecem ao longo de suas vidas.

Ela ressalta que é necessário um acompanhamento geral do paciente, para que ele seja mais recompensado.

"Geralmente, o psicólogo tem um contato mais frequente com o paciente e assim tem maiores condições de avaliá-lo na sua rotina. Quando existe uma comunicação entre psicólogo e psiquiatra em prol do bem estar do paciente, ele próprio é quem mais tem a ganhar", afirma.

Em meio as linhas teóricas do tratamento psicológico, há a gestalt terapia, área na qual Maria atua. De acordo com ela, é "uma abordagem que considera que o mundo vivencial de um indivíduo só pode ser compreendido através da perspectiva que a própria pessoa apresenta de sua situação única, no 'aqui e agora'".

Ela explica também que a gestalt terapia se trata de "uma perspectiva mais 'compreensiva, acolhedora' e não analítica".

Quanto às experiências relacionadas ao passado, pressupõe-se que os fragmentos de situações inacabadas e problemas não resolvidos emergirão inevitavelmente como parte desta situação presente.

"Assim, procuramos dar voz aos sofrimentos de cada paciente, auxiliando-o a usufruir melhor das possibilidades do existir, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, para que ele possa se desenvolver e, com mais maturidade, ressignificar suas dificuldades e se reingressar no convívio social dentro das possibilidades existentes", explica.

E quando há resistência do paciente em relação à terapia?

É comum que muitas pessoas se sintam incomodadas em expor seus problemas à outra, porém, é necessário que haja um diálogo para que surjam novas perspectivas de vida e que essa "quebra de gelo" beneficie tanto o paciente, quanto quem convive com ele.

"Geralmente denomino a primeira sessão de entrevista inicial e procuro perceber esse novo paciente ao máximo, explicando como pode se dar nosso tratamento, tirando suas dúvidas, desmistificando suas crenças e me colocando sempre à disposição dele para qualquer dúvida ou discordância que surja no decorrer do processo", afirma a psicóloga.

Ela explica que, se ainda assim houver resistência, ela pede ao paciente um mês para que ele conhecer seu trabalho e, juntos, traçarem estratégias.

"Sempre deixo muito claro que ele é o único protagonista da vida dele e que ali sou apenas coadjuvante", ressalta.

Apoio familiar e de amigos


		Transtornos mentais: a importância e o reconhecimento do tratamento
Reprodução/Unsplah


A presença de parentes e amigos faz parte do tratamento, mas, segundo a terapeuta, este apoio não pode ser confundido com controle.

"A família, os amigos, assim como todo o círculo de convivência do paciente em tratamento são muito importantes, uma vez que todos acabam sendo, de alguma forma afetados", diz.

"Partindo do paciente, costumo fazer sessões com os familiares e as pessoas mais importantes na vida dele, para que juntos possamos perceber as coisas de forma diferente e melhorar as relações", enfatiza.

Ao combater o isolamento, oferecer apoio emocional, incentivar a busca pelo tratamento e promover a adesão a ele, as redes de apoio podem desempenhar um papel transformador na vida daqueles que lutam contra essas condições. Reconhecer a importância do apoio social é um passo fundamental para construir uma sociedade mais compassiva e solidária em relação à saúde mental.

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