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Denúncia de estupro no Campus II da UFG é investigado

Uma jovem foi supostamente estuprada dentro do Campus Samambaia da UFG por volta das 19h30 de terça-feira 14. De acordo com o estudante de Relações Públicas Daniel Bezerra, de 21 anos, que estava no estacionamento da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), um Gol preto parou e um homem desceu do carro e jogou a  jovem no chão. Ele saiu logo em seguida acelerando o carro.

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O estudante percebeu a movimentação e foi atrás da jovem que estava com os cabelos e roupas desarrumados. A suposta vítima correu para o banheiro da FIC e o estudante foi atrás para tentar ajudá-la, pois percebeu o desespero dela. ”Não consegui ter nenhum diálogo, ela pedia para sair de perto e implorava ajuda”, disse Daniel. Quando entrou, a jovem estava sem a parte de baixo da roupa, se lavando na pia.

A Polícia Militar foi acionada e chegou no Campus cerca de uma hora após o chamado. Alunos se mobilizaram para procurar a jovem no Campus, mas não obtiveram êxito .

Até o fechamento desta reportagem, nenhuma informação sobre o paradeiro da vítima foi divulgado. De acordo com testemunhas, uma calcinha foi encontrada no banheiro masculino por uma professora da FIC e seguiu para perícia. Vários alunos se manifestaram nas redes sociais e a hashtag #UfgSePosicione era o segundo assunto mais falado do Brasil.

‘‘Ela começou a pedir socorro e me bater, como se eu fosse fazer algo com ela, tava em pânico demais. Não consegui ter nenhum diálogo, ela pedia para sair de perto e implorava ajuda’’, disse Daniel. O jovem conta que saiu do banheiro para pedir auxílio, mas não encontrou nenhum segurança ou funcionário. ‘‘Gritei ajuda e não tinha uma alma viva no campus’’.

Segurança

Segundo relatos de estudantes da UFG, a empresa terceirizada que faz a segurança do Campus está sem receber há meses. O Diário da Manhã tentou entrar em contato com a universidade para esclarecer a denúncia, mas não obteve resposta. De acordo com relatos de estudantes da FIC, o sistema de câmeras de segurança não funcionam ou não são suficientes. A escuridão do Campus a noite está entre as principais reclamações dos frequentadores.

O que motiva o silêncio da suposta vítima?

Crime de estupro de maior de 18 anos tem ação pública condicionada à representação. Logo, a investigação depende do interesse da vitima em denunciar o ocorrido. Sem o pedido, não se investiga o fato  

  • Vergonha e medo de relatar o crime para a polícia
  • Desconfiança de que a ação de investigação seja efetiva
  • Medo do suposto autor do crime, que pode reagir
  • Aproximação com o autor do crime e relacionamento passional  


O que eles querem ?

Wygner Inácio, 21 anos, estudante de Jornalismo

‘‘A insegurança é grande, porque já estou na faculdade há cinco anos e nesse tempo que estou no curso, nunca vi um carro da Polícia Federal fazendo ronda, pois existe essa política de que a Polícia Militar não pode entrar no Campus. A segurança da UFG em si é extremamente falha. São poucos guardas para fazer a segurança. É uma insegurança muito grande, alguns amigos meus já foram roubados e sentem medo. O tráfico de drogas também precisa ser verificado pela instituição. Eu sou a favor da PM no Campus para segurança dos alunos, desde que a polícia seja flexível e não totalmente autoritária’’.

Larissa Artiaga, 23 anos, estudante de Jornalismo

‘‘Raramente vejo os seguranças fazendo rondas pelo Campus, pelo menos não no prédio da FIC. Não posso responder por outras unidades. Também não considero a quantidade de guardas suficiente para proteger os alunos. Acho que essa questão tem que ser conversada.

Eu sofri uma tentativa de assalto. Porém isso foi no Campus Universitário. No Samambaia não passei por esse tipo de situação, mas são muitos os relatos de pessoas que passaram por isso.

Me sinto bem divida quanto a questão da PM no Campus. Por um lado acredito que a PM com a postura que geralmente tem de truculência não é a solução. Mas por outro, penso que a segurança privada também não tem sido eficiente. Por isso sou a favor da criação de uma guarda universitária. E mais ainda, sugiro que a reitoria ouça os estudantes, consulte a opinião da maioria sobre a atuação da PM no Campus. Isso poderia ser feito por meio de um "plebiscito", onde as pessoas colocariam suas posições.’’

Tatiane Barbosa, 27, estudante de Relações Públicas

‘‘Não, não vi segurança lá, só os responsáveis pela segurança patrimonial. Até o momento nunca vi seguranças nem a polícia rondando o campus. Na verdade, não existe segurança em quantidade alguma na UFG. Não tenho conhecimento de roubo e não fui assediada. Até o momento, só soube do ocorrido no dia 14. Sou a favor que exista polícia comunitária, não só no campus, mas na cidade também.’’

PM sugere discussão de ações preventivas

A Polícia Militar de Goiás informou que através do policiamento da capital entrará em contato com a reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) para discutir ações preventivas e assim oferecer mais segurança para comunidade acadêmica.

Através de nota divulgada na noite de terça-feira (14), a UFG informou que equipes de segurança estão averiguando as informações, verificando imagens de câmeras internas e realizando rondas para localizar a possível vítima. A faculdade solicita que informações sobre o caso sejam comunicadas à Polícia Militar, por meio do serviço 190, ou à Central de Segurança da UFG nos telefones 62-3521-1337 e 3521-1093.

Protesto teve participação de 1500 alunos

Por volta das 10h de ontem, estudantes de vários cursos se reuniram no pátio da FIC para protestarem contra a falta de segurança e omissão da Universidade sobre o caso. Estima-se que em torno de 1.500 alunos participaram do movimento.

Os alunos gritaram palavras de ordem e pediram mais segurança na Universidade. Os manifestantes passaram pelo Centro de Aulas B, Restaurante Universitário e foram para a porta da Reitoria. Os estudantes vão ocupar o prédio até a UFG apresentar soluções para o problema.

Recorrência

Em março, diversas estudantes denunciaram em uma rede social, assédios que estavam sofrendo na faculdade de um aluno estudante da UFG. Na época, uma menina relatou que foi atacada no banheiro pelo assediador. Na mobilização de hoje, uma das estudantes falou que o caso foi levado para a reitoria, mas nenhuma medida foi tomada.

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