Home / Cidades

CIDADES

Guardas municipais aplicam mata-leão em professor que dava treino irregular

Em Ribeirão Preto, guardas civis metropolitanos foram filmados dando um mata-leão durante uma abordagem. A pessoa abordada é o professor de educação física, Felipe Francisco, 27anos. Nas imagens Felipe aparece discutindo com a equipe da GCM e, logo em seguida, sendo segurado por quatro agentes.

Em um momento do vídeo, um guarda é flagrado dando um mata-leão no jovem. A pessoa que filma o momento critica o excesso de força utilizado, mas a cena ainda dura por alguns minutos.

O caso aconteceu em uma quadra poliesportiva. Felipe disse em entrevista ao UOL, que estava dando uma aula de futebol individual, quando os agentes na primeira viatura chegaram para fechar uma aglomeração em uma quadra vizinha.

O professor recebeu autorização para continuar com seu treino. "Eles não me tiraram, dispensaram a aglomeração ao lado e dissera: 'Você está dando aula só para um aluno, mantém aí'. Foram essas as palavras da primeira viatura", completou o educador físico.

Segundo ele, após a primeira ir embora, uma segunda equipe apareceu e pediu que ele desse um fim no trabalho físico, pois o treino estava desobedecendo as medidas restritivas.

"Eles já chegaram colocando a mão no meu material, que eu deveria sair dali, porque já tinha ido outra viatura dispersar a aglomeração e não tinha saído. Aí eu falei que era mentira, porque a primeira viatura me autorizou a continuar dando aula, o agente foi sensato comigo e teve empatia, porque deixou dar aula. Eles não tinham argumentação de aglomeração para me tirar", informou o professor.

De acordo com o boletim da ocorrência, os agentes envolvidos disseram que utilizaram da força, pois, o professor abordado tentou mordê-los. Eles explicaram também que pediram para que Francisco deixasse a quadra, pois estava utilizando do espaço publico para atividade remunerada.

Mais detalhes sobre o caso

O educador conta outra versão. Nos vídeos também entregue ao UOL, é possível ouvir Francisco dizer que os guardas recebem salários, que ele precisa trabalhar e que o auxílio emergencial não é suficiente. Em todo o momento, Francisco está sem máscara no rosto, o que não é permitido. Ele alegou que é ruim usar a proteção para atividade física.

Ele ainda contou que os guardas falaram que ou eu ia embora ou eu iria para delegacia. O educador falou que não iria embora. O mesmo agachou para pegar suas coisas que estavam no chão. Porém, um dos guardas disse que se ele não fosse embora o levaria para a delegacia. "Ele teve um surto, porque não tinha ninguém ameaçando de pôr a mão, nem os outros guardas, mas esse [que falou comigo] começou a me agredir de forma física", contou ele.

"Ele tentou me dar um mata-leão, me esquivei na primeira. Ele tentou me dar uma rasteira, chutando meu tornozelo. Aí já chegaram os outros guardas e começaram a acompanhar a ação deste primeiro guarda. Foi despreparado, um verdadeiro abuso de autoridade e poder, força excessiva. Eles não podem dar um mata-leão em qualquer pessoa e eles fizeram isso comigo. Falei para eles que quase tiraram minha vida, porque eu não tinha ar para me debater. Foi uma situação muito delicada".

Contudo, Felipe Francisco informou estar indignado. Sua mãe não para de chorar, já que viu os vídeos. "Ela sabe a minha correria de todos os dias. Acordo cinco horas da manhã, sou o único da casa que trabalha, meus pais não sabem o que é salário desde março do ano passado. Não está nada fácil e eles estão preocupados com os trabalhadores", desabafa. Após o episódio, Francisco prestou depoimento na delegacia, fez exame de corpo de delito e garantiu que vai processar o poder público.

Posicionamento da GCM

Em nota, a GCM comunicou que o caso está sendo apurado e que um processo administrativo será instaurado para analisar o comportamento dos agentes envolvidos no episódio. Mas ela destacou que é preciso que a população obedeça aos decretos municipal e estadual para evitar aglomerações na pandemia.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias