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Comunidade luterana se fortalece em Goiás   

A pastora Patrícia Bauer (foto), bacharel em teologia e integrante da Igreja Luterana em Goiânia, afirma que o luteranismo destaca dois ensinamentos e práticas na contemporaneidade que influenciam as demais correntes históricas e a própria sociedade.
Um deles, diz a teóloga, é o de que o “perdão de Deus não está à venda”. Ela explica ao DM que trata-se de uma graça.
A pastora acentua também a questão da educação proporcionada a partir da livre leitura da Bíblia: “A tradução da Bíblia foi importante para alfabetizar, deu condições de leitura e incentivou a educação das crianças”.
Patrícia Bauer explica que em Goiânia existem duas correntes de luteranismo – sendo que a dela em específico permite a ordenação de pastoras.
Em que pese algumas divergências, estas igrejas se unem em uma Comissão Interluterana que procura, acima de tudo, compreender os escritos de Lutero e, sobretudo, entender sua postura frente ao Deus criador.
O movimento é mais forte ainda na região Sudeste do Estado, devido a colonização de agricultores sulistas do país. Mas Goiânia tem uma grande presença de  adeptos desta tradição evangélica.
Lorrayne Porto França, em estudo sociológico sobre a presença destes religiosos na Capital, indica que os fiéis apresentam um bom padrão de vida. “Percebemos um nível econômico diferenciado e elevado dos membros da comunidade de Goiânia”, diz na pesquisa, assinada também por Josimar Gonçalves da Silva e Maria Clara de Oliveira.
Para o grupo de estudo, que entrevistou religiosos, existe uma diferença marcante entre ser evangélico de outras denominações e luterano:”Ser luterano é ter mais liberdade, mas não vivendo de qualquer jeito. Para essa parcela de membros, o valor de ser luterano é espelhar-se em Martinho Lutero, que foi um grande guerreiro segundo os membros, pois não baixou a cabeça mesmo preso e ameaçado de morte”.
SALVAÇÃO
Uma das divergências dos segmentos luteranos e demais igrejas históricas e tradicionais diz respeito ao acesso da salvação. A pastora Patrícia Bauer afirma que “todos são filhos de Deus”: “Por isso valorizamos a questão da liberdade cristã. O ser humano é livre de tudo, mas a partir de Deus torna-se servo. O limite é Deus”.
Existe uma pequena polêmica do luteranismo com outras denominações mais próximas do calvinismo, na medida em que Lutero parece caminhar melhor pelo princípio do livre arbítrio. Apesar das pequenas divergências, existe uma grande aproximação teológica e litúrgica, na medida em que estas igrejas tradicionais se diferenciam drasticamente das igrejas pentecostais e neopentecostais.
JUDEUS
Uma das críticas mais contundentes a Martinho Lutero diz respeito à sua postura contra os judeus.  O monge é autor do tratado “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, que abre caminho para uma longa discussão em torno do antissemitismo. "A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus", escreveu.
Para cometer suas atrocidades, Adolf Hitler retornou ao passado luterano e justificou suas ações, o que foi veementemente condenado até mesmo pelos seguidores da época.
A pastora Patrícia Bauer afirma que “Lutero foi gente como qualquer ser humano” e que viveu “como fruto do seu tempo”. Para ela, as opiniões do monge, neste caso, são equivocadas e não apagam seu legado religioso que transformou o mundo. “Ninguém justifica esta atitude, pois ele não é santo. Lutero era ser humano”.
Foto: André Costa

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