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Para governo, sociedade ‘ainda não abraçou’ o processo contra Dilma

BRASÍLIA — Embora cautelosos em tratar oficialmente das manifestações deste domingo, ministros do governo Dilma Rousseff avaliaram que o fato de elas terem sido menores que as realizadas anteriormente sinaliza que existe espaço para “disputar” a opinião pública e defender que não há respaldo jurídico para o impedimento da presidente da República. Em meio à gravidade da crise atual, os ministros evitaram festejar e avaliaram que a sociedade “ainda não abraçou” o impeachment, mas que isso não significa que a situação não mudará.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, preferiu não fazer um balanço sobre os protestos deste domingo. Para ele, são manifestações que estão dentro da normalidade de um país democrático.

— As manifestações são normais em um regime democrático. Tudo dentro da normalidade em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática — afirmou Edinho.

A oposição, por sua vez, minimizou o esvaziamento. Parlamentares disseram que já era esperada uma adesão menor que nas outras manifestações e que este domingo será um marco da multiplicação da mobilização para pressionar os deputados federais.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela deflagração do processo de impeachment, não quis comentar as manifestações. No dia em que aceitou o pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior contra a presidente Dilma, Cunha escreveu em seu Twitter: “Atendendo ao pedido das ruas, o deputado Eduardo Cunha acolheu o pedido de impeachment de @dilmabr”.

Neste domingo, no entanto, o post havia desaparecido da conta de Cunha no Twitter. Procurado, Cunha disse que sua equipe administra a conta: “Nem vi quando postaram, e nem (sei) por que apagaram, se é que apagaram”, respondeu, por mensagem.

PROTESTOS FORAM “ESQUENTA”

Na oposição, a menor adesão às manifestações de ontem chegou a preocupar alguns parlamentares. Mas, para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), as manifestações funcionaram como um “esquenta” do processo de impeachment. E, dentro desse espírito, foram válidas. Segundo ele, deverá haver mais mobilização das ruas para que o impeachment seja aprovado na Câmara. Mendonça participou do ato em Recife.

— Era um esquenta. Como esquenta, as manifestações supriram o esperado. Temos advogado que isso será retomado após janeiro. O processo vai pegar força após o carnaval, com a votação na Câmara dos Deputados. O movimento deste domingo mostrou que há apoio, mas é preciso mais apoio das ruas para o aprovação do impeachment. Será decisiva a presença nas ruas — disse Mendonça Filho.

O líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), também esteve nos atos de Recife:

— Apesar da época, a sociedade demonstra continuar mobilizada em apoio ao afastamento da presidente da República. Isso nos dá a certeza de que esses movimentos vão tomar força a partir da volta do recesso parlamentar — afirmou Araújo.

No PT, a avaliação é de que os atos contra Dilma estão cada vez menores, já que mesmo com a aceitação do pedido de impeachment por Eduardo Cunha houve uma adesão mais baixa. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) a redução de manifestantes em relação a outros atos deste ano reflete a falta de adesão da sociedade ao movimento pró-impeachment.

— Elas diminuíram consideravelmente; os setores democráticos não atenderam (ao chamado). Cada dia mais as manifestações estão com a cara dos equivocados da direita brava e dos golpistas. A sociedade brasileira percebeu que esse é um movimento golpista e não aderiu — disse Teixeira (PT-SP), defendendo que o pedido contra Dilma seja votado o mais rápido possível. — O Brasil não pode ficar esperando o calendário dos que querem a ruptura democrática.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) considerou as manifestações “fracas” e disse que isso se deve à falta de credibilidade de Cunha, que tomou a decisão após o PT anunciar que iria votar contra ele no processo de cassação do seu mandato no Conselho de Ética:

— Depois do pedido de abertura do impeachment, seria o momento para as manifestações crescerem, mas muita gente que não gosta da Dilma está achando que é um movimento errado, um atentado à democracia. É um impeachment que surge de um gesto de vingança do Eduardo Cunha. É o grande motivo do fracasso das manifestações de hoje.

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