Derrubar, nas ruas, todos eles!
Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 22:08 | Atualizado há 9 anosDepois de atingir em cheio o PT, com a prisão do líder do governo no Senado, a Operação Lava Jato chegou em grande estilo na cúpula do PMDB, ampliando a desmoralização do Congresso Nacional – instituição que é, hoje, claramente identificada pela população como um antro de corrupção. Não é por acaso que Eduardo Cunha, que já deveria estar na cadeia com seu mandato devidamente cassado, ainda é presidente da Câmara dos Deputados.
Em paralelo a essa situação, segue a novela do impeachment na Câmara dos Deputados. Enquanto o STF discutia a definição dos procedimentos, defensores do impeachment se engalfinhavam com os defensores da manutenção do governo Dilma, para ver quem governa o Brasil. Se segue Dilma, ou se ela é substituída pelo vice, Temer.
Enquanto isso, os trabalhadores e trabalhadoras de todo o país amargam o aumento vertiginoso das demissões (só nos últimos dias fecharam dois
no Rio de Janeiro), aumento dos preços e a inflação corroendo o valor dos salários, o caos na saúde, educação, transporte, corte de direitos, sem falar na violência contra as lutas sociais e o verdadeiro genocídio praticado pela polícia contra jovens pobres e negros na periferia dos grandes centros urbanos.
Esse é o resultado do ajuste fiscal, da política econômica e social que é aplicada pelo governo do PT, com o apoio do PMDB, PSDB e toda essa corja que controla o Congresso nacional. Eles brigam entre eles para ver quem vai governar, mas estão “juntos e misturados” na hora de atacar os direitos dos trabalhadores para defender o lucro dos bancos e das grandes empresas. Não é sem razão o imenso repúdio a todos eles que se pode enxergar em todos os lados, no país inteiro.
Nós não apoiamos o impeachment justamente por isso. Não vai mudar nada. Não vai resolver nenhum dos problemas que afligem a vida dos trabalhadores e do povo pobre. Quem prestou atenção no programa para o país que Temer apresentou recentemente viu que é continuidade de aprofundamento dos ataques que já sofremos hoje. O PSDB, de Aécio, já governou o Brasil e todos sabemos que só fez atacar direitos do povo e privatizar patrimônio público.
Se fica o governo Dilma, é este caos que estamos assistindo. Se troca ela por Temer, vai ficar tudo do mesmo jeito. Na briga entre esses dois setores, governo do PT de um lado, e a oposição do PSDB/PMDB de outro, os trabalhadores não devem apoiar nem um nem outro. Precisamos colocar para fora todos eles.
Nós não participaremos dos atos convocados pelos setores ligados ao PSDB, para apoiar o impeachment da presidenta Dilma. Tampouco iremos às manifestações convocadas pelos setores governistas para defender a permanência do governo que aí está. Aos trabalhadores não cabe apoiar um ou outro. Precisamos lutar contra os dois.
Precisamos sim, tomar as ruas, mas é para derrubar todos eles. Não podemos aceitar a continuidade do governo do PT, e tampouco adianta trocar Dilma por Temer. Se não há outra alternativa neste momento, então que se convoquem eleições gerais no país, para presidente, senador, deputado e governador. Eleições sem financiamento de empresas, com tempo de TV igual para todos os partidos e com revogabilidade dos mandatos. Sabemos que eleições não mudam, de verdade, o país, mas pelo menos dão ao povo o direito de trocar quem quiser.
Os trabalhadores precisam intensificar e unificar os processos de mobilização que temos hoje no país. Esse é o caminho para construir uma saída para a crise do país que sirva à nossa classe: um Governo Socialista dos Trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, que se constitua a partir de conselhos populares escolhidos pela população e que, apoiado na luta da nossa classe, mude efetivamente o nosso país. Só assim a vida dos trabalhadores e do povo pobre vai mudar.
A novidade na convocação das manifestações para defender a permanência governo, contra o impeachment, é a adesão do MTST e da direção do Psol. Dizem que isso não é apoiar o governo, pois criticam o ajuste fiscal e sua política econômica. Guilherme Boulos (do MTST) chegou a declarar à Folha de S.Paulo, que quem afirmasse questão apoiando o governo estaria fazendo “malabarismo político”. Ora, essa afirmação sim, é uma expressão de malabarismo político.
Não tem sentido falar que estão contra um ajuste fiscal e uma política econômica porque ataca os trabalhadores e, ao mesmo tempo, defender a permanência do governo que aplica esse ajuste e essa política econômica. Defender a permanência do governo da presidenta Dilma é o mesmo que defender a continuidade do ajuste e da política econômica que ela aplica.
É preciso que os companheiros rompam com as alianças que estão construindo com esses setores governistas e venham construir, com a CSP-Conlutas e o Espaço de Unidade de Ação, uma frente de luta contra o governo Dilma e contra a oposição burguesa encabeçada pelo PSDB e pelo PMDB. Vamos todos juntos exigir que a CUT e demais organizações governistas rompam com o governo para convocarmos juntos uma Greve Geral, que pare os ataques aos nossos direitos e as demissões.
Os companheiros precisam rever sua posição e sua localização política. Senão acabarão se tornando cúmplices dos ataques que este governo está e continuará promovendo contra a classe trabalhadora.
Zé Maria, presidente nacional do PSTU, diretor da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais e membro da Coordenação Nacional da CSP (Conlutas)