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OPINIÃO

O tremor diante do preconceito

Ledismar José da Silva Especial para Opiniãopública

O mês de abril é dedicado à doença de Parkinson. A data foi escolhida para homenagear o médico James Parkinson, que nasceu no dia 11. Durante todo este mês, em vários países, inclusive no Brasil, estão sendo realizadas diversas atividades, principalmente campanhas de conscientização sobre a doença de Parkinson. Mas isso não basta!

É uma data para reflexão sobre como estão sendo tratados os portadores de Parkinson em nosso país. A falta de informação e o desconhecimento da população em geral e, pior, dos profissionais de saúde, é alarmante. A demora no diagnóstico por falta de conhecimento médico ou mesmo como tratar o paciente após o diagnóstico, seja medicamentoso ou mesmo por cirurgia, é uma realidade.

Além dos sintomas físicos, os portadores da doença têm de lidar com o impacto emocional causado pelas limitações que o Parkinson impõe e, principalmente, pelo preconceito e discriminação. E justamente por esse motivo, desenvolvem, paralelamente, doenças mentais como a depressão e a ansiedade. O que acontece é que faltam políticas públicas de saúde que alcancem pesquisa, diagnóstico e tratamento, assim como campanhas de esclarecimento e iniciativas de reinserção social dos doentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1% da população mundial com mais de 65 anos têm mal de Parkinson e estima-se que 400 mil brasileiros possuem a doença, sendo que a previsão para 2040 é a de que haverá no mundo em torno de 40 milhões de parkinsonianos.

Os dados estatísticos demonstram que, além da atuação imediata, devemos também nos preparar para o futuro com o objetivo maior de promover tratamento efetivo e humanizado.

A doença de Parkinson é caracterizada por tremores de repouso, rigidez, postura em flexão e bradicinesia (movimentos lentos).  Alguns iniciam a doença com sintomas não motores, como a diminuição do olfato. É uma doença neurológica degenerativa, progressiva, sem causa conhecida e até o momento incurável. A doença se manifesta quando ocorre a diminuição da dopamina produzida na substância negra localizada no mesencéfalo.  Não é fatal, mas fragiliza e predispõe o doente a outras patologias, como pneumonia aspirativa. No tratamento é importante o acompanhamento de equipe multidisciplinar. O diagnóstico é realizado por médicos, de preferência neurologisas. É importante salientar que nem todo neurologista está apto a tratar adequadamente a doença de Parkinson, assim como nem todo neurocirurgião está credenciado a interferir cirurgicamente. Faz-se necessário procurar profissionais dedicados ao tratamento específico das desordens de movimentos, dentre eles a doença de Parkinson. O tratamento é realizado através de medicamentos específicos e tratamentos adjuvantes realizados por fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicoterapeutas, musicoterapeutas. A cirurgia só será indicada em casos selecionados, normalmente após cinco anos de doença, quando as discinesias e as flutuações motoras tonam-se frequentes.

Por isso, torna-se imperativa a realização de campanhas para divulgação sobre a doença de Parkinson com intuito de aproximar doentes e a população em geral, lutar contra a exclusão, marginalização e tornar a doença mais conhecida.

(Ledismar José da Silva, neurocirurgião e professor da PUC Goiás)

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